Pular para o conteúdo principal

Erramos: deu Chinaglia

Este blog apostava as fichas na vitória de Aldo Rebelo e tem o dever de reconhecer o mau prognóstico: Arlindo Chinaglia é o novo presidente da Câmara Federal. O jogo político é interessante justamente porque nem sempre é previsível.

É evidente que boa parte das variáveis apontava para a vitória do candidato petista, especialmente após a definição, pelo governo federal, do deputado Chinaglia como o "oficial", digamos assim. Não que Lula fosse ficar triste com a vitória de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas nos últimos dias o presidente parece ter se decidido pelo apoio a Arlindo, como se viu nas declarações do chefe da nação na manhã do dia derradeiro, das eleições no Congresso.

Este blog calculava, no entanto, que a oposição poderia dar a Aldo os votos que lhe reconduziriam à presidência da Câmara. Isto de fato quase aconteceu, Chinaglia venceu pela estreita margem de 25 votos. Como o voto é secreto, nunca será possível comprovar o que houve de um turno para outro, mais é bastante provável que os 25 votos que deram a vitória a Chinaglia tenham vindo justamente do PSDB, uma vez que os parlamentares da "terceira via" anunciaram apoio a Aldo Rebelo, ao passo que o líder tucano na Câmara anunciou que a bancada estava liberada para votar em qualquer dos candidatos. Foram, portanto, os votos do PSDB, possivelmente acertados entre Chinaglia e os governadores José Serra e Aécio Neves, por intermédio dos ex-líder Juthay Jr. (BA), que deram a vitória ao PT na disptua da Câmara. Este blog também considerava a possibilidade do acerto continuar valendo, mas calculava que a pressão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo voto em Aldo no segundo turno pudesse comover o tucanato. Não comove mais. Como diz o ditado, rei morto, rei posto. A bola está com Serra e Aécio e os dois, por questões regionais, preferiram Chinaglia. Resta saber se o PT vai cumprir a sua parte e eleger o PSDB nas assembléias estaduais de São Paulo e Minas...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...