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A volta das privatizações

O ano de 2007 já vai pela sua segunda semana e a pasmaceira é grande. Na política, disputa pela presidência da Câmara Federal à parte, nada de relevante aconteceu nos últimos dias em que este blog não atualizou, devido à precariedade das conexões discadas no litoral norte paulista.

A única novidade no cenário é o governo de José Serra (PSDB). Ccomo até era de se prever, a nova gestão já começou a criar atritos com a turma do ex-governador Geraldo Alckmin, também tucano. Na prática, Serra anunciou algumas medidas que significam um "choque de gestão" para melhorar o desempenho do governo paulista. Estaria tudo em casa se o próprio Alckmin não tivesse usado como mote de sua campanha presidencial exatamente o "choque de gestão" aplicado durante o seu governo em São Paulo. Serra, portanto, já começou a desmoralizar publicamente o seu companheiro de partido.

Ademais, a outra novidade da gestão Serra é na verdade coisa velha: não foi preciso esperar 5 dias de governo para que o secretário da Fazenda anunciasse a venda de ativos do governo para aumentar a capacidade do Estado de investir nas chamadas Parcerias Público Privadas. Nada contra as PPPs nem a venda dos tais ativos, mas é preciso chamar a coisa pelo nome: privatização. Os tucanos ficaram bravos, durante a campanha do ano passado, porque o presidente Lula afirmou que a volta do PSDB ao poder significaria o retorno da política de privatizações. Alckmin não ganhou, mas Serra, em São Paulo, já revela o tipo de governo que os tucanos fariam se estivessem chegado ao Planalto.

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