Pular para o conteúdo principal

Uma questão de intensidade

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), entende de economia. Nesta quinta-feira, ele concedeu uma entrevista coletiva na qual criticou o Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo governo federal. “O PAC é na verdade uma ordenação determinada de investimentos públicos federais”, disse. Serra também criticou o corte de juros feito decidido pelo Copom. “Ao meu ver, essa decisão de abaixar os juros em apenas 0,25 pontos percentuais é contraditória de qualquer estratégia de crescimento da economia. Bastante contraditório, portanto, com as intenções anunciadas por ocasião do PAC”, explicou.

Ao criticar desta forma o PAC e a queda de juros, Serra tenta se firmar no comando da oposição. Aécio Neves, também tucano, foi só elogios ao plano de Lula. A crítica de José Serra também revela o quão estreito ficou o debate econômico no Brasil. A rigor, o governador paulista não condena a atual política econômica, apenas acha que ela está sendo mal conduzida, isto é, que o BC está errando a dose do remédio. Mas qual seria o corte da taxa de juros de um Banco Central comandado por Serra? Se Serra for realmente honesto, dirá que haveria espaço para um corte de meio ponto, talvez 0,75. O tamanho da discordância, portanto, é este: o,25 ou meio ponto percentual na taxa Selic.

A bem da verdade, o governador José Serra também já manifestou que gostaria de ver o real um pouco mais depreciado, a fim de permitir um retorno maior aos exportadores. O modelo centrado na geração de mega-superávits por meio das exportações, porém, ele não questiona.

A verdade é que hoje, no Brasil, só o PCO e o PSTU pensam o desenvolvimento do País de forma diferente da atual. Até mesmo o PSOL ainda não conseguiu apresentar uma formulação coerente e alternativa para promover o crescimento da economia nacional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe