Caçada ao terrorista mais famoso dos EUA rende série matadora
Existem filmes e séries baseadas em casos reais em que o caso em si é tão espetacular que prendem a atenção de quem assiste mesmo se a produção não for lá essas coisas. Este não é, definitivamente, o caso de Manhunt: Unabomber, em cartaz no Netflix e produzido pelo canal Discovery. A série retrata a caçada do FBI a Ted Kaczynski, criminoso que aterrorizou os EUA de 1978 a 1995, enviando cartas e pacotes-bomba pelo correio, matando três pessoas e ferindo e mutilando outras 23. O assassino se tornou célebre também por ter escrito um manifesto anárquico anti-industrialização, intitulado “A Sociedade Industrial e Seu Futuro”, que também traz atualidade ao enredo nestes tempos de revolução tecnológica – muito do que está no manifesto faz até mais sentido hoje do que fazia nos anos em que a história se passa.
A produção da Discovery é impecável, a fotografia, em especial da natureza do estado de Montana, onde o terrorista se refugia da civilização, é maravilhosa. Os atores principais atuam bem, Sam Worthington é o agente Jim Fitzgerald, o Fitz, e Paul Bettany faz um Ted Kaczynski que em alguns momentos lembra o Coringa de Joaquim Phoenix.
O que mais atrai na série naturalmente é a história da caçada. Sim, há alguns clichês hollywoodianos, como o afastamento de Fitz da Força Tarefa após a publicação do manifesto na mídia, sem que houvesse uma imediata identificação do Unabomber, mas é um detalhe menor. O ritmo é alucinante, dá para maratonar e matar os oito episódios em um final de semana, tranquilamente.
Dirigido por Greg Yaitanes (de House e Quarry), a série tem uma narrativa não linear, com flashbacks que explicam a vida do terrorista – seu passado de menino prodígio, com 16 anos em Harvard, PhD em matemática e cobaia de um experimento do FBI com “mentes frágeis” durante a passagem pela universidade mais que explicam a revolta de Ted com a sociedade industrial e sua revolta com o mundo de forma geral. Evidente que há o componente da maldade pura, também aparece em Kaczynski, mas a narrativa nos induz a “entender” – e de certa forma até a simpatizar com – as motivações do assassino.
Sem perseguições, tiroteios ou lutas – Ted se rende sem qualquer reação -, Manhunt prende a atenção com muito suspense psicológico e mostrando as reais ferramentas que o FBI dispunha para tentar localizar o terrorista. Não era grande coisa e não ia funcionar sem o plano de Fitz, outra ótima atuação, por sinal. Foi dele a ideia de publicar o manifesto em jornais para que alguém reconhecesse o “dialeto” do terrorista e o entregasse ao FBI. Dito e feito, mas demorou um pouco. Cunhada e irmão de Ted reconheceram e se depararam com o dilema de entregar um familiar. Entregar à morte, uma vez que a gravidade dos crimes levaria a este desfecho.
Tudo somado, Manhunt: Unabomber é uma série divertida, fácil de assistir mas que também nos leva a refletir sobre o mundo em que vivemos, hoje ainda mais cheio de controles que permitem governo e grandes corporações, especialmente as que controlam as redes sociais, saberem tudo e mais um pouco sobre as nossas vidas. Vale muito a pena assistir! #ficaadica. Por Luiz Antonio Magalhães em 29/3/20
Existem filmes e séries baseadas em casos reais em que o caso em si é tão espetacular que prendem a atenção de quem assiste mesmo se a produção não for lá essas coisas. Este não é, definitivamente, o caso de Manhunt: Unabomber, em cartaz no Netflix e produzido pelo canal Discovery. A série retrata a caçada do FBI a Ted Kaczynski, criminoso que aterrorizou os EUA de 1978 a 1995, enviando cartas e pacotes-bomba pelo correio, matando três pessoas e ferindo e mutilando outras 23. O assassino se tornou célebre também por ter escrito um manifesto anárquico anti-industrialização, intitulado “A Sociedade Industrial e Seu Futuro”, que também traz atualidade ao enredo nestes tempos de revolução tecnológica – muito do que está no manifesto faz até mais sentido hoje do que fazia nos anos em que a história se passa.
A produção da Discovery é impecável, a fotografia, em especial da natureza do estado de Montana, onde o terrorista se refugia da civilização, é maravilhosa. Os atores principais atuam bem, Sam Worthington é o agente Jim Fitzgerald, o Fitz, e Paul Bettany faz um Ted Kaczynski que em alguns momentos lembra o Coringa de Joaquim Phoenix.
O que mais atrai na série naturalmente é a história da caçada. Sim, há alguns clichês hollywoodianos, como o afastamento de Fitz da Força Tarefa após a publicação do manifesto na mídia, sem que houvesse uma imediata identificação do Unabomber, mas é um detalhe menor. O ritmo é alucinante, dá para maratonar e matar os oito episódios em um final de semana, tranquilamente.
Dirigido por Greg Yaitanes (de House e Quarry), a série tem uma narrativa não linear, com flashbacks que explicam a vida do terrorista – seu passado de menino prodígio, com 16 anos em Harvard, PhD em matemática e cobaia de um experimento do FBI com “mentes frágeis” durante a passagem pela universidade mais que explicam a revolta de Ted com a sociedade industrial e sua revolta com o mundo de forma geral. Evidente que há o componente da maldade pura, também aparece em Kaczynski, mas a narrativa nos induz a “entender” – e de certa forma até a simpatizar com – as motivações do assassino.
Sem perseguições, tiroteios ou lutas – Ted se rende sem qualquer reação -, Manhunt prende a atenção com muito suspense psicológico e mostrando as reais ferramentas que o FBI dispunha para tentar localizar o terrorista. Não era grande coisa e não ia funcionar sem o plano de Fitz, outra ótima atuação, por sinal. Foi dele a ideia de publicar o manifesto em jornais para que alguém reconhecesse o “dialeto” do terrorista e o entregasse ao FBI. Dito e feito, mas demorou um pouco. Cunhada e irmão de Ted reconheceram e se depararam com o dilema de entregar um familiar. Entregar à morte, uma vez que a gravidade dos crimes levaria a este desfecho.
Tudo somado, Manhunt: Unabomber é uma série divertida, fácil de assistir mas que também nos leva a refletir sobre o mundo em que vivemos, hoje ainda mais cheio de controles que permitem governo e grandes corporações, especialmente as que controlam as redes sociais, saberem tudo e mais um pouco sobre as nossas vidas. Vale muito a pena assistir! #ficaadica. Por Luiz Antonio Magalhães em 29/3/20
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