Pular para o conteúdo principal

DEM e Dantas, tudo a ver

Não é à toa que a oposição não está batendo no governo no Caso Daniel Dantas. Apesar da divulgação da conversa entre o chefe de gabinente da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e o advogado e ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, as reações foram pífias. Lendo a íntegra do relatório da Polícia Federal, dá para entender melhor tamanha cautela. Dois senadores Democratas – Kátia Abreu (TO) e Heráclito Fortes (PI) – aparecem muito mal na fita. No caso do PSDB, não é preciso nem ler o relatório, basta lembrar que Dantas se transformou no bilionário que é hoje durante o governo Fernando Henrique e sobretudo em função da privatização da Telebrás. Se mexer muito, acabam desenterrando Sérgio Motta...

No caso de Heráclito, as suspeitas são de relações demasiadamente íntimas com a turma de Dantas. Já Kátia Abreu, que era uma das esperanças dos democratas para a eleição presidencial de 2010, tem o problema oposto - é acusada de corrupção pelos amigos de seu colega do Piauí. E pelo que já foi publicado na imprensa, ela não resiste à uma investigação mais séria sobre o recebimento de propinas no modesto valor de R$ 2 milhões da OAS para dar "uma forcinha" em no projeto do Reporto, a fim de facilitar a privatização dos portos no país. Portanto, ou o DEM começa a trabalhar o nome de Cesar "Maluco" Maia para 2010, como fez em 2006, ou se resigna a continuar orbitando em torno do PSDB, o que é o cenário mais provável.

Tudo somado, este blog aposta que o Caso Dantas vai acabar na velha e boa pizza: mexer com o banqueiro só não é incômodo para os partidos ultra-radicais, como PCO e PSTU – até o PSOL deve ter alguma telha de vidro na relação com Dantas. Assim, com algum ruído aqui e ali, jogo de cena acolá, não dá mesmo para imaginar que Daniel Valente Dantas vá pagar pelos ilícitos que de fato cometeu. Talvez acabe com alguma pena educativa, como a aplicada a Silvinho Pereira, ex-secretário-geral do PT. E bola prá frente, que atrás vem gente...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe