O novo e competente omubdsman do jornal Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, comentou em sua coluna deste domingo a vergonhosa manchete e o desastrado enfoque dado nas páginas internas às reportagens sobre doações de grandes empresas ao PT e ao PSDB, publicadas na última segunda-feira. Este blog comentou o assunto no mesmo dia em que a Folha estampava a prova de sua tendenciosidade, mostrando como o jornal se atrapalhou inclusive ao fazer as contas da suposta "rentabilidade" para as empresas das doações feitas ao PT. Na verdade, conforme este blog alertou e o ombunsdman confirma na coluna de hoje (reproduzida abaixo), pelo critério adotado na matéria da Folha, seria muito mais negócio fazer doações ao PSDB.
A seguir, a íntegra do texto de Carlos Eduardo Lins da Silva.
Doações a partidos
Em minha opinião e na dos 14 leitores que se manifestaram sobre o assunto ao ombudsman a reportagem que a Folha publicou na segunda sobre doações a partidos colecionou equívocos.
Ela mostra, com tom de denúncia, que grandes empresas que fizeram doações ao PT em 2007 receberam por serviços prestados ao governo federal no segundo mandato do presidente Lula quantia 54 vezes maior do que a doada.
As doações foram legais e são públicas. O jornal, ao questioná-las, pode passar a impressão de não aprovar esse tipo de operação prevista na legislação. Não preferirá, de certo, que se faça uso de caixa dois e de clandestinidade.
Por serem grandes empresas, é natural que elas viessem a receber grandes contratos do governo federal. Se as licitações e concorrências que venceram também não apresentam irregularidades, não há razão para espanto.
Em todos os países em que doações a partidos políticos são permitidas pela lei, é comum que grandes corporações as façam a todas as agremiações políticas em condições de chegar ao poder. No Brasil, não é exceção.
Tanto é assim, que em retranca separada e menor, não mencionada na capa, o jornal registrou que ao menos algumas das mesmas empresas também doaram ao PSDB e receberam por serviços prestados aos governos de São Paulo e Minas Gerais.
O mais estranho é que quem se dispôs a fazer as contas descobriu que a relação entre o doado e o recebido no caso do PSDB é muito maior do que no caso do PT. Mas o destaque tanto na primeira página quanto nas internas foi para as doações ao PT.
A seguir, a íntegra do texto de Carlos Eduardo Lins da Silva.
Doações a partidos
Em minha opinião e na dos 14 leitores que se manifestaram sobre o assunto ao ombudsman a reportagem que a Folha publicou na segunda sobre doações a partidos colecionou equívocos.
Ela mostra, com tom de denúncia, que grandes empresas que fizeram doações ao PT em 2007 receberam por serviços prestados ao governo federal no segundo mandato do presidente Lula quantia 54 vezes maior do que a doada.
As doações foram legais e são públicas. O jornal, ao questioná-las, pode passar a impressão de não aprovar esse tipo de operação prevista na legislação. Não preferirá, de certo, que se faça uso de caixa dois e de clandestinidade.
Por serem grandes empresas, é natural que elas viessem a receber grandes contratos do governo federal. Se as licitações e concorrências que venceram também não apresentam irregularidades, não há razão para espanto.
Em todos os países em que doações a partidos políticos são permitidas pela lei, é comum que grandes corporações as façam a todas as agremiações políticas em condições de chegar ao poder. No Brasil, não é exceção.
Tanto é assim, que em retranca separada e menor, não mencionada na capa, o jornal registrou que ao menos algumas das mesmas empresas também doaram ao PSDB e receberam por serviços prestados aos governos de São Paulo e Minas Gerais.
O mais estranho é que quem se dispôs a fazer as contas descobriu que a relação entre o doado e o recebido no caso do PSDB é muito maior do que no caso do PT. Mas o destaque tanto na primeira página quanto nas internas foi para as doações ao PT.
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