Pular para o conteúdo principal

Até Datena concorda: mídia passou
dos limites na tragédia de Santo André

Vale a pena ler a entrevista abaixo, publicada originalmente no Terra Magazine. O apresentador José Luiz Datena, que comanda um dos programas mais polêmicos da televisão brasileira, achou excessiva a exploração do seqüestro das meninas Eloá e Nayara na mídia nacional. Este é um país estranho. É preciso um sujeito como o Datena para avisar que "jornalista não é negociador", logo ele, que tantas vezes já foi acusado de extrapolar todos limites do bom senso em seu programa de caráter nitidamente sensacionalista. Se Datena acha que a turma exagerou, a situação é realmente muito grave. E em várias passagens da entrevista, não dá mesmo para discordar do que ele diz. O caso de Santo André comoveu e ainda comove o Brasil. Noves fora a extrema incompetência da polícia paulista, que conseguiu a proeza de devolver uma refém menor de idade a um assassino potencial, além de invadir o local quando ele começava a dar óbvias demonstrações de cansaço, após 100 horas de negociação, o comportamento da mídia também foi nota zero. No fundo, difícil dizer que agiu pior, se a polícia ou a imprensa.
A seguir, a íntegra da entrevista.

"Jornalista não é negociador", critica Datena

Claudio Leal

No turbilhão do seqüestro das garotas Eloá e Nayara, o apresentador do programa "Brasil Urgente" (Bandeirantes), José Luiz Datena, criticou no ar as entrevistas feitas por outras emissoras com o seqüestrador Lindemberg Alves, em Santo André (SP).

A Rede Record, a RedeTV! e a Rede Globo ouviram o seqüestrador, por telefone, antes da ação da polícia. Datena, da Band, afirma que teve acesso ao número de Lindemberg, mas optou por não ouvi-lo. Em entrevista a Terra Magazine, o apresentador esclarece que não fez críticas específicas a jornalistas, mas à interferência da mídia no teatro do crime. "(Jornalista) não é negociador. Negociador é negociador". Expõe sua visão da cobertura:

- Uma palavra errada que você coloca, o cara pode pegar e matar alguém lá dentro. O fato de ele ter falado muito em televisão e aparecido muito em televisão pode ter prolongado o seqüestro, sim. Se o cara estava se sentindo o "rei do gueto", como ele falou... Isso pode ter prolongado - diz Datena.

Para ele, a imprensa não é responsável pelo desfecho trágico. Antes de julgar os policiais, prefere esperar o resultado da perícia. Guarda, porém, uma avaliação crítica do episódio e defende que ele pode servir de lição para as próximas coberturas:

- Isso tudo pode influenciar. Não é legal. Na verdade, uma cobertura como essa serve pra todo mundo aprender: a polícia, a televisão, a imprensa. Se você isola aquele local e o cara não tem imagem de televisão, acho que a situação seria outra.

Leia a entrevista:

Terra Magazine - Por que o senhor criticou a posição da imprensa de entrevistar o seqüestrador Lindemberg?
José Luiz Datena - Eu não critiquei a opinião da imprensa, meu irmão. Critiquei o fato de terem colocado no ar... É exatamente isso que estou falando pro meu diretor agora. Critiquei o fato de, isoladamente, algumas pessoas da imprensa colocarem o sujeito, que estava sob forte pressão, com arma na cabeça de duas crianças, pra falar no ar. Primeiro que jornalista não é preparado para conversar com seqüestrador.

Não é negociador?
Não é negociador. Negociador é negociador. Não estou dizendo que o negociador da polícia cometeu erro. Se o cara que está preparado pra negociar comete erros, imagine então um sujeito que não é preparado. O cara que apresenta bem, que é bom repórter, é bom jornalista, necessariamente não é um cara preparado pra falar com um seqüestrador.

Nesses momentos, quais são os cuidados que um telejornal popular precisa tomar?
Primeiro lugar que não é telejornal popular, meu irmão. É qualquer jornal. Não foi só telejornal popular que entrevistou.

Mas, no caso, o senhor criticou o programa da Sonia Abrão.
Não foi Sonia Abrão coisa nenhuma! Eu nem sabia que ela tinha entrevistado o cara. Quem estava entrevistando era a Record. A Globo entrevistou o cara também...

Sim...
Ninguém falou de Sonia Abrão, especificamente. Eu nem estava sabendo que Sonia Abrão já tinha entrevistado o cara. É que, no meu horário, eu tinha o telefone do cara e me sugeriram falar com ele. Eu disse: "Não vou falar com o cara coisa nenhuma". "Ah, mas a Record tá dando...". Isso é problema da Record, não é problema meu. Não faço isso.

Isso influencia o comportamento do seqüestrador?
Não é questão de influenciar. Uma palavra errada que você coloca, o cara pode pegar e matar alguém lá dentro. O fato de ele ter falado muito em televisão e aparecido muito em televisão pode ter prolongado o seqüestro, sim. Se o cara estava se sentindo o "rei do gueto", como ele falou... Isso pode ter prolongado.

A cobertura foi sensacionalista?
Não sei se foi sensacionalista, mas eu sei uma coisa: se fosse só eu que tivesse entrevistado o cara, tava todo mundo metendo o pau em mim.

Em outros os momentos, o senhor errou pra justificar esse tipo de crítica?
Quem errou?

Em coberturas anteriores, houve erros que justificassem essas críticas?
Você vai aprendendo com o tempo. Agora, não foi a imprensa a principal culpada pelo cara ter matado. Aliás, temos que esperar a perícia, pra ver realmente quem atirou. Não foi a imprensa a culpada disso tudo. Eu critiquei algumas pessoas que também não são as culpadas, do meu ponto de vista. Acho que não é legal fazer isso. É minha opinião.

O senhor disse que tinha o telefone do seqüestrador e optou por não ligar, é isso?
Optei por não entrevistá-lo.

Avaliou que isso prejudicaria as negociações?
É... Mas não estou dizendo que a imprensa foi a culpada ou essas pessoas. Nem sabia que Sonia Abrão tinha entrevistado! Até falei isso no programa de sexta-feira. Não sei por que a Sonia Abrão tá metendo o pau em mim. Não falei o nome dela. Mesmo porque sempre tive ela em alta consideração.

E falou isso no ar.
Nem sabia que era ela. É que o sujeito estava dando uma entrevista, não sei se era gravada ou não, pro telejornal da Record. Todo mundo me critica - "Ah, o cara faz entrevista sensacionalista..." - e eu não coloquei o cara no ar. Acho que fui o único da televisão que não colocou. Não quero dizer que eles foram responsáveis pela tragédia que aconteceu.

Mas não cria um ambiente, em torno do seqüestro, que prejudica a negociação da polícia?
Você não viu? O cara falou que era o "rei do gueto". Aparecendo em tudo que é televisão... O fato de a menina ter voltado pra lá também. Sei lá por que ela voltou pra lá, entendeu?

Isso está em outra esfera?
Pode ser a mesma também. Porque ela estava aparecendo na televisão. Isso tudo pode influenciar. Não é legal. Na verdade, uma cobertura como essa serve pra todo mundo aprender: a polícia, a televisão, a imprensa. Se você isola aquele local e o cara não tem imagem de televisão, acho que a situação seria outra. Mas não foi o fator fundamental que propiciou a tragédia. Mesmo porque não foi ninguém da imprensa que foi resgatar as meninas. Outra coisa: falam aí que a polícia americana acha que houve falhas... Qual foi a maior falha de segurança em termos de história contemporânea?

O 11 de Setembro?
Ué! Os caras enfiaram dois aviões dentro daquelas Torres Gêmeas e mais uma avião na casa de guerra dos americanos, na maior potência do mundo. Não souberam como agir na hora. Quem são eles pra ficarem criticando a ação da polícia brasileira? Deviam olhar para o próprio quintal. O mais lamentável em tudo isso foi o desfecho. Ninguém queria que isso acontecesse. Não sei se você concorda comigo, mas é minha opinião.

Nenhuma crítica específica?
Não é específica. É minha opinião. Sempre dei minha opinião. E não gostei quando disseram: "Ah, Datena criticou os colegas..." Não critiquei colegas.

Há problema em criticar colegas? Não seria corporativismo evitar fazer críticas?
Todo mundo me critica. Eu critiquei quem colocou as entrevistas no ar. E, naquela hora, era uma crítica específica ao "Jornal da Record", que estava colocando o cara no ar. Me disseram: "A Record tá colocando o cara..." Não coloquei. O cara está seqüestrando... Bandido não fala através de televisão, não fala através de jornal. Fala através de advogados, da justiça.

Comentários

  1. Concordo em gênero, numero e grau em tudo que o Datena disse...com certeza errou quem colocou o bandido pra falar na TV, sem duvidas fizeram com que ele se sentisse mesmo o "rei do gueto".
    Imaginem se alguem que o entrevistou pergunta o pq ele fez isso, ou aquilo e ele se irrita e faz alguma coisa, atira na Eloa ou na Nayara ao vivo? Como o jornalista que entrevistou ia se sentir??? Repetindo jornalista é jornalista, bandido fala com negociador, com a policia, no máximo com seu advogado. Outro absurdo foi a Nayara voltar ao cativeiro...em que mundo vivemos???? Cadê a policia para nos defender??
    É de sentir vergonha ou receio em morar no Brasil sem segurança, onde não se pode confiar no policial que é seu vizinho pq depois vc descobre que ele abusou da filha da outra vizinha, ou que ele atirou sem motivos e matou um inocente...
    ISSO TEM QUE MUDAR!!!

    ResponderExcluir
  2. Concordo com a Datena,
    E acrescento, se a policia atira sem negociar é pq a policia atira sem negociar, se ela demora, fica negociando, é pq ela demora fica negociando....
    E esse rapaz da treinamento para Swat deveria ficar quietinho lá nos EUA e não ficar falando bobagem.

    ResponderExcluir
  3. Aproveito enviar algo para o Datena repensar:

    1. vive dizendo que o juiz não tem culpa, quando liberta presos por brechas nas leis. Isso é um cheque em branco para eles, que se vêem livres para usar tais brechas. Têm culpa sim, pois, como juizes, podem também usar brechas que sejam o cumprimento da justiça. Toda vez que o Datena fala isso, acentua a "inoc}enciA" de juizes mal-intencionados, que vêem em sua opinião o terreno livre para errar. Afinal, eles, segundo Datena, só "cumprem a lei". Um absurdo!

    Quanto aos casos em questão, ele erra incitando justiça com as próprias mãos, quando acentuou várias vezes o risco de o pai da garota matar o assassino de sua filha. Essa incitação nociva é repugnante! Que ele reflita bem antes de emitir pareceres desse tipo! Já é contraditório em carregar Jesus no braço, em tatuagem, e falando a toda hora que "fritaria" alguém em cadeira elétrica! Espero que um dia tenhamos mais bom-senso em nossos apresentadores e, que um dia, sejam realmente cristãos mais amorosos e menos egocêntricos.

    ResponderExcluir
  4. O datena ta certo. A imprensa tem que se afastar de todo acontecimento policial como no caso de sequestro. Se lá nao estive nenhum canal de TV, o sequestrador teria, acredito eu, libertado as refens. Tem que acabar com esta mídia que as emissoras colocam para o povo tupiniquim ficar se babando na frente da TV. Vamos em frente datena

    ResponderExcluir
  5. Eu sinceramente não gosto muito do jeito do trabalhar, mas cara você falou tudo, e só para esclarecer se a polícia não foi competente o bastante para dar um desfecho feliz para o caso, imaginem se jornalista ou televisão daria, o problema no Brasil em geral, é que o pessoal só sua propria barriga, se o Datena fosse levado por essa estratégia certamente ele iria tentar o contato, com o bandido, foi como na política, eles não vêm o problema do Brasil e sim só do partido e seus grandes seguidores. Parabéns Datena, se um dia o Brasil mudar a educação do seu povo, todos terão condições de interpretar estes casos, e tomarem decisões cabíveis.

    ResponderExcluir
  6. O grande problema é que a policia está de mãos atadas pela midia e pelos pseudo democratas. Ação policial hj virou atração de tv, virou show. Nossa legislação penal é branda e favorece todo este quadro de violencia e sensacionalismo. E o povo brasileiro adora sensacionalismo. Adora ser manipulado e levado como rabanho. Vide as mais de 10 mil pessoas que foram ao enterro da menina, tudo gerado pela midia sensacionalista e seus pseudo reporteres que so enxergam fofocas e ibope. O quadro no Brasil hj é que infelizmente a violencia virou um show na tv e o povo adora... infelizmente. Falta senso critico e inteligencia a muitos no Brasil. Ouve o assassinato da menina Isabela, o acidente da TAM agora este sequestro.. e tudo é sempre tratado na forma de um grande espetaculo pela midia e pelo povo.

    ResponderExcluir
  7. Concordo com Datena. Só gostaria de pontuar que no 11/9 não houve erro com relação aos atentados, pois estes foram arquitetados pelo próprio governo deles. Procure por "9/11 Coincidences" e/ou assista www.zeitgeistmovie.com (tem um link para assistir com legendas em português).

    ResponderExcluir
  8. GOSTARIA DE FAZER UMA PERGUNTA, SE POSSIVEL ME RSPONDAM....."SE FOSSE A FILHA DO SILVIO SANTOS, ANTONIO ERMIRIO, ABILIO E OUTROS A POLICIA TOMARIA AQUELA DESASTRADA DECISÃO?.É CLARO QUE NÃO, GARANTO QUE ATÉ O SERRA IRIA NEGOCIAR COM O SEQUESTRADOR, MAS COMO É UMA COHABISTA QUE SE FODA........

    ResponderExcluir
  9. GOSTARIA DE FAZER UMA PERGUNTA, SE POSSIVEL ME RSPONDAM....."SE FOSSE A FILHA DO SILVIO SANTOS, ANTONIO ERMIRIO, ABILIO E OUTROS A POLICIA TOMARIA AQUELA DESASTRADA DECISÃO?.É CLARO QUE NÃO, GARANTO QUE ATÉ O SERRA IRIA NEGOCIAR COM O SEQUESTRADOR, MAS COMO É UMA COHABISTA QUE SE FODA........

    ResponderExcluir
  10. só uma pergunta!
    imaginem o "NEGOCIADOR" tentando falar com O sequestrador,seria mais ou menos assim; (lindemberg podemos falar agora? agora não, acabei de falar com o brito jr. agora vou dar uma entrevista para a sônia abrão, liga mais tarde por favor tá.)onde estamos? ah e outra, o gate tem preparo só falta equipamento, como uma micro-camera, se tivessem a tal, eles teriam visto que tinha uma mesa atrás da porta!!

    ResponderExcluir
  11. Concordo em muitas partes com o Datena, à respeito da imprensa e tal. No entanto, não vejo o porque de criticar a polícia americana em detreimento de fatos diferentes, não os idolatro mas também nã os julgo. No meu ponto de vista o ataque de 11 de Setembro não foi algo esperado, se houve falhas foi em relação ao sistema de comunicação entre avião - torre de controle - sistema nacional de segurança. Quando o policial se refere aos erros, ele quer dizer em relação à negociação, abordagem ao bandido em sole e não a um avião em pleno voo. Só penso que em vez de lermos algo que alguem diz ser certeza, creio que temos que refletir os fatos e apurar as circustancias que estes ocorrem. Não esquecendo que o cara, faz parte de um sistema de comunicação e que foi ensinado a ele a usar palavras certas nos momentos adequados para tentar convenser seus telespectadores, não estou dizendo que ele quer manipular alguém, só estou dizendo que como um bom jornalista ele sabe como alcançar o público que é a seu favor, e aqueles que não são, tentar mostrar a eles que estão errados e convence-los de que o que diz é a verdade, simplesmente o puro dom da persuasão.

    ResponderExcluir
  12. Culpo muito à imprensa pelo desfecho do caso.Conversar com o bandido só o fez se sentir mais forte, o dono da situação.Nunca na minha vida tinha presenciado um absurdo como esse(aí se tratava de "vida").
    Quanto à adolescente Nayara, penso que esta quis aparecer, ignorando o perigo que corria.A Polícia em momento algum a autorizou a entrar no apartamento, muito pelo contrário, foi pedido que mantivesse certa distância(como o adolescente, irmão da Eloá manteve).
    Achei que o GATE fez o possível para manter a vida e a integridade dos envolvidos nesse caso.Não foram melhores, devido a falta de equipamentos que atualmente existem.
    Que esse caso sirva de espelho para os especuladores.Não se faz audiência colocando em risco vidas.

    ResponderExcluir
  13. Alfredo.
    O comentário seria válido se não fosse feito pelo Datena. Na verdade êle está é com dor de cotovelo, pois não foi êle que deu o furo da entrevista. Se tivesse conseguido, estaria se vangloriando. Aliás, não consigo entender como a Band que eu tanto admiro mantém um apresentador tão chato e prepotente. Nem seus colegas reporteres do programa aguentam.

    ResponderExcluir
  14. ACHO QUE DERAM A NOTICIA ANTES DO DATENA, COMO ELE NÃO TINHA COMO APARECER, SE SAIU COM A CRITICA, ELE É ESPECIALISTA EM SEQUESTRO,SE O REPORTER ACHOU EM ENTREVISTA-LO, A POLICIA NÃO PROIBIU QUEM
    É O DATENA, QUEM PERGUNTOU PARA ELE O QUE ELE ACHAVA?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe