Pular para o conteúdo principal

A única chance do terceiro mandato de Lula

Já está circulando nos bastidores de Brasília o rumor de que a base governista poderá propor, na próxima legislatura, o fim do limite para a reeleição dos ocupantes de cargos no Executivo, tal como ocorre no Legislativo, possibilitando assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorresse mais uma vez à Presidência da República em 2010.

Antes de mais nada, o rumor é precoce demais para ser levado a sério, pois as condições políticas do País em 2007 não permitem nem de longe vislumbrar o cenário para as eleições de 2010. Ademais, este tipo de manobra sofreria hoje uma forte oposição da grande imprensa nacional, provocando um desnecessário desgaste para um presidente em início de mandato, de forma que muito dificilmente Lula autorizaria esse lance político.

Ao contrário, o presidente brasileiro tem feito nos últimos dias um esforço grande para se diferenciar do seu colega venezuelano Hugo Chávez, que vai tentar, ele sim, acabar com a limitação à reeleição em seu país. Lula não quer de maneira alguma ser acusado de desafiar as regras do jogo democrático que ele sempre garante prezar e ao qual atribui a sua chegada ao poder.

Tudo isto quer dizer que o presidente Lula está fora do páreo em 2010? De maneira alguma. Está tramitando no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição, de autoria de um parlamentar da oposição — o deputado Francisco Rodrigues (PFL-RR) —, que acaba com a reeleição para os cargos executivos nos 3 níveis da Federação. A proposta tem a simpatia de muitos oposicionistas e governistas, pois tende a apaziguar a disputa interna nos partidos, uma vez que as lideranças terão de obedecer a um rodízio mais freqüente no poder.

Ora, e de que maneira esta emenda poderia colocar Lula na disputa? Simples: juridicamente, como bem observou a colunista Dora Kramer em seu artigo desta quarta-feira, se a mudança nas regras eleitorais for aprovada, é perfeitamente possível interpretar que o jogo foi zerado e que todos os políticos brasileiros estariam aptos a disputar a primeira eleição presidencial sob a nova regra. Lula estaria no jogo, legitimamente, sem passar por cima das leis nem patrocinar emendas de cunho autoritário.

Comentários

  1. Em razão das eleições eu acredito que daria certo, pelo fato do tempo ser indeterminado, pois, aí sim um candidato teria que mostrar para o povo que ele é digno de continuar, afinal está trabalhando direito. O maior problema é: Como em Cuba ou na Venezuela que vc ão tem opção de escolha, mesmo não fazendo a vontade do povo o governante quer estar no poder. Desde que os políticos não interfiram nas eleições ou no modo em que o presidente será eleito eu concordo.

    ResponderExcluir
  2. Voces sao latino americanos mesmo. Em vosso DNA corre a veia do autoritarismo. Como, cidadao, como vc acha que o Hugo Chavez esta se perpetuando no poder? Pela sua figura mitica populista e pela ignorancia do povo, alem da cooperacao de uma oposicao pifia. Acaso o signatario da cadeira presidencial tupiniquim difere, de alguma forma, do vizinho hermano? Apenas pelo fato de nao ser militar.
    Como os politicos nao interferirao, meu caro cidadao? Pois se hoje legislam em causa propria? Que autoridade o atual presidente e seu partido podem falar em convocar plebiscito? Pobre democracia brasileira. Esta prestes a receber um golpe profundo. FHC nos deu o unico bem que em 494 anos de historia nunca tivemos, que e a moeda, reduziu o estado elefante e nunca se teve uma animosidade tao grande contra um politico. Nao pergunte o que o atual governo nao fez, pergunte-se, o que este governo fez?

    Caro cidadao, a alternancia de poder e a conditio si ne qua non para a democracia. Mas cuidado, hein, essa gente de esquerda acha que a democracia e uma instituicao burguesa.
    Saudacoes,

    Ricardo Vieira

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe