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Uribe tenta, mas não consegue autorização
para disputar o 3° mandato na Colômbia

A reportagem abaixo, da agência Reuters, tem tudo a ver com a eleição de 2010, aqui no Brasil. Este blog já apontou, mais de uma vez, que a tese do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá ganhar forças, especialmente se ele conseguir atravessar a crise financeira global sem muitos arranhões em sua imagem pessoal. Neste caso, com 70% de popularidade, por que não tentar mais quatro anos no comando do país? Bem, Lula é um animal político e será dele a decisão final sobre este assunto. Se achar que a re-reeleição mancharia a sua biografia, cai fora da disputa e volta em 2014, do contrário parte para mais uma eleição presidencial. Do ponto de vista legal, seria preciso mudar as regras atuais, o que poderia ser feito via aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional. Do ponto de vista moral, porém, Lula precisaria de uma boa justificativa. Uma eventual mudança nas regras do jogo na Colômbia, por exemplo, onde o ultraconservador Álvaro Uribe tenta viabilizar a sua própria re-reeleição, cairia bem para o presidente brasileiro justificar as modificações por aqui. O problema é que Uribe não está tendo muito sucesso na tentativa de obter o terceiro mandato, conforme se pode ler na reportagem a seguir.

Uribe enfrenta obstáculos para viabilizar uma nova reeleição

HUGH BRONSTEIN - REUTERS

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BOGOTÁ - O fracasso inesperado esta semana no Congresso colombiano de um projeto que permitiria um terceiro mandato ao presidente Álvaro Uribe revelou fraturas na sua coalizão que podem destruir suas chances de se reeleger.

A medida, rejeitada na quarta-feira, deveria autorizar Uribe a disputar novamente as eleições de 2014, após ele sair por quatro anos em 2010, quando o seu mandato termina.

Até a derrota, o projeto era visto como uma fácil manobra política do presidente para preservar sua ampla influência sobre o país abatido por 44 anos de conflito de guerrilhas.

Ele ainda pode reverter a derrota convocando um referendo para votar pela sua autorização para disputar a presidência em 2010, mas parlamentares disseram que a derrota de quarta-feira mostra que Uribe pode não ter o apoio de que ele precisa para iniciar outra campanha presidencial.

"As chances de reeleição agora são menores do eram há uma semana", disse um membro da Congresso Santiago Castro do partido Conservador, que integra a coalizão de Uribe mas resiste aos esforços de reeleição.

O partido de coalizão Mudança Radical também está rompendo.

"Mudança Radical mostrou suas cartas e está claramente contra a reeleição agora", disse Castro. "E o partido Conservador está cogitando a idéia de ter seu próprio candidato para 2010."

No entanto, o combatente Uribe, que teve o pai assassinado em um sequestro rebelde mal-sucedido em 1983, está totalmente consciente de que nenhum outro é adversário político para ele em termos de elegibilidade.

Uribe, cujo os apoiadores no Congresso alteraram a constituição para permitir que ele concorresse a presidência em 2006, é o principal aliado da Casa Branca na América do Sul.

Parlamentares locais estão agora revendo a proposta de referendo em um constituição reescrita de novo para permitir a reeleição de Uribe em 2010.

Mas seus aliados em Washington e em Wall Street se mostram tímidos em apoiar a idéia de outra mudança na lei para mantê-lo no poder. Críticos acreditam que um terceiro mandato de Uribe poderia afetar as instituições democráticas e colocar poder demais nas mãos de um presidente.

Conhecido por seu estilo messiânico, Uribe é o único presidente colombiano que combateu a insegurança do país, ordenando ao exército colombiano que atacasse os rebeldes esquerdistas.

Os resultados da ofensiva atraíram um recorde de investimento e manter a popularidade de Uribe acima dos 70 por cento apesar de uma série de escândalos de que as forças armadas comprometeram abuso dos direitos humanos, envolvendo membros do Congresso, a maioria de sua coalizão.

(Reportagem de Hugh Bronstein)

Comentários

  1. Ainda prefio uma alternância da pessoa no poder pela idéia implícita de fortalecer partidos e não pessoas. À direita ou esquerda é bom que os partidos tenham opções viáveis.

    A América Latina tem longa história de caudilhismo para darmos ao luxo de brincar com isso.

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