Circula em Brasília a versão de que a bancada do PMDB na Câmara Federal "cedeu" e aceita a nomeação de José Gomes Temporão para a pasta da Saúde, mas espera uma pequena recompensa pelo despreendimento: o ministério do Turismo, hoje ocupado por Walfrido Mares Guia, que por sua vez poderia assumir a Articulação Política caso Tarso Genro seja mesmo deslocado para a Justiça. A postura do PMDB é malandra: "cedendo" o ministério da Saúde para Temporão, que foi indicado pelo governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral, e requisitando uma nova pasta como compensação, na prática o partido terá cinco representantes na Esplanada dos Ministérios... O problema é o velho ditado: quando a esperteza é demais, pode acabar comendo o dono.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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