A política brasileira é engraçada e engana muita gente. Na disputa pelo comando do Senado são dois os candidatos: José Sarney, do PMDB do Amapá, e Tião Viana, do PT do Acre. Todos os analistas bem informados sabem que o presidente Lula prefere a vitória de Sarney, embora não revele em público e provavelmente não trabalhe com afinco por ela, para não melindrar os petistas. Por outro lado, o PSDB está fazendo bico, ainda não optou por nenhum dos candidatos, mas um dos principais lideres do partido, o governador José Serra, trabalha para que os tucanos escolham o petista Viana. Serra detesta Sarney e sabe que ele trabalharia pela aliança de seu partido com o PT em 2010, ao passo que Viana seria mais "neutro" na relação com a oposição, de acordo com a avaliação do governador, que por sinal mantém ótimas relações com o senador acreano. A "bancada de Serra" no Senado, capitaneada por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) - nome cotado para vice, caso o PMDB venha a apoiar o PSDB -, está em campanha por Tião Viana. Já os peemedebistas lulistas, como Renan Calheiros, trabalham forte para eleger Sarney. O palpite deste blog é que Sarney será o próximo presidente do Senado, mas convém não desprezar a força de Serra, que nos últimos tempos tem se saído muito bem como articulador político, o que não deixa de ser uma grande novidade...
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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