A ex-diretora da Anac Denise Abreu começou a depor na comissão de Infra-Estrutura do Senado. Pelo que se ouviu até agora, no preâmbulo em que explicou as suas motivações, a mulher está bem calma e segura do que vai falar na seqüência. Se ela de fato tem bala na agulha, saberemos em breve, mas que não se espere de Denise o estilo "não sei de nada" de outros depoentes em episódios recentes e escândalos anteriores. Não deixa de ser irônico que a oposição toda tenha pedido da cabeça da "charuteira" Denise quando ela era diretora da Anac: agora, tucanos e democratas só faltam estender o tapete vermelho para madame...
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
Blog do Nassif
ResponderExcluir11/06/08 09:21
Veja, a TAM e a Varig
Há um conjunto amplo de fatos nebulosos que podem ser explorados, aprofundados, explicados ou denunciados no caso Varig.
A revista Veja resolveu enveredar por uma linha nova: a “denúncia” de que os controladores da Varig recusaram uma proposta muito mais vantajosa da TAM, preferindo vender para a Gol.
Desafiada a mostrar os documentos, apresentou uma carta na qual a TAM, respondendo a uma proposta dos controladores da Varig, comunica o interesse em discutir a questão; anota que o preço pedido (não o ofertado) é de R$ 1,2 bi; e que as negociações teriam caráter não-vinculativo – isto é, que sua carta não era apenas uma manifestação de intenção, não uma proposta.
O que determina o valor de venda obviamente não é o que o vendedor propõe, mas o que o(s) comprador(es) está disposto a pagar. E a TAM faria uma proposta depois de analisar a situação da Varig.
Vários fatores influem no preço final:
1. Os dados de desempenho e o valor estratégico da companhia.
2. Os fatores de risco (jurídico, financeiro, trabalhista etc.)
3. A pressa do vendedor.
Era fato público que os controladores estavam com a corda no pescoço. E é fato público – a partir do comunicado da TAM – que ela considerou excessivos os riscos do negócio e preferiu não apresentar uma proposta formal. Assim, apenas a Gol ficou no páreo e acabou pagando um preço salgado – em comparação com o preço pago pelo fundo no leilão da Varig -, mas logicamente muito abaixo das pretensões dos vendedores.
Portanto, se a única prova da revista é a carta da TAM, a matéria relatada pela revista não se sustenta nos fatos.
enviada por Luis Nassif