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Por que o governador José Serra
não demitiu o presidente do Metrô?

O governador José Serra (PSDB) pode ser muita coisa, mas bobo, definitivamente, ele não é. Em plena Quarta-feira de Cinzas foi tornado público o pedido de demissão do presidente do Metrô, Luiz Carlos David. Serra aceitou as "razões pessoais" para o afastamento e nomeou, interinamente, o secretário de Transportes, José Luiz Portella, para o cargo.

Ora, até os contínuos do Palácio dos Bandeirantes sabem que David foi demitido e que a carta com o pedido de exoneração é puro teatro. Muita gente pode achar estranho Serra ter "perdido a chance" de mostrar autoridade e mandar o subordinado para casa enviando junto a conta do desgaste do desabamento da rua Capri. Há até quem diga que Serra esperou demais por um desfecho inevitável.

Este blog, no entanto, vê as coisas de outra forma: se o governador manteve o presidente do Metrô no cargo após a catástrofe que matou 7 inocentes e, na hora da saída, cuidou em evitar que David fosse humilhado publicamente com um atestado de incompetência, alguma coisa mais séria está em jogo.

A primeira e óbvia hipótese que emerge é a de que David pode falar coisas que Serra não gostaria de ouvir, especialmente sobre as relações das empreiteiras que tocam a obra mais cara em andamento no País e o tucanato. Também pode ser que o governador não queira melindrar seu antecessor Geraldo Alckmin, responsável pela nomeação de David para o Metrô. Os contínuos do Bandeirantes, porém, duvidam desta segunda hipótese...

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