Pular para o conteúdo principal

Mala preta na Convenção

Ainda sobre a crise tucana, a novidade do dia foi a denúncia de um delegado do grupo de Geraldo Alckmin que teria sido "estimulado" a assinar a lista do documento que propõe a aliança do PSDB com Gilberto Kassab (DEM) por módicos R$ 100 mil, conforme se pode ler abaixo, em matéria da Folha Online. A continuar assim, deveriam chamar Paulo Maluf para, digamos, coordenar a convenção tucana...


Tucano diz que recebeu proposta de suborno de kassabistas

WANDERLEY PREITE SOBRINHO
MARCELO GUTIERRES
colaboração para Folha Online

A briga interna do PSDB em torno da indicação para concorrer à Prefeitura de São Paulo ganhou um novo personagem: Pedro Vicente, presidente do diretório do PSDB no Jardim São Luís, zona Sul de São Paulo. Ele afirmou nesta quinta-feira à Folha Online que recebeu uma proposta de R$ 100 mil "da parte dos vereadores do PSDB" para assinar a lista em favor da chapa encabeçada pelo atual prefeito Gilberto Kassab (DEM) e contrária à candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Vicente --que é favorável à candidatura Alckmin-- disse que os vereadores kassabistas montaram um "quartel general" para convencer o maior número possível de delegados a votar na chapa pró-Kassab. "Foi montado um quartel general comandado pelos vereadores", disse.

Ele disse que no último dia 9, por volta das 19h30, recebeu uma ligação de um homem que se identificou como membro do PSDB. Nessa ligação, ele pediu um encontro com Vicente para tratar da sucessão na capital paulista. "Ligaram no meu celular e perguntaram se eu era o Pedro Vicente."

Vicente afirma que aceitou o encontro, que foi marcado para acontecer no Carrefour Giovanni Gronchi, na zona sul da cidade. A reunião deveria acontecer no estacionamento do hipermercado, mas Vicente pediu para que ela fosse realizada na praça de alimentação "onde há câmeras para filmar."

"Chegando lá, ele falou que era do diretório estadual do PSDB. Eu perguntei de qual município, ele respondeu que era de São Paulo." Mas quando Vicente perguntou qual era o diretório zonal, o homem teria voltado a repetir "diretório estadual". "Aí eu perguntei o nome dele, que se identificou como Marcos Aurélio da Silva. Mas eu não sei se é verdade."

Vicente afirma que Marcos queria seu apoio para a candidatura Kassab porque ele seria muito influente no PSDB daquela região, que inclui nove diretórios: Piraporinha, Santo Amaro, Parelheiros, Cidade Ademar, Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim São Luís, Capela do Socorro e Grajaú.

"Ele disse que se eu aceitasse, me oferecia dois cargos na prefeitura. Eu ia escolher os cargos, ir na prefeitura com os documentos, que sairia tudo no Diário Oficial. Então eu questionei: 'cargo por seis meses?'. Ele me respondeu: 'então o seu negócio é dinheiro?' e eu respondi que não era um cara barato, que era para ver até onde ele iria chegar. Então ele me ofereceu R$ 100 mil e depois baixou para R$ 50 mil", afirmou Vicente.

Vicente disse que pediu um tempo para pensar a respeito. Então fez uma reunião com os nove diretórios. "Foi quando fiquei sabendo que esse Marcos ofereceu o mesmo para os líderes de Cidade Ademar, Grajaú e Paralheiros."

Segundo o delegado tucano, ficou combinado entre as partes que Marcos ligaria para Vicente amanhã às 12h para combinar o dia do pagamento.

Vicente também diz que foram registradas outras formas de coação por parte dos kassabistas. Ele afirma que motoboys foram contratados para visitar a casa de todos os delegados para colher suas assinaturas. "Muitos diziam que a assinatura era pró-Alckmin, então alguns assinaram por engano. Alguns motoboys disseram que a assinatura era só para os vereadores, não mencionava o Kassab."

O outro lado

"Esse moço está no partido há muito pouco tempo. Ele é um provocador", afirmou o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, defensor da aliança com o DEM. "Ele é o cara mais agitado da zona sul. Ele foi funcionário da subprefeitura."

Feldman disse que não conhece as motivações de Vicente para fazer essas denúncias, mas pediu provas para investigar o caso. "Se ele tem uma prova disso, isso nos interessa muito. Isso é um crime. Se a denúncia for consistente, temos de fazer uma prisão em flagrante."

Mesmo assim, ele ironizou a acusação. "Eu acho incrível que alguém ofereça um valor desse por um voto. Ele deve se considerar uma pessoa muito especial. Acho que é mentira. Mas, se tiver prova, temos o interesse de investigar."

O secretário defendeu o PSDB e isentou a ala alckimista, que poderia ter articulado a denúncia. "Isso não tem nada a ver com a nossa prática e a nossa conduta. Não acredito que ninguém que esteja nessa batalha tenha esse tipo de prática. No PSDB não tem esse tipo de prática. Eu jamais acusaria o outro lado sem ter prova."

Kassab

Kassab também negou a tentativa de suborno ao tucano. "Eu estou sabendo agora, mas tenho certeza absoluta que é muito provável que não tenha fundamento [a acusação]. São acusações eleitoreiras", afirmou.

Sobre o fato de terem oferecido cargo ao tucano, Kassab afirmou: "Espero que não seja verdadeira a afirmação. O PSDB tem história, tem quadros e um presidente de diretório não está à venda", afirmou.

Comentários

  1. O PSDB paulista só existe graças aos holerites do estado e também da Prefeitura (onde permanecem toda a turma do Serra, e tb do Alckmin). E onde falta convicção, vira leilão. Foi assim do PMDB do passado (Quércia, Fleury), é assim no tucanato de hoje.
    Não me surpreende nada que exista compra de votos, numa briga de foice como está sendo esta.
    Bem lembrado o Maluf: ele "coordenaria" muito melhor que o Serra...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe