Pular para o conteúdo principal

Reforma aprovada: e agora, o que vem pela frente

A reforma da Previdência finalmente foi aprovada. Como já foi apontado aqui, era um passo fundamental para que o Brasil pudesse voltar a crescer. Não é uma questão política, é um problema demográfico e matemático, porque a conta não fecha: se a população envelhece e se aposenta, alguém tem que pagar, isto é, o sistema precisa de mais recursos para oferecer o benefício aos que se retiram do mercado de trabalho. Se o texto com as regras aprovadas era o melhor, são outros quinhentos, e aí é que o bicho pega.
De qualquer maneira, melhor uma reforma do que nenhuma. Agora o governo precisará mostrar ao que veio, porque esta era uma pauta de anos atrás, não uma novidade desta gestão. Em tese, a próxima será a reforma tributária ou talvez a política, ambas fundamentais.
Mas será que a economia vai reagir? Os sinais até aqui são positivos, mas muito tímidos ainda. E da reação da economia depende o futuro do governo e a reeleição do presidente. Há quem aposte que Bolsonaro sem pauta nem agenda vai jogar todas as fichas no "ruim comigo, pior sem", ou melhor, "pior com o PT". Muito pouco para quem pretende permanecer oito anos no comando do país e arriscado, especialmente se as esquerdas se unirem em torno de Lula, caso ele possa se candidatar.
Ruim para o país a permanência da polarização do "nós contra eles", mas parece ser o que temos para hoje e amanhã. Terceira via, por enquanto, é só ilusão, nenhum nome, nem mesmo o de Luciano Huck, parece escapar da polarização, infelizmente, porque do ponto de vista do cidadão comum e também dos negócios, o ideal seria que a política fosse deixada de lado em prol do crescimento mais robusto da economia.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...