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O presidente Jair Bolsonaro parece ter levado a sério a frase do compositor Chico Buarque, em outro contexto, que dizia que o governo brasileiro falava grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos. Em discurso na quinta-feira (22) na Cúpula de Líderes sobre o Clima, o presidente brasileiro recuou em tudo que dizia sobre o tema e prometeu adotar medidas que reduzam as emissões de gases do efeito estufa. Falou fino, e não deixa de ser irônico que o presidente norte-americano Joe Biden tenha deixado a reunião justamente no momento em que Bolsonaro iria falar.
Biden não é bobo, sabe perfeitamente do alinhamento do atual governo brasileiro com o de seu antecessor, Donald Trump, e talvez por este motivo não tenha prestigiado o discurso. Mas o mais importante não foi o recuo, precedido de uma “costelada”, almoço em solidariedade ao ministro Ricardo Salles, que tem sido muito criticado na gestão do Meio Ambiente, em especial por conta do aumento da devastação da floresta amazônica nos últimos dois anos. O mais relevante na questão é que o clima, não o ambiental, mas o político, está mudando rapidamente, levando o presidente a movimentos como este recuo.
Pela primeira vez desde que as pesquisas são feitas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu na frente de Bolsonaro na preferência dos brasileiros para a eleição de 2022. Pouco à frente, é verdade, mas é um marco, até aqui Bolsonaro despontava como franco favorito à reeleição, e de fato ainda é, porque tem na mão a máquina estatal, que conta muito, e um futuro razoavelmente melhor na economia e também na saúde, com a vacinação em massa contra o coronavírus.
A ultrapassagem de Lula certamente acendeu um sinal de amarelo, que na verdade já havia sido ligada com a possibilidade do ex-presidente concorrer em 2022 e também com a sinalização de que o ex-juiz Sergio Moro seria julgado parcial nos julgamentos que sentenciou Lula. Tudo isto aconteceu e o que quem pela frente só mostra que o clima está mesmo mudando. (por Luiz Antonio Magalhães em 25/4/21)
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