O primeiro confronto entre Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM) neste segundo turno resultou em um programa até bem interessante, com momentos de tensão e muito jogo de bastidores, com a platéia atuando para tentar desestabilizar os dois candidatos. Os marqueteiros também tiveram atuação decisiva, nos dois lados, auxiliando os dois oponentes e calibrando a estratégia de cada um nos poucos minutos que duravam os intervalos. De ponto de vista político, porém, o debate foi fraco, muito centrado em problemas pontuais da cidade.
Ora, o mundo está passando por talvez a maior crise da história do capitalismo e o tema só foi abordado em uma questão, e mesmo assim com foco no Orçamento da cidade diante da crise. Isto é muito pouco. Seria muito mais importante para o eleitor paulistano saber qual a análise que cada um faz da crise e das suas consequências para a economia brasileira do que o número de vagas em creches que cada um promete abrir nos próximos quatro anos ou na quantidade de asfalto que cada administração foi capaz de recapear. Sim, porque saber o que Kassab e Marta realmente pensam da crise seria mais importante para a decisão de voto do que questões programáticas que poderiam e serão apresentadas no horário eleitoral gratuito. Kassab defende a desregulamentação da economia, o estado mínimo, como preconiza o seu partido? Ninguém sabe. Marta acha correta a estatização do sistema financeiro, tal e qual está sendo realizada nos EUA e na Europa. Também ninguém conseguiu ficar sabendo.
Essas questões hoje são relevantes porque ajudariam a diferenciar as candidaturas. Por mais que Kassab tente dar um verniz tucano para a sua candidatura, ele faz parte do DEM, o partido que tem assumido o perfil mais conservador na atual cena política brasileira. Ok, Kassab já disse que não quer a companhia dos "dinossauros" do Nordeste (ACM Neto, Moroni Torgan etc), e no debate citou apenas Jorge Bornhausen como "companheiro", mas o público gostaria muito de saber o que ele pensa não apenas sobre as pontes e obras viárias que fará, se reeleito, mas também sobre temas mais gerais, como política econômica, segurança pública, combate à corrupção, desenvolvimento regional, entre tantos outros. O mesmo vale para Marta, com o sinal trocado, isto é, seria interessante saber o quão alinhada a ex-prefeita está com seu partido, se concorda com a política monetária do Banco Central, com a condução da crise pelo presidente Lula ou o que pensa da CPI dos Grampos.
Não se trata aqui de propor a "nacionalização" da eleição. Sim, trata-se de uma eleição local, mas o momento pede um debate mais profundo e esclarecedor sobre o que pensam os candidatos que pretendem assumir o governo da maior cidade da América Latina nos próximos quatro anos. Uma questão simples poderia levar os dois a falar um pouco e revelar suas crenças: "se estivesse hoje no comando do governo federal, teria tomado as medidas que o presidente Lula e o presidente do BC, Henrique Meirelles, tomaram ou teria feito algo diferente?" Por estratégia, Kassab evita falar mal de Lula e Marta tenta colar a sua imagem no presidente. Uma questão deste tipo poderia efetivamente fazer com que cada um largasse um pouco a máscara e dissesse o que pensa. Ainda que ambos avalizassem o que está sendo feito, seria uma informação mais útil para o paulistano do que saber se o CEU de Sapopemba vai ficar pronto agora ou daqui dois meses.
De resto, voltando ao que de fato aconteceu e não ao que deveria ter ocorrido, a verdade é que Marta começou muito bem, venceu o primeiro e o segundo bloco com a estratégia de confrontar as promessas de Kassab com os atos do prefeito, especialmente os vetos a projetos que ele agora anuncia como promessas de campanha. Depois, certamente orientado pelo marqueteiro Luiz Gonzalez, Kassab começou a se recuperar e demonstrou sangue-frio, reagindo bem aos ataques da ex-prefeita. Neste momento, ele ganhou um polêmico direito de resposta que desestabilizou a candidata do PT. A partir daí o que se viu foi Marta cada vez mais nervosa e Kassab tranquilo, atuando conforme o script de seus marqueteiros e até fazendo provocações, com apoio da claque tucano-democrata na platéia. O prefeito acabou se saindo melhor nos dois últimos blocos e empatou o jogo, o que para ele é um bom saldo, uma vez que as pesquisas lhe dão a dianteira folgada em relação à Marta.
No fundo, a candidata Marta Suplicy tem uma tarefa muito difícil pela frente. Para virar o jogo, precisa fazer todos os gols e não tomar nenhum. Isto só vai acontecer se a ex-prefeita jogar muito bem e o prefeito fizer muita besteira. Até aqui, porém, como se pode ver no post anterior, quem fez mais besteiras foi o PT...
Ora, o mundo está passando por talvez a maior crise da história do capitalismo e o tema só foi abordado em uma questão, e mesmo assim com foco no Orçamento da cidade diante da crise. Isto é muito pouco. Seria muito mais importante para o eleitor paulistano saber qual a análise que cada um faz da crise e das suas consequências para a economia brasileira do que o número de vagas em creches que cada um promete abrir nos próximos quatro anos ou na quantidade de asfalto que cada administração foi capaz de recapear. Sim, porque saber o que Kassab e Marta realmente pensam da crise seria mais importante para a decisão de voto do que questões programáticas que poderiam e serão apresentadas no horário eleitoral gratuito. Kassab defende a desregulamentação da economia, o estado mínimo, como preconiza o seu partido? Ninguém sabe. Marta acha correta a estatização do sistema financeiro, tal e qual está sendo realizada nos EUA e na Europa. Também ninguém conseguiu ficar sabendo.
Essas questões hoje são relevantes porque ajudariam a diferenciar as candidaturas. Por mais que Kassab tente dar um verniz tucano para a sua candidatura, ele faz parte do DEM, o partido que tem assumido o perfil mais conservador na atual cena política brasileira. Ok, Kassab já disse que não quer a companhia dos "dinossauros" do Nordeste (ACM Neto, Moroni Torgan etc), e no debate citou apenas Jorge Bornhausen como "companheiro", mas o público gostaria muito de saber o que ele pensa não apenas sobre as pontes e obras viárias que fará, se reeleito, mas também sobre temas mais gerais, como política econômica, segurança pública, combate à corrupção, desenvolvimento regional, entre tantos outros. O mesmo vale para Marta, com o sinal trocado, isto é, seria interessante saber o quão alinhada a ex-prefeita está com seu partido, se concorda com a política monetária do Banco Central, com a condução da crise pelo presidente Lula ou o que pensa da CPI dos Grampos.
Não se trata aqui de propor a "nacionalização" da eleição. Sim, trata-se de uma eleição local, mas o momento pede um debate mais profundo e esclarecedor sobre o que pensam os candidatos que pretendem assumir o governo da maior cidade da América Latina nos próximos quatro anos. Uma questão simples poderia levar os dois a falar um pouco e revelar suas crenças: "se estivesse hoje no comando do governo federal, teria tomado as medidas que o presidente Lula e o presidente do BC, Henrique Meirelles, tomaram ou teria feito algo diferente?" Por estratégia, Kassab evita falar mal de Lula e Marta tenta colar a sua imagem no presidente. Uma questão deste tipo poderia efetivamente fazer com que cada um largasse um pouco a máscara e dissesse o que pensa. Ainda que ambos avalizassem o que está sendo feito, seria uma informação mais útil para o paulistano do que saber se o CEU de Sapopemba vai ficar pronto agora ou daqui dois meses.
De resto, voltando ao que de fato aconteceu e não ao que deveria ter ocorrido, a verdade é que Marta começou muito bem, venceu o primeiro e o segundo bloco com a estratégia de confrontar as promessas de Kassab com os atos do prefeito, especialmente os vetos a projetos que ele agora anuncia como promessas de campanha. Depois, certamente orientado pelo marqueteiro Luiz Gonzalez, Kassab começou a se recuperar e demonstrou sangue-frio, reagindo bem aos ataques da ex-prefeita. Neste momento, ele ganhou um polêmico direito de resposta que desestabilizou a candidata do PT. A partir daí o que se viu foi Marta cada vez mais nervosa e Kassab tranquilo, atuando conforme o script de seus marqueteiros e até fazendo provocações, com apoio da claque tucano-democrata na platéia. O prefeito acabou se saindo melhor nos dois últimos blocos e empatou o jogo, o que para ele é um bom saldo, uma vez que as pesquisas lhe dão a dianteira folgada em relação à Marta.
No fundo, a candidata Marta Suplicy tem uma tarefa muito difícil pela frente. Para virar o jogo, precisa fazer todos os gols e não tomar nenhum. Isto só vai acontecer se a ex-prefeita jogar muito bem e o prefeito fizer muita besteira. Até aqui, porém, como se pode ver no post anterior, quem fez mais besteiras foi o PT...
Sr Antonio Magalhães, é de dar pena ver que o sr é mais um daqueles que falam em crise internacional, em vez dos problemas da cidade de São Paulo.
ResponderExcluirO que a população pobre quer saber de Mercado Financeiro, Ações da bolsa, esses elementos que mexem com isso é que quebraram a cara e quebraram a cara de muita gente idiota que só pensa em especular sem gerar renda e sem distribui-la. Graças a DEUS temos um presidente que não pensa como essa sociedade Paulistana que tem meia dúzia de gatos pingados que surrupiaram toda riqueza do estado construido por nordestinos como eu, e que agora ficam loucos com medo de perder a vaca leiteira que é a prefeitura.
nada pessoal
Concordo e discordo de você Magalhães.
ResponderExcluirSeria importante sim saber o quê cada candidato pensa em relação à crise internacional e quais atitudes tomaria.
Porém, as respostas seriam evasivas, uma vez que ambos têm pouco poder de decisão sobre a economia nacional, e nenhum gostaria de se comprometer, com uma resposta mais polêmica, ou discordante da política do BC.
No momento de ganhar votos, ou de roubar votos um do outro, a estratégia adotada foi correta ( na minha opinião), de apontar problemas pontuais em cada região da cidade, e as falhas de cada um na condução da cidade.
Também discordo quando você diz que o debate foi empatado, eu achei a Marta muito mais combativa e o Kassab evasivo. Pra mim, a candidata do PT levou a melhor em 3 dos 4 blocos.
Ainda teremos mais 2 debates, na Record e na Globo, algumas pesquisas e muita sola de sapato dos candidatos, quem sabe até lá o discurso não muda, e as campanhas passem a pensar em um debate mais amplo que aborde temas de interesse nacional.
Diferentemente do que as pesquisas de opinião estão apontando, eu aposto que a eleição será decidida por uma margem apertada de votos, e dependendo de como a Marta conduzir a campanha, pode até virar, mas seguindo nessa toada, o prefeito leva.
Se eu fosse a Marta, não iria a nenhum debate. Não ajuda em nada na campanha dela, que deveria focar-se exclusivamente nos eleitores das áreas onde venceu o 1º turno, para surrar o Kassab nessas regiões. O voto em Kassab já está consolidado na região central, que é onde estão os eleitores que assistem aos tais debates.
ResponderExcluirestava lendo acima do seu blog o banner do governo federal, muito bacana...
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