Pular para o conteúdo principal

TAM nega ter feito oferta pela Varig;
Veja agora precisa apresentar provas

A nota reproduzida mais abaixo, da Agência Estado, revela que a TAM negou ter feito qualquer oferta pela Varig, embora reconheça ter avaliado o negócio – e seria de fato estranho a maior companhia aérea do país não ter analisado a possibilidade da compra da Varig.

Bem, com a negativa da TAM, ou a revista Veja apresenta alguma prova documental de que a companhia não apenas fez uma oferta, mas quis pagar exatos US$ 418 milhões a mais do que os US$ 320 milhões desembolsados pela GOL (a revista foi bastante precisa na cifra, note-se), ou então abre a fonte que forneceu a informação, a fim de que as autoridades possam investigar o que seria a maior negociata da história recente do Brasil, perdendo apenas para a privataria de Sergio Motta e seus comparsas.

Caso contrário, Veja mais uma vez se desmoraliza, a exemplo do caso dos já folclóricos dólares cubanos que "financiaram" a campanha de Lula em 2002, tendo um bêbado como piloto transportador da verdadeira fortuna que teria cruzado os céus da América Latina. Hoje se sabe que a campanha de Lula realmente não precisava da ajuda do comandante Fidel - e ele provavelmente nem teria ervanário disponível para ajudar o amigão –, mas a estapafúrdia teoria foi parar na capa da revista, em uma falta não apenas de critério jornalístico, mas de senso do ridículo.

Agora, voltando ao caso da venda da Varig, a bola está com Veja. Ou a revista tem provas do que escreveu – e neste caso o governo e a TAM estão encrencados – ou pode até se especializar em publicar peças de ficção, mas convém antes advertir o distinto público.

A seguir, a matéria da Agência Estado com o desmentido da TAM.

TAM informa que não fez oferta para comprar Varig


SÃO PAULO - A empresa TAM informou hoje que analisou oportunidades de investimentos no setor aéreo e não efetuou nenhuma proposta vinculativa no caso da Varig por considerar a relação risco/retorno desfavorável. Segundo reportagem veiculada na edição desta semana da revista Veja, a TAM teria apresentado uma oferta de US$ 738 milhões pela Varig. A revista questiona, então, por que a proposta da Gol, de US$ 320 milhões, foi aceita.

O caso da Varig virou polêmica desde que a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, afirmou que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez pressão a favor do fundo norte-americano Matlin Patterson e de três sócios brasileiros no processo de venda da VarigLog. O negócio violaria a legislação brasileira, que limita a 20% o capital estrangeiro nas companhias aéreas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...