Pular para o conteúdo principal

PT e Kassab são os vitoriosos do 1° turno

Fechadas as urnas e conhecidos os resultados, é hora de analisar o recado do povo brasileiro na eleição municipal. Um balanço preliminar das capitais indica o seguinte:

O PT saiu fortalecido porque já faturou 6 capitais (contra 2 do PMDB, 2 do PSDB, 2 do PSB, 1 do PCdoB, 1 do PV e 1 do PP) e foi para o segundo turno em três praças importantes (Salvador, Porto Alegre e São Paulo). O partido de Lula tem boas chances de levar Porto Alegre e terá disputas duras em Salvador e na capital paulista. Dificilmente, porém, deixará de ser o partido com mais governantes nas capitais, pois ainda que perca as três, só o PMDB pode alcançá-lo, se vencer em 5 das 6 cidades em que disputa o segundo turno. Nenhum outro partido pode desbancar o PT.

Gilberto Kassab (DEM) conseguiu o que muita gente julgava impossível e terminou à frente de Marta Suplicy. O Democratas não conseguiu eleger ninguém no primeiro turno nas capitais e só passou para a segunda etapa em São Paulo, portanto não se pode dizer que a eleição tenha sido lá muito positiva para o partido. Kassab, porém, não é propriamente um democrata "de raiz", como está na moda dizer. Apoiado pelo governador José Serra (PSDB), a quem sucedeu na prefeitura, Kassab tem um pouco de verniz tucano e luz própria. Criou projetos que Serra não teria criado (o Cidade Limpa, por exemplo) e conseguiu costurar uma aliança que lhe garantiu o maior tempo na propaganda eleitoral gratuita. É uma liderança em emergência no partido e defende ardorosamente a aliança com o PSDB, agora e sempre. Ainda que perca de Marta Suplicy (PT) no segundo turno, ganhou estatura para pleitear o governo do Estado em 2010, o que pode ser uma bela dor de cabeça no ninho tucano.

O PMDB, por fim, não fez feio nesta eleição. Com 2 prefeitos eleitos no primeiro turno (Goiânia e Campo Grande), vai disputar mais seis eleições no segundo turno, o que não é pouca coisa. Sai na frente no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis, está quase empatado em Belo Horizonte e ainda está na briga em Belém. São cidades importantes e a depender do número de vitórias, conseguirá até desbancar a liderança do PT neste ranking. Se isto ocorrer, aumenta consideravelmente o seu cacife para negociar um apoio a qualquer candidato à presidência em 2010, caso decida não lançar candidatura própria.

O PSDB sai desta eleição como o grande derrotado. Rachou em São Paulo, não apresentou candidato em Belo Horizonte, elegeu apenas os prefeitos de Curitiba e Teresina. Pode vencer em Cuiabá e São Luís no segundo turno e ainda que consiga essas quatro capitais, o saldo não é, digamos assim, animador para um partido que pretende polarizar com o PT nacionalmente. É certo que o DEM pode terminar com apenas um prefeito de capital, mas neste caso qualquer analista sério ponderaria que o peso de São Paulo é muito maior do que as quatro capitais tucanas somadas...

Comentários

  1. Bom dia Luiz,

    Vai ser complicada a coisa pro PT em SP. Acredito que eles vão ter que focar a propaganda nos "Alckmistas". Aqueles que votaram no, enfraquecido, ex-governador pois acreditam nele, não só porque faz parte do setor conservador da cidade.
    Acho que o PSDB está torcendo mais do que nunca para Kassab, pois, se ele sair derrotado, pode ameaçar a candidatura de Alckmin para o Governo do Estado.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. The economic world is falling, that's why nobody cared about Brazilian elections... ;)
    Hugs,
    Villa Lucchese

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...