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O papelão de Kassab

O destaque do final de semana foi mesmo o inacreditável e-mail enviado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para os subprefeitos com instruções nada claras sobre algo a ser feito em relação a uma pesquisa do instituto Datafolha. As instruções não são claras, mas a intenção que transparece é óbvia, qual seja a de interferir no resultado da enquete.

Seria apenas ridículo se o fato não revelasse que no exército do prefeito para a guerra eleitoral há pelo menos um quinta-coluna fazendo o jogo dos adversários. Afinal, não foi a repórter Renata Lo Prete quem esbarrou no e-mail do prefeito, alguém bem próximo de Kassab – a suspeita óbvia é que tenha sido algum dos subprefeitos – enviou para a jornalista da Folha a prova do crime.

Os dois fatores - uso da máquina pública na tentativa de influenciar a pesquisa e a traição de aliados – deixam Kassab mal na fita. Se ele não se recuperar logo no início da campanha na TV, a tendência é ser abandonado até pelo governador José Serra (PSDB), seu padrinho político. Neste caso, não será surpresa para este blog se Kassab terminar atrás de Maluf e até, quem sabe, de Soninha.

Comentários

  1. O dedo do intrigante-mor, do rei dos fofoqueiros, do conspirador de araque José Serra está com certeza por trás disso. Agora que está claro que o candidato do presidente eleito não tem a menor chance de emplacar, o órgão oficial do governo paulista começa a campanha de "desconstrução" do prefeito.

    É esperar pra ver. O perigo maior, pra essa corja toda, é que a Marta volte à prefeitura. Para salvaguardar esse objetivo maior que é impedir a (re)eleição da petista, aquele que é capaz de pisar no pescoço da própria mãe pra conseguir o que quer não vai ter o menor pudor em dar um pé no traseiro do pefelista.

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