Pular para o conteúdo principal

Alston, Varig e Detran-RS: a seguir
as cenas dos próximos capítulos

Deixando gabrielas e chalitas de lado, o blog volta a assuntos de alguma relevância para a Nação. Há no momento três grandes escândalos em curso no país dos escândalos: primeiro, temos o Caso Alston, que envolve políticos do PSDB de São Paulo com recebimento de propinas milionárias (em dólares, é bom que se diga), pagas pela multinacional francesa Alston para obter contratos e obras no Metrô paulistano e também em outras estatais. O episódio está sendo investigado na França e na Suíça e deve ser objeto de inquérito também aqui no Brasil, embora o governador José Serra (PSDB) até agora não tenha enxergado nenhum "fato" que merecesse ser objeto de investigação. Em outras palavras, ainda que no Brasil a coisa não ande depressa, o ritmo da apuração na Europa pode ditar o escândalo.

O segundo escândalo da hora é o da venda da Varig para a Gol. Até o presente momento, o que se tem é uma denúncia da ex-diretora da Anac Denise Abreu de que o governo, mais especificamente a Casa Civil, teria pressionado a agência para que a venda da Varig saísse de acordo com o que supostamente advogava Roberto Teixeira, o causídico compadre do presidente Lula, que pelo serviço teria recebido a bagatela de R$ 5 milhões. Mais ainda, segundo a revista Veja, a TAM teria feito uma oferta bem melhor, de US$ 738 milhões contra os US$ 320 milhões pagos pela Gol, ou seja, estariam "sobrando" US$ 418 milhões. Bem, neste caso, o próximo capítulo já está marcado e é o depoimento de Denise Abreu na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, na quarta-feira. Se ela confirmar o que já disse ao jornal O Estado de S. Paulo, o caso tende a se transformar em um problemão para o governo, do contrário, a coisa toda não vai passar de mais um episódio para animar os afoitos oposicionistas, mas sem maiores conseqüências práticas. Ademais, é preciso que a TAM confirme que estava disposta a pagar os tais R$ 738 milhões pela Varig. Se houver desmentido, a revista Veja mais uma vez estará desmoralizada.

O último caso, mais regional, envolve o governo de Yeda Cruisius (PSDB) no Rio Grande do Sul. Eleita para ser uma vitrine da modernidade tucana, Yeda realiza um dos mais desastrados governos estaduais da história gaúcha. Em menos de um ano e meio, a governador já rompeu com o seu vice e assistiu a uma série de denúncias de corrupção envolvendo o primeiro escalão da administração estadual. O caso da "arrecadação de fundos" para campanha com origem no dinheiro público do Dentran gaúcho é uma aberração, ainda maior se se considera que o denunciante é o vice-governador do Estado. O governo de Yeda acabou antes de começar e é muito difícil que ela se recupere até 2010. Pode até não sofrer impeachment, mas jamais a analogia do "pato manco" foi tão apropriada a alguém do que a Yeda Cruisius.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...