Pular para o conteúdo principal

As estatizações o pânico dos conservadores

Enquanto Hugo Chávez anuncia uma onda de estatização na Venezuela e Evo Morales reafirma o seu compromisso com o povo boliviano de retomar o controle do gás de seu País, aqui no Brasil as publicações mais conservadoras já entraram em parafuso e deram sinais de que sentiram o golpe. O Estadão, por exemplo, está em pela campanha pela continuidade do processo licitatório das concessões para a iniciativa privada de trechos de rodovias federais. Bastou o anúncio, pela ministra Dilma Roussef, de que o governo federal suspenderia essas licitações para tentar obter tarifas de pedágio mais em conta para o Estadão sentir o cheiro do "chavismo" em Lula. Ontem, quarta-feira, a Agência Estado passou o dia "repercutindo" o "furo" sobre a "suspensão" da privatização das estradas, ouvindo todo o tipo de fonte que pudesse garantir que a decisão do governo é o que de mais nefasto poderia acontecer nos dias de hoje.

Que o Estadão tenha medo de Chávez e Evo, é compreensível. Mas com Lula, francamente, o jornal não deveria ser precipitado. Em primeiro lugar, o governo nem sequer "paralisou" as tais licitações, até porque elas não haviam sido oficialmente anunciadas e estavam embargadas em função de pareceres do Tribunal de Contas da União. E, ademais, tudo indica que o governo vá mesmo licitar diversos trechos para a iniciativa privada, até porque o presidente já sabe que não tem recursos para deixar as estradas em condições minimamente razoáveis, conforme ele e a torcida do Flamengo puderam perceber com o fracasso da Operação Tapa-Buraco.

O que o Estadão fez, na verdade, foi agir "preventivamente": ao perceber incêndios nas casas dos vizinhos, encheu a banheira de água, ligou a torneira e saiu gritando fogo. Quando os bombeiros chegarem, o vexame vai ser grande...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...