Quentin Tarantino na sua melhor forma; Brad Pitt e Leonardo di Caprio arrasando
Ao contrário do que o autor desta Dica apostava, Era uma vez em Hollwood não levou o Oscar de melhor filme em um ano de safra excepcional. Ainda assim, a dica é boa porque temos aqui cinema da melhor qualidade e atuações maravilhosas da dupla Brad Pitt – que levou para casa a estatueta de melhor ator coadjuvante na semana que passou – e Leonardo di Caprio, protagonista que só não levou porque ninguém tiraria o Oscar de melhor ator de Joaquim Phoenix neste ano, o melhor Coringa que já houve.
Em um ano normal, Quentin Tarantino certamente seria agraciado, mas este não foi um ano normal e Parasita acabou levando a melhor. Tudo que Tarantino faz merece ser visto, e com Era uma vez... não seria diferente. O diretor, aliás, também escreveu o roteiro e produziu a fita. O enredo é um dos pontos altos, em princípio o público entende que Tarantino vai contar, a sua maneira, a trágica história do assassinato de Sharon Tate (interpretada pela linda Margot Robbie, em atuação espetacular) por membros da seita de Charles Manson. Só que não é bem assim...
Recheado de referências cinematográficas e contando com uma ponta genial de Al Pacino, o filme é na verdade uma grande brincadeira de Tarantino com a Sétima Arte. Sim, ele também conta, a sua maneira, a história da seita Manson, o protagonista Rick Dalton inclusive é vizinho de Tate em Las Vegas, mas o desfecho do filme, eletrizante, termina de forma um pouco diferente daquele que ficou para a história – sem spoilers aqui.
Outro ponto alto é a atuação espetacular de Brad Pitt, agraciada com o Oscar. Cliff Booth, personagem de Pitt, é o dublê de Rick Dalton, além de motorista e faz-tudo do decadente ator, que consegue se transformar na Itália, para onde viaja com o intuito de fazer western-spaghetti e acaba se casando com uma bela morena. Cliff rouba a cena ao lado de seu cachorro, ultra-treinado e com participação decisiva nas cenas finais, que são Tarantino puro, lembrando seu primeiro filme, Cães de Aluguel, que também conta com a participação de um cão ao final. Autorreferência, talvez, e não a única, pois quem viu Pulp Fiction também percebe em Era uma vez... algumas tiradas parecidas com as que já haviam aparecido naquela que pode ser considerada a obra prima do diretor.
Duas cenas podem ser consideradas emblemáticas na fita. A luta entre Bruce Lee e Cliff é antológica, simplesmente desmoraliza o célebre lutador, que toma uma surra do personagem de Pitt. Outra é o momento em que Rick Dalton conversa com a atriz mirim com quem contracenaria em seguida, fumando e tossindo, ouvindo uma verdadeira declaração de amor ao cinema. Na sequência, Dalton arremessa a criança durante a filmagem, pergunta se ela havia se machucado e escuta de volta que não, pois ela havia se preparado com cotoveleira para amortecer a inesperada queda, não estava no script, era um caco...
Ao fim e ao cabo, Era Uma Vez em... Hollywood é uma comédia de humor negro sobre o mundo do cinema, sobre Hollywood, certamente, mas não apenas. Atores que não deram certo, um produtor muito malandro e esperto (vivido por Pacino), atrizes, o próprio Roman Polanski naturalmente aparece na trama – para quem não sabe ou não lembra, ele era o marido de Sharon Tate, que estava grávida do também diretor de cinema quando foi brutalmente assassinada em Vegas, na madrugada de 9 de agosto de 1969. Não deixa de ser irônico que Polanski tenha sido banido dos Estados Unidos por conta de acusações de estupro de uma adolescente de 13 anos, supostamente cometido na década de 1970.
Se você gosta de cinema, portanto, e mesmo se for jovem e não tiver visto tantos filmes até agora, vale a pena assistir Era uma vez em... Hollywood. Vale por Brad Pitt e Leo di Caprio, vale pela história, pelas cenas finais, mas vale sobretudo por Quentin Tarantino, talvez o diretor mais “fora da caixa” e criativo da atualidade. Não ganhou o Oscar porque Parasita estava realmente encantado e levou muito mais que qualquer integrante do time que o produziu jamais imaginaria que pudesse ganhar. Mas Tarantino é obrigatório para qualquer um que goste de filmes. Já está no Now, da Net, continua em cartaz no cinema. #ficaadica Por Luiz Antonio Magalhães em 14/02/2020.
Ao contrário do que o autor desta Dica apostava, Era uma vez em Hollwood não levou o Oscar de melhor filme em um ano de safra excepcional. Ainda assim, a dica é boa porque temos aqui cinema da melhor qualidade e atuações maravilhosas da dupla Brad Pitt – que levou para casa a estatueta de melhor ator coadjuvante na semana que passou – e Leonardo di Caprio, protagonista que só não levou porque ninguém tiraria o Oscar de melhor ator de Joaquim Phoenix neste ano, o melhor Coringa que já houve.
Em um ano normal, Quentin Tarantino certamente seria agraciado, mas este não foi um ano normal e Parasita acabou levando a melhor. Tudo que Tarantino faz merece ser visto, e com Era uma vez... não seria diferente. O diretor, aliás, também escreveu o roteiro e produziu a fita. O enredo é um dos pontos altos, em princípio o público entende que Tarantino vai contar, a sua maneira, a trágica história do assassinato de Sharon Tate (interpretada pela linda Margot Robbie, em atuação espetacular) por membros da seita de Charles Manson. Só que não é bem assim...
Recheado de referências cinematográficas e contando com uma ponta genial de Al Pacino, o filme é na verdade uma grande brincadeira de Tarantino com a Sétima Arte. Sim, ele também conta, a sua maneira, a história da seita Manson, o protagonista Rick Dalton inclusive é vizinho de Tate em Las Vegas, mas o desfecho do filme, eletrizante, termina de forma um pouco diferente daquele que ficou para a história – sem spoilers aqui.
Outro ponto alto é a atuação espetacular de Brad Pitt, agraciada com o Oscar. Cliff Booth, personagem de Pitt, é o dublê de Rick Dalton, além de motorista e faz-tudo do decadente ator, que consegue se transformar na Itália, para onde viaja com o intuito de fazer western-spaghetti e acaba se casando com uma bela morena. Cliff rouba a cena ao lado de seu cachorro, ultra-treinado e com participação decisiva nas cenas finais, que são Tarantino puro, lembrando seu primeiro filme, Cães de Aluguel, que também conta com a participação de um cão ao final. Autorreferência, talvez, e não a única, pois quem viu Pulp Fiction também percebe em Era uma vez... algumas tiradas parecidas com as que já haviam aparecido naquela que pode ser considerada a obra prima do diretor.
Duas cenas podem ser consideradas emblemáticas na fita. A luta entre Bruce Lee e Cliff é antológica, simplesmente desmoraliza o célebre lutador, que toma uma surra do personagem de Pitt. Outra é o momento em que Rick Dalton conversa com a atriz mirim com quem contracenaria em seguida, fumando e tossindo, ouvindo uma verdadeira declaração de amor ao cinema. Na sequência, Dalton arremessa a criança durante a filmagem, pergunta se ela havia se machucado e escuta de volta que não, pois ela havia se preparado com cotoveleira para amortecer a inesperada queda, não estava no script, era um caco...
Ao fim e ao cabo, Era Uma Vez em... Hollywood é uma comédia de humor negro sobre o mundo do cinema, sobre Hollywood, certamente, mas não apenas. Atores que não deram certo, um produtor muito malandro e esperto (vivido por Pacino), atrizes, o próprio Roman Polanski naturalmente aparece na trama – para quem não sabe ou não lembra, ele era o marido de Sharon Tate, que estava grávida do também diretor de cinema quando foi brutalmente assassinada em Vegas, na madrugada de 9 de agosto de 1969. Não deixa de ser irônico que Polanski tenha sido banido dos Estados Unidos por conta de acusações de estupro de uma adolescente de 13 anos, supostamente cometido na década de 1970.
Se você gosta de cinema, portanto, e mesmo se for jovem e não tiver visto tantos filmes até agora, vale a pena assistir Era uma vez em... Hollywood. Vale por Brad Pitt e Leo di Caprio, vale pela história, pelas cenas finais, mas vale sobretudo por Quentin Tarantino, talvez o diretor mais “fora da caixa” e criativo da atualidade. Não ganhou o Oscar porque Parasita estava realmente encantado e levou muito mais que qualquer integrante do time que o produziu jamais imaginaria que pudesse ganhar. Mas Tarantino é obrigatório para qualquer um que goste de filmes. Já está no Now, da Net, continua em cartaz no cinema. #ficaadica Por Luiz Antonio Magalhães em 14/02/2020.
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