Alguns petistas mais aguerridos devem estar chateados com as recentes investidas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conquistar o apoio de parlamentares do PSDB e PFL. Neste fim de semana, por exemplo, Lula deu carona para diversos senadores, entre eles o amazonense Arthur Virgílio Neto, aquele tucano que um dia prometeu dar "uma surra" no presidente. A julgar pelos relatos dos jornais, a prosa foi boa e Lula prometeu chamar também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conversa, a fim de constituir o tal Conselho da República, que reuniria os ex-presidentes em um órgão e caráter consultivo.
Pode ser aborrecido para os petistas radicais, mas este movimento de estabelecer boa vizinhança com a oposição revela a esperteza de Lula. Ele sabe perfeitamente bem que o PSDB não tem um projeto alternativo ao seu e só não votaria temas de interesse do governo no Congresso se a radicalização que se instaurou na campanha eleitoral a partir do Dossiê Vedoin permanecesse viva no início do segundo mandato do presidente.
Ora, a crise já arrefeceu, mas algumas rusgas permanecem. Tudo que Lula precisava para iniciar o governo tranquilo era garantir um canal de interlocução com a oposição, uma vez que a maioria no Congresso deve ser obtida até com relativa facilidade, ao final da negociação com o PMDB, pois ninguém em sã consciência aposta que o partido possa vir a dar as costas e desprezar os cargos que serão oferecidos na administração federal.
Assim, ao dizer que deseja conversar com a oposição, Lula toma a iniciativa de controlar a agenda política e, na verdade, coloca tucanos e liberais em uma situação delicada, pois uma recusa para a conversa pode ser lida, pela população, como sinal de intolerância com um governo eleito por 58 milhões de brasileiros. Ademais, os tucanos, especialmente, vão pensar algumas vezes antes de sair batendo no presidente, uma vez que seus dois pré-candidatos para 2010 (Aécio e Serra) dependem muito do governo federal para realizar boas gestões em seus Estados.
Este blog aposta, portanto, que a tal "aproximação" de Lula com a oposição é apenas mais uma jogada política do presidente, pensada com antecedência e realizada com esmero. Se até Arthur Virgílio agora abaixa a voz para falar ao lado de Lula, dá para imaginar como está o clima no tucanato do baixo clero. A campanha eleitoral tensa pode ter enganado alguns desavisados, mas é preciso lembrar que estamos no Brasil: o adesismo ainda é a maior força política de qualquer governante em início de mandato. Que ninguém se surpreenda se Lula contar com a mais ampla maioria parlamentar que um presidente já teve na história brasileira. O primeiro teste real da força política do novo governo será em fevereiro, nas eleições das Mesas Diretoras da Câmara e Senado. Só então será possível contabilizar em números redondos o tamanho da bancada governista nas duas Casas e perceber melhor o comportamento das forças de oposição em relação ao presidente reeleito.
Pode ser aborrecido para os petistas radicais, mas este movimento de estabelecer boa vizinhança com a oposição revela a esperteza de Lula. Ele sabe perfeitamente bem que o PSDB não tem um projeto alternativo ao seu e só não votaria temas de interesse do governo no Congresso se a radicalização que se instaurou na campanha eleitoral a partir do Dossiê Vedoin permanecesse viva no início do segundo mandato do presidente.
Ora, a crise já arrefeceu, mas algumas rusgas permanecem. Tudo que Lula precisava para iniciar o governo tranquilo era garantir um canal de interlocução com a oposição, uma vez que a maioria no Congresso deve ser obtida até com relativa facilidade, ao final da negociação com o PMDB, pois ninguém em sã consciência aposta que o partido possa vir a dar as costas e desprezar os cargos que serão oferecidos na administração federal.
Assim, ao dizer que deseja conversar com a oposição, Lula toma a iniciativa de controlar a agenda política e, na verdade, coloca tucanos e liberais em uma situação delicada, pois uma recusa para a conversa pode ser lida, pela população, como sinal de intolerância com um governo eleito por 58 milhões de brasileiros. Ademais, os tucanos, especialmente, vão pensar algumas vezes antes de sair batendo no presidente, uma vez que seus dois pré-candidatos para 2010 (Aécio e Serra) dependem muito do governo federal para realizar boas gestões em seus Estados.
Este blog aposta, portanto, que a tal "aproximação" de Lula com a oposição é apenas mais uma jogada política do presidente, pensada com antecedência e realizada com esmero. Se até Arthur Virgílio agora abaixa a voz para falar ao lado de Lula, dá para imaginar como está o clima no tucanato do baixo clero. A campanha eleitoral tensa pode ter enganado alguns desavisados, mas é preciso lembrar que estamos no Brasil: o adesismo ainda é a maior força política de qualquer governante em início de mandato. Que ninguém se surpreenda se Lula contar com a mais ampla maioria parlamentar que um presidente já teve na história brasileira. O primeiro teste real da força política do novo governo será em fevereiro, nas eleições das Mesas Diretoras da Câmara e Senado. Só então será possível contabilizar em números redondos o tamanho da bancada governista nas duas Casas e perceber melhor o comportamento das forças de oposição em relação ao presidente reeleito.
E o começo dessa aproximação se deu no primeiro discurso do senador Mercadante depois das eleições.
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