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Brasileiro desta eleição é conservador, pessimista e busca honestidade, revela pesquisa

As eleições municipais deste ano, cuja propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV começou na semana passada, trazem uma novidade. Elas levarão às urnas um “eleitor pós-covid”, fortemente influenciado pelo impacto do desastre socioeconômico provocado - ou exposto - pela pandemia no Brasil. É isso que indica uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Travessia, de São Paulo, com exclusividade para o Valor.  O perfil que emerge do levantamento é de um brasileiro conservador, que se posiciona à direita no espectro político-ideológico, pessimista e preocupado com os setores mais afetados pela doença nos últimos dez meses. Para esse cidadão, a honestidade é o requisito mais importante para um candidato, escreve Carlos Rydlewski no jornal econômico em artigo publicado na sexta, 16/10. Continua a seguir.


A enquete apresentou aos entrevistados uma relação com 17 temas, questionando quais deles deveriam ser considerados prioritários pelos próximos prefeitos. No topo da lista, figuraram os tópicos saúde e educação. Em notas que poderiam ir de 0 a 5 (quanto maior o número, maior a relevância do assunto), ambas somaram 4,7 pontos. O item geração de emprego veio a seguir com 4,6.

Há anos, a saúde desponta com um destaque nas pesquisas de opinião pública realizadas no Brasil, seja nos pleitos nacionais, seja nos municipais. A área atrai, assim, constante inquietação do eleitorado. A educação é outro mote de proeminência regular nessas sondagens, embora raramente alcance o pico das preocupações. O mesmo ocorre com o desemprego, em especial evidência nos períodos de sufoco econômico.

“Ocorre que, agora, esses temas ganharam uma nova dimensão”, diz o cientista político Carlos Melo, professor da escola de negócios Insper, em São Paulo. “E é impossível que não estejam no centro do atual debate político-eleitoral.”

Na pesquisa, os eleitores também se mostraram apreensivos com itens como segurança, com 4,5 pontos, uma preocupação clássica dos brasileiros, notadamente nos grandes centros urbanos, o abastecimento de água, a administração pública e a corrupção, todos com 4,4 pontos. Além disso, foram enfatizados problemas como assistência aos mais pobres e redes de esgoto, com 4,2 pontos. Melo observa que, à exceção de segurança e, em menor medida, corrupção, as demais temáticas estão em conexão direta com a covid-19.

Na avaliação do professor do Insper, a pandemia atuou como um “catalisador” dos entraves sociais no país. “Eles, na verdade, sempre existiram, mas foram acelerados”, afirma o cientista político. “Assim, é possível que na atual campanha os candidatos sejam obrigados a discutir políticas públicas efetivas para mitigar o efeito dessa aceleração. Isso não quer dizer que o nível do debate será melhor. Significa apenas que a situação piorou - e muito.”

Renato Dorgan Filho, do Instituto Travessia, responsável pela enquete, destaca a importância dada pelos eleitores à educação no levantamento. Ao lado da saúde, ela foi alçada ao topo das prioridades. “Esse é um assunto sempre discutido em campanhas, mas percebo que passou a ser abordado de maneira um pouco diferente”, diz o analista. Ele observa que, em pesquisas qualitativas, feitas com pequenos grupos de entrevistados, os integrantes das classes C e D têm se mostrado especialmente inquietos com o problema.

“Eles sabem que, distantes das salas de aula, os jovens mais pobres terão pouquíssimas chances de concorrer a boas vagas no mercado de trabalho, que passa por uma crescente exigência de qualificação”, diz Dorgan. “Na prática, essas famílias temem que a situação econômica de seus filhos no futuro piore ainda mais em comparação com a que elas já enfrentam atualmente.”

Nessa mesma toada, em uma pergunta sobre o que mais preocupa o eleitor no futuro, com cinco temas fechados, ou seja, previamente definidos, a “perda de aprendizado com a paralisação das escolas” na pandemia aglutinou 18% dos eleitores. Ela ficou atrás do quesito “desemprego” (33%) e tecnicamente empatada com “violência” - um assunto-chave para os brasileiros -, que reuniu 20% das opiniões [a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo].

E o receio do impacto negativo da covid-19 nas salas de aula é maior entre as pessoas que ganham entre 2 e 5 salários mínimos mensais e ocupam, portanto, as classes baixa e média baixa da sociedade. Ele predomina ainda em grupos com idades entre 25 e 44 anos, que reúne muitos pais, e com mais de 60 anos. O desemprego, por sua vez, preocupa especialmente os mais jovens, entre 16 e 24 anos. A violência aflige sobretudo as mulheres, além de pessoas acima de 60 anos e com menor renda (até dois salários ao mês).

Nessa mesma questão, sobre os anseios em torno do futuro, Dorgan, do Travessia, destaca o peso dado aos eleitores ao item “aumento dos preços”, com 15% das escolhas, em empate técnico com a “perda do aprendizado nas escolas”. “O problema voltou ao radar das pessoas, principalmente entre os mais pobres. Há tempos, elas não viam aumentos seguidos em produtos de alimentação como aconteceu nos últimos meses”, diz o analista. Tais elevações, note-se, levaram o Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) a rever no início deste mês a previsão de inflação para este ano. Ela deve fechar em 2,3%, número abaixo do centro da meta do governo (4%), mas acima da estimativa de 1,8%, feita em junho também pelo Ipea.

É nesse contexto de apertos e apreensões que José Álvaro Moisés, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), salienta outro ponto apresentado pela pesquisa. Na avaliação do acadêmico, ele está associado a uma demonstração do “estado de espírito” do brasileiro nos dias de hoje. Pois indagados sobre o que esperam da vida nos próximos anos, 49% dos eleitores disseram que ela vai melhorar, número que, à primeira vista, perfaz uma sólida maioria. Outros 40%, porém, opinaram o contrário. Acreditam que a situação vai piorar. Por fim, 11% estimam que permanecerá tal como está.

É nesse ponto que entra a tese de Moisés. “Ora, se continuarmos do mesmo jeito - e as coisas não estão nada boas -, isso quer dizer que podemos somar os 40% de insatisfeitos com os 11% de desanimados e teremos 51% de pessimistas”, diz o professor. “Isso pode indicar que a sociedade brasileira está perdendo a perspectiva otimista que sempre a caracterizou, segundo a qual as pessoas acreditavam que tudo seria melhor, uma noção que prevaleceu por décadas embalada pela ideia do ‘país do futuro’ e, portanto, um país superior ao atual.”

Dorgan, do Travessia, segue a mesma linha de raciocínio. “Mesmo os 49% de otimistas representam um patamar baixo para os padrões nacionais”, avalia o analista. Nesse quesito, as mulheres mostram-se menos animadas do que os homens. No total, 43% delas dizem que as coisas vão piorar. Entre eles, 37% têm a mesma opinião (mas 51% acreditam no contrário, que as coisas devem melhorar).


“Em geral, são as mulheres que lidam com os problemas do dia a dia dos lares e ainda fazem a dupla jornada de trabalho”, observa Moisés. “Por isso, tendem a ser mais críticas.” Quanto à idade, os mais velhos, acima de 60 anos, têm expectativas menos sombrias sobre o futuro, e os mais jovens, entre 16 e 24 anos, as piores. Na estratificação por poder aquisitivo, os dois extremos da régua de renda, tanto a formada pelos mais pobres (com até dois mínimos por mês) como a composta pelos mais abonados (acima de dez salários mensais) despontam como os mais pessimistas.

O conservadorismo é outro traço do atual eleitor revelado pela pesquisa. De acordo com o levantamento, 28% definem-se como conservadores. Nessa turma, há mais mulheres do que homens, pessoas entre 45 e 49 anos de idade, além de integrantes das classes médias baixa e alta. “O curioso é que esse número está muito próximo da base política atribuída ao bolsonarismo, que gira em torno de 30% do eleitorado”, observa Melo, do Insper. Os que afirmam ser socialistas representam 19% do total. Nesse caso, a prevalência é entre homens de 35 a 44 anos e renda de até dois mínimos por mês. Entre os liberais (19%) e os progressistas (9%), os mais jovens (de 16 a 24 anos) formam a maioria.

O cientista político e sociólogo Antonio Lavareda pondera que as pesquisas de alcance nacional, como a do Instituto Travessia, representam um agregado e expressam preferências por meio de uma média. Assim, podem existir variações expressivas das respostas em regiões com características diferentes, como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, ou mesmo, entre cidades do Norte e Nordeste, como Salvador e Manaus. “De qualquer forma, chama atenção a predileção mostrada pelos eleitores por políticos de direita”, diz Lavareda. “Ela representa exatamente o dobro do apoio dado ao centro.”

A enquete indica que 32% dos brasileiros preferem candidatos à direita no espectro ideológico. Esses eleitores são majoritariamente homens, em idades que vão de 35 a 49 anos, dispostos nas faixas de renda que abrangem desde os que ganham entre 2 e 5 mínimos mensais, ou seja, a classe média baixa, até os mais ricos, que recebem 10 salários ou mais. Só ficam de fora desse grupo os mais pobres, com renda de até 2 mínimos. Os políticos de esquerda têm a preferência de 20% dos pesquisados, na maioria homens jovens (entre 16 e 24 anos). O centro tem o apoio de 16% do eleitorado, em um segmento no qual as mulheres predominam. A cota dos que “não souberam” responder à pergunta é bastante significativa. Alcança 32% e empata, no topo da tabela, com os direitistas.

Visto pelo retrovisor, ressalta Lavareda, esse perfil direitista dos eleitores representa uma mudança expressiva no quadro nacional. “Em comparação com o período que antecedeu o golpe militar, em 1964, por exemplo, ela chega a ser notável”, define o cientista político. No livro “A Democracia nas Urnas” (Editora Revan, 2012), Lavareda apresenta uma pesquisa realizada em meados de 1963 em torno do mesmo assunto. À dúvida sobre qual posição deveria ser adotada pelo governo brasileiro, 45% dos entrevistados, uma ampla maioria, cravaram no centro. Outros 23% apontaram para a direita e 19% para a esquerda. “Ou seja, ainda que as perguntas feitas hoje e naquele período não sejam exatamente iguais, podemos dizer que o eleitorado centrista caiu da casa dos 45%, na década de 1960, para os atuais 16%”, diz Lavareda.

A sondagem antiga, feita por cidades, mostrou ainda que os políticos de centro contavam com 51% de apoio em São Paulo, 59% em Salvador e 62% em Belo Horizonte. A Guanabara, então capital do país, hoje Rio de Janeiro, posicionava-se mais à direita, com 33% das escolhas. Ainda assim, esse grupo perdia para os centristas, que agregavam 35% dos cariocas. Mais à esquerda, estava Porto Alegre, onde esse segmento representava 46% dos eleitores. Ressalte-se que, naquele período, os integrantes do centro apoiavam mudanças tidas à época como progressistas - para não dizer de esquerda -, como a reforma agrária. Ela contava com o respaldo de 72% da população das principais capitais brasileiras.

Muito já se falou sobre essa guinada à direita do eleitorado brasileiro, que culminou com a eleição em 2018 do presidente Jair Bolsonaro (atualmente sem partido) pelo PSL. Carlos Melo, do Insper, ressalta, contudo, que o fenômeno não se circunscreve ao Brasil. Ele alcança diversos países e culturas, com especial destaque para os Estados Unidos.

Para Melo, essa mudança é reflexo do que os alemães chamam de “zeitgeist”, o espírito do tempo. “Vivemos um período de grande transformação tecnológica, com fortes mudanças no mundo do trabalho e enorme custo social”, analisa o especialista. “Uma parte da humanidade parece ter sido abandonada pelo mundo do trabalho e pela democracia liberal. Essa gente esperou e não obteve respostas satisfatórias da esquerda e do centro. É natural que tenha endurecido. Com a eleição americana, em 3 de novembro, veremos se esse ciclo está vivo ou sofrerá alguma alteração.”

A cientista política Camila Rocha, do Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento (Cebrap), cujos trabalhos acadêmicos têm focado na formação da nova direita do Brasil, adverte que as autodefinições sobre campos ideológicos nem sempre primam pela precisão. Por isso, devem ser vistas com cautela. José Álvaro Moisés, da USP, tem opinião similar. “Conduzi há alguns anos pesquisas para saber se os eleitores se definiam à direita ou à esquerda”, conta o acadêmico. “O fato é que 70% não tinham uma ideia clara do que os dois grupos significavam. Mas o que os levantamentos mostram ao longo do tempo é que governos com políticas sociais são identificados mais à esquerda e gestores mais preocupados com ordem e segurança, à direita. Essa noção, embora genérica e vaga, existe.”

Mesmo assim, Camila observa que, nos últimos anos, o número de pessoas que assumem ser de direita está ganhando corpo. “Não podemos dizer com precisão se esse grupo aumentou e, eventualmente, o quanto cresceu”, diz a pesquisadora. “Mas de fato as coisas mudaram. Hoje, as pessoas que o integram têm um perfil muito diferente do passado e perderam a vergonha de assumir que são de direita. Aliás, ao contrário, muitas têm até orgulho de dizer que são direitistas, como se vê com os bolsonaristas.” Na prática, observa a pesquisadora, os integrantes da direita resolveram “sair do armário”.

Tudo isso, ponderam os analistas, não quer dizer que os conservadores vão vencer de barbada as eleições municipais deste ano. Em uníssono, eles apontam que a corrida eleitoral nem sequer começou, ainda que o primeiro turno do pleito esteja marcado para 15 de novembro e o segundo, para 29 do mesmo mês. Há fatores, anota Carlos Melo, do Insper, que podem aumentar as chances do centro.

Para ele, por exemplo, existem quatro grandes forças políticas no Brasil: o bolsonarismo, o petismo, o antibolsonarismo e o antipetismo. Entre os dois primeiros grupos, bolsonaristas e petistas, não há intersecção. “Os votos desses eleitores vão para um ou outro lado”, diz o cientista político. Mas entre os outros dois segmentos, a turma dos “contra”, pode existir um ponto em comum. Melo explica: “Um antibolsonarista poderia votar em um candidato de centro, da mesma maneira que um antipetista, principalmente se ambos não tiverem outra opção”.

O professor do Insper usa outro dado da enquete para reforçar essa hipótese. Indagados se apoiariam um candidato indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, 28% dos entrevistados responderam que “sim, com certeza”. Eles são homens, acima dos 60 anos e pertencem às classes mais altas da população. Outros 25% afirmaram que “poderiam votar”. Isso quer dizer que, somados esses dois grupos, 53% dos eleitores estão sob influência política do presidente da República. Para 43%, entretanto, essa possibilidade nem sequer é cogitada. Aqui, dá-se uma maioria formada por mulheres, além de jovens (entre 16 e 24 anos) e pessoas espalhadas de forma equilibrada por todas as classes sociais.

Questão idêntica foi feita tendo como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse caso, 16% apoiariam um candidato apontado por Lula, 17% poderiam apoiar e 62% não votariam de maneira nenhuma em uma indicação do líder petista. Melo observa que, se somados os grupos que não aceitam a orientação de nenhum dos dois políticos, os 43% de Bolsonaro e os 62% de Lula, o resultado será superior a 100%. “Isso mostra que existem pessoas que rejeitam os dois extremos”, afirma o especialista.

“Além do mais, em algumas situações, estamos vendo surgir uma certa fadiga provocada pela polarização excessiva. Ou seja, a partir desses elementos, o centro pode ter espaço nas eleições municipais, mas seus candidatos terão de saber se posicionar, e isso não vem acontecendo nos últimos anos.”

Sobre a influência no próximo pleito dos líderes Bolsonaro e Lula, Moisés, da USP, chama atenção para o alto percentual de pessoas que não aceitariam indicações do petista. “São 62% ou dois terços do eleitorado”, destaca o professor da USP. “Não se deve afirmar com certeza, mas esse pode ser um indício de uma queda da liderança de Lula.” Moisés lembra que o político deixou a Presidência da República com 80% de aprovação popular.

Camila Rocha, do Cebrap, destacou esse mesmo percentual, os 62%, anotado pelos que não seguiriam a orientação do petista. Ela observa que, desde meados dos anos 2000, o lulismo consolidou-se como um fenômeno robusto no país, em grande medida responsável pelas eleições da ex-presidente Dilma Rousseff, tanto em 2010 como em 2014, além de boa parte dos votos dados ao candidato do PT, Fernando Haddad, em 2018. “Isso pode mostrar o tamanho da crise pela qual a esquerda está passando”, afirma Camila. “Parece que ela se aprofunda com o tempo.”

Outra tendência revelada pela pesquisa, destacam os especialistas, é a de “nacionalização” do debate eleitoral, uma vez que os principais desafios elencados pelos eleitores na sondagem estão relacionados a itens como saúde, educação e desemprego, os principais elementos das crises econômica e pandêmica. Sobre esses temas, tanto a União como os Estados têm forte ingerência. “Mas isso não quer dizer que os candidatos a prefeitos e mesmo a vereadores não tenham muito o que falar sobre esses pontos”, diz Melo, do Insper.

Ainda que estejam no colo de políticas públicas de alcance nacional e estadual, nota o acadêmico, essas frentes têm inegável peso municipal, em especial agora, com a covid. “No caso da saúde, muitas cidades viveram o caos com a pandemia, e os candidatos vão ter de dizer o que pode ser feito para melhorar o atendimento direto à população em postos, por exemplo”, afirma Melo. “Em relação ao emprego, é possível adotar medidas para atrair investimentos e criar frentes de trabalho.” Diversos prefeitos já anunciaram que as atividades nas salas de aula não serão retomadas em 2021. Esse, por exemplo, é somente um dos assuntos que pode render polêmicas - e petardos - em profusão nos debates vindouros.

Em outra questão fechada da pesquisa, os eleitores escolheram, entre quatro características pré-definidas, qual era a mais desejada para o próximo prefeito do seu município. A “honestidade” liderou o ranking de opções, com a adesão de 33% dos entrevistados. O requisito conquistou a preferência em proporções idênticas entre homens e mulheres. Além do mais, distribuiu-se de forma bastante equânime entre as mais diversas faixas de renda e idade.

“O destaque do assunto pode estar relacionado à experiência recente de escândalos vivida no país”, diz Moisés. “Em geral, o eleitor que sintetiza a média das opiniões é uma pessoa que leva as coisas a sério e faz tudo certo.”

Em segundo lugar, entre as características mais desejadas nos próximos prefeitos, os eleitores apontaram a “capacidade de gestão”, com 29% das preferências. Essa foi uma escolha notadamente feita por homens, acima de 60 anos e com maior renda. A “transparência nas ações e informações”, em terceiro lugar, com 21% do total, teve maior respaldo entre as mulheres e os jovens.

Em último lugar entre os quatro pontos sugeridos, ficou o tópico “sensibilidade com problemas sociais”, com 12%, uma opção acentuadamente dos mais jovens. “Ainda que tenha ficado como segunda opção, a relevância dada à performance dos gestores pode estar associada à exigência de soluções práticas para os problemas atuais”, aponta Bruno Soller, também analista do Travessia. “As pessoas querem algum pragmatismo.”

O levantamento, feito entre os dias 18 e 19 de setembro, com alcance nacional e a partir de 1.010 entrevistas por telefone, aponta ainda que aumentou a confiança dos brasileiros em torno de um desfecho não muito demorado da crise do coronavírus. Em junho, diante da pergunta em relação a se o problema ainda iria se arrastar por muito tempo, 52% disseram que sim. Em abril, eram 44%. Agora, esse percentual caiu para 31%. Da mesma forma, em junho, somente 9% acreditavam que a doença poderia ser debelada em pouco tempo. Hoje, esse grupo alcança 26% das pessoas. Esta, portanto, é a principal nota positiva da enquete. Uma demonstração de que a desesperança não domina, sozinha, o cenário nacional.




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