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Pesquisas e tendências: SP, RJ e BH

Neste final de semana foram divulgadas várias pesquisas de intenção de voto sobre o cenário eleitoral em algumas das mais importantes capitais de Estado do Brasil. A campanha oficial já começou, mas é óbvio que o clima esquenta mesmo é com o horário eleitoral gratuito. Ainda assim, já dá para fazer alguns comentários gerais sobre o cenário em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Na capital paulista, a disputa está caminhando para a polarização entre PT e PSDB, com Marta Suplicy e Geraldo Alckmin divindindo a liderança em todos os últimos levantamentos dos institutos de pesquisa. O prefeito Gilberto Kassab (DEM), ainda não conseguiu decolar e não se cansa de repetir o que Geraldo Alckmin dizia em 2006 – quando começar a campanha na TV, o jogo vai mudar. Bem, até pode ser que mude, mas o cenário mais provável não é este. Ao contrário, o ex-prefeito Paulo Maluf é que tem conseguido exposição na mídia suficiente para crescer um pouco e empatar com Kassab. No fundo, o prefeito vai precisar de muito sangue frio para superar este momento da campanha e não deixar sua militância achar que a candidatura já foi por água abaixo.

Já no Rio e em Belo Horizonte o que chama atenção é o imenso contingente de indecisos. Basta olhar o percentual de intenção de votos do candidato que lidera as pesquisas para perceber que nas duas cidades as eleições estão totalmente abertas: no caso carioca, Marcelo Crivella (PRB) lidera com 23%, de acordo com o Ibope da semana passada, seguido de Jandira Feghali, que tem 14%. Os demais candidatos se situam todos abaixo dos 10%. Ora, isto mostra que não há favorito na corrida eleitoral no Rio, todos ainda podem crescer e vencer a eleição.

Em Belo Horizonte, a situação é parecida, mas a aliança que dá suporte ao candidato do PSB, Marcio Lacerda, apoiado pelo prefeito Fernando Pimentel, pelo governador Aécio Neves e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garante que a campanha na TV será suficiente para dar a ele uma vitória tranqüila em outubro. Pode até ser, mas o fato é que até agora Marcio não decolou, está em terceiro lugar, atrás da comunista Jô Moraes (PCdoB) e do candidato do PMDB, Leonardo Quintão. No caso de BH, a líder tem apenas 17% das intenções de voto, o que também revela um cenário aberto para o pleito na capital de Minas Gerais. Mas nunca é demais lembrar que faltam menos de dois meses e meio para a eleição e o tempo começa a correr contra os candidatos que estão atrás.

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