O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) reapareceu ontem para anunciar o seu apoio ao candidato tucano à presidência da Câmara, deputado Gustavo Fruet (PR). Desta vez, porém, Alckmin preferiu não convocar uma entrevista coletiva e divulgou a sua posição por meio de nota oficial. O candidato derrotado do PSDB à presidência teve tempo para redigir a carta sobre Fruet, mas até agora não disse palavra sobre a tragédia ocorrida no canteiro de obras da linha amarela do Metrô em São Paulo.
Ao que parece, Alckmin pretende ficar longe dos mortos da rua Capri e deixar para o seu sucessor e correligionário José Serra o desgaste que a tragédia certamente vai causar. Para dizer o mínimo, é uma atitude mesquinha. Afinal, Alckmin é o pai da criança e foi durante a sua gestão que o contrato celebrado entre o consórcio de empreiteiras e o governo do Estado foi assinado. O mínimo que se espera de alguém com hombridade para assumir responsabilidades é que pelo menos dê a sua versão sobre o acontecimento.
O problema, porém, não se restringe à figura do ex-governador. É todo um discurso e um jeito de governar que foi soterrado junto com os corpos de inocentes na rua Capri. Não se trata aqui de questionar a culpa ou a responsabilidade pela tragédia – que serão esclarecidas ao fim das investigações já em curso –, mas observar a distância entre o que dizem os políticos do PSDB e a realidade dos fatos. Durante a campanha do ano passado, Alckmin tentou vender a imagem do bom gerente, do líder capaz de fazer o país acelerar sem mudar a política econômica, aplicando o tal “choque de gestão” e implantando “modernas” técnicas gerenciais na administração pública, como se os problemas nacionais se restringissem a tecnicalidades e não fossem de natureza estrutural e, portanto, política.
O choque de gestão do tucanato ficou explícito no desmoronamento da rua Capri: falta de plano de emergência, imprudência, total ausência de fiscalização do poder público na obra e, até agora, 6 mortes confirmadas. Junto com os ataques do PCC em 15 de maio, a cratera da rua Capri já é um símbolo do desgoverno do PSDB em São Paulo.
Ao que parece, Alckmin pretende ficar longe dos mortos da rua Capri e deixar para o seu sucessor e correligionário José Serra o desgaste que a tragédia certamente vai causar. Para dizer o mínimo, é uma atitude mesquinha. Afinal, Alckmin é o pai da criança e foi durante a sua gestão que o contrato celebrado entre o consórcio de empreiteiras e o governo do Estado foi assinado. O mínimo que se espera de alguém com hombridade para assumir responsabilidades é que pelo menos dê a sua versão sobre o acontecimento.
O problema, porém, não se restringe à figura do ex-governador. É todo um discurso e um jeito de governar que foi soterrado junto com os corpos de inocentes na rua Capri. Não se trata aqui de questionar a culpa ou a responsabilidade pela tragédia – que serão esclarecidas ao fim das investigações já em curso –, mas observar a distância entre o que dizem os políticos do PSDB e a realidade dos fatos. Durante a campanha do ano passado, Alckmin tentou vender a imagem do bom gerente, do líder capaz de fazer o país acelerar sem mudar a política econômica, aplicando o tal “choque de gestão” e implantando “modernas” técnicas gerenciais na administração pública, como se os problemas nacionais se restringissem a tecnicalidades e não fossem de natureza estrutural e, portanto, política.
O choque de gestão do tucanato ficou explícito no desmoronamento da rua Capri: falta de plano de emergência, imprudência, total ausência de fiscalização do poder público na obra e, até agora, 6 mortes confirmadas. Junto com os ataques do PCC em 15 de maio, a cratera da rua Capri já é um símbolo do desgoverno do PSDB em São Paulo.
Em “San Paolo”, cidadezinha da urgência, de gente muito da ansiosa, o povo parece que se acostumou às fatalidades. Qualquer que seja o rombo na conta, o desvio e a desordem, passa-se a borracha por cima, tudo dando lugar a novos desencontros com a vida sofrida. Parece que a rapidez dos fatos os acostumou a esquecer.
ResponderExcluirPovo político, muito se preocupa em eleger os governantes; não pelos feitos e melhorias para a sociedade, mas para si, de modo muito individualista, o que pensam ser bom e como interiorizam seus falsos sorrisos e promessas. A gente se sente tão miudinha diante das coisas, porque tudo é feito num ar empoleirado, bonito e complicado. Burocracia da carochinha.
Parece que quanto mais se quer isolar o documento, mais o idioma se encerra em ungüento. Pois quanto menos se digere a palavra, mais ela se reserva aos que domam seu significado. Eita povo que se diverte! Montanha-russa é apelido por lá.
A TV muito os entretém também: se não fala babozeiras – com “z” porque o som me agrada mais do que a grafia de fato -, muito enaltece o crime e o caos, deixando todos perplexos em suas casinhas, com medo de tudo fazer, onde quer que seja. Não faz muito tempo, a TV tinha por intuito trazer cultura, qualidade e crítica. Hoje, Cabo é questão de sobrevivência para uma gente que tudo acha chique. Acende uma luzinha no centro, “que lindo!”. Coloca uma árvore aqui, outra lá, “é naquele que vou votar!”.
Dia desses, abriu-se um rombo não sei como no raio dos infernos. Tudo tão de súbito, engoliu carros, ônibus e os moradores que por lá passavam. Disse a TV que era uma obra do metrô; então, os corpos foram encontrados um a um...
Não passou nem dois dias de tumulto, as bordas do buraco começaram a se desprender do solo. À medida que isso ocorria, mais o tal buraco se revelava uma galeria escura, profunda e sem lugar para botar os pés. Crianças que foram brincar por lá, sumiram sem deixar pista.
Mais alguns dias, e o diâmetro do buraco aumentou, engolindo casas, ruas e tudo o mais que estava a seu redor. Pois foi numa única noite que se deu o holocausto: quando todos estavam muito cansados – por seus trabalhos robóticos -, entretidos com o pornô ou, para variar, nem se deram conta da magnitude.
San Paolo foi totalmente tragada para dentro de algo que mais parecia um vórtice. Os helicópteros que sobrevoaram a área puderam ouvir gritos e ruídos de toda espécie, um prenúncio a uma grande mancha negra e vazia. Horas depois, quando tudo silenciou, as câmeras gravaram grunhidos irreconhecíveis aos autos da ciência moderna.
O local foi deixado para trás...
Disseram alguns filósofos que o próprio povo pediu por isso: um buraco para se enfiar de vez.
Marcel Dias Pitelli
www.marcelpitelli.com.br
Linda fábula, Marcel.
ResponderExcluirObrigado, Mr. anônimo!
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