Abertura da Newsletter da LAM nesta semana. Boa leitura e ótimo feriado a todos.
Toda a discussão sobre a retomada da economia brasileira está girando em torno dos mecanismos para financiar um programa de renda básica para os mais pobres, após o fim do auxílio emergencial que fez subir a popularidade do presidente Jair Bolsonaro nos últimos meses, em especial no Nordeste, região que sempre foi fiel ao PT justamente por conta do Bolsa Família.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem quebrando a cabeça e lançando balões de ensaio para sentir a reação dos políticos em relação às propostas para o financiamento do programa. Dinheiro não nasce em árvore, há de sair de algum lugar para chegar na ponta, aos mais necessitados. É até irônico que um liberal como Guedes tenha abraçado – ou sido forçado a abraçar, mais provável – uma política econômica essencialmente assistencialista.
Guedes não acredita nesta receita, mas segue no cargo imaginando que em um eventual segundo mandato do presidente Bolsonaro poderá acelerar as reformas liberais, uma vez que ele não poderá mais concorer. É puro wishfull thinking ou autoengano mesmo, pois governantes que não podem concorrer lutam para fazer seus sucessores, e Bolsonaro, que de burro não tem nada, já percebeu a força do assistencialismo. Ademais, no fundo o presidente é um nacionalista, jamais privatizará empresas estatais relevantes. No tocante à reforma administrativa, também não vai mover uma palha para retirar os privilégios absurdos do alto funcionalismo dos três poderes.
Enquanto a pauta liberal não avança, o ministro vai comendo pelas beiradas, está realizando uma reforma administrativa silenciosa, conforme noticiou a Folha de S. Paulo, sem tocar nos grandes privilégios, mas economizando recursos, transferiu uma verdadeira fortuna do Tesouro para pagamento da dívida pública, enfim e ampliou, via ministério da Infraestrura, a revisão de concessões diversas, incluindo novos ativos para a iniciativa privada operar. Enfim, está atirando nos alvos que julga conveniente acertar.
Ainda assim, a gestão de Guedes não pode ser caracterizada como totalmente liberal em função da ordem de seu chefe de manter o assistencialismo social a qualquer custo. Interessante que Bolsonaro repete o Lulismo em sua essência, que foi a aposta no consumo interno para garantir algum crescimento econômico. Lula, claro, foi mais a fundo, inclusive com a política de aumentos reais do salário mínimo, abandonada pelo agual governo. Mas a receita é parecida e pode garantir a reeleição do presidente em 2022. (por Luiz Antonio Magalhães em 10/10/20)
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