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Mercadante: mico de circo em loja de louças

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) lutou muito para conseguir um lugar ao sol após a péssima impressão que deixou na campanha eleitoral do ano passado. Para quem não lembra, antes da crise do Dossiê Vedoin, petistas das mais diversas alas diziam que Mercadante era nome certo no ministério de Lula na eventualidade de perder a eleição em São Paulo. Como ele não apenas tomou uma surra de José Serra já no primeiro turno e ainda foi, ao lado de seus amigos aloprados, responsável pela ocorrência de segundo turno na eleição presidencial, ninguém mais falou no assunto. Depois, Aloizio Mercadante tentou ser primeiro-vice presidente do Senado, o que também acabou não acontecendo. Sobrou a presidência da poderosa Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, um belo posto para que o senador tente desfazer a imagem que ficou da campanha.

Ao que parece, porém, Mercadante está em má fase. Nesta terça-feira, sua atuação durante a audiência na CAE com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, provocou tanto constrangimento que ele teve de aceitar a sugestão de seu colega Eduardo Suplicy e deixar a presidência da Comissão para continuar o bate-boca que travava com Meirelles. Pior - recebeu críticas até da oposição, que viu hesitação e titubeio na atuação de Mercadante. O senador petista realmente já viveu dias melhores...

Comentários

  1. Não entendo uma coisa: tudo o que o Mercadante disse na CCJ era o que todo mundo, economistas, colunistas não-neoliberais, diziam há meses. Inclusive vários senadores e parlamentares da própria oposição. Por que na hora H ficou todo mundo quieto?

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