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Primeiras impressões

Finalmente, após o ócio remunerado que a legislação trabalhista ainda nos permite, estamos de volta. Foram 15 dias fora do Brasil, 12 deles passados viajando pela ex-metrópole e 3 em Madrid. A primeira impressão do regresso é a de que quase nada se passou nesse período pós-eleitoral.

O problema dos aeroportos continua nas manchetes e a montagem da equipe do presidente reeleito caminha lentamente – o que era de se esperar –, mas a primeira leitura dos jornais revela que a virulência da oposição diminuiu substancialmente, como atesta a entrevista com Antonio Carlos Magalhães na Folha de S. Paulo de quinta-feira. A história do dossiê parece ter simplesmente sumido do noticiário e provavelmente boa parte dos brasileiros já não se lembra mais o nome dos "aloprados" do PT. Tudo isto, porém, era muito previsível: a vitória de Lula foi suficientemente forte para botar os oposicionistas mais radicais, pelo menos em um primeiro momento, no ostracismo.

Novidade mesmo desde que o blog tirou férias foi a derrota de Bush nos EUA e, ontem, a vitória de Ségolène Royal pela indicação para disputar pelo Partido Socialista a presidência da França. As mulheres estão bem na fita, pelo menos na política.

Passar alguns dias no exterior é muito útil porque permite uma visão um pouco mais distante dos problemas do nosso próprio país. A partir de hoje e enquanto a paciência dos leitores permitir, o Entrelinhas vai se dar ao luxo de mesclar os já tradicionais comentários sobre a conjuntura nacional com algumas análises baseadas neste "olhar de fora". Só para adiantar o expediente, o blog reparou que o presidente Lula é uma personalidade que recebe destaque diferenciado na imprensa européia. O espaço reservado ao Brasil nos grandes jornais da Europa ainda é pequeno, mas já é maior do que no decênio anterior. Não é nada, não é nada, o destaque ao ex-operário que se tornou presidente da República é bem maior do que o destinado ao intelectual da Sorbonne que habitou o Palácio da Alvorada antes de Lula. Nesta semana, por exemplo, os jornais espanhóis deram bom destaque para o encontro entre Chávez e Lula, na Venezuela. Em Portugal, logo após a eleição, os jornais destacaram a vitória petista até em editoriais.

Dizem algumas más línguas tucanas que em 2002 Fernando Henrique Cardoso torceu intimamente pela vitória de Lula porque esperava que o PT fosse um desastre no governo e, desta forma, a sua própria gestão acabaria passando para a história de uma forma mais positiva. A julgar pelo que o blog pôde observar do tratamento europeu a Lula, FHC e seu ego podem começar a se arrepender da torcida pela vitória do sapo barbudo. Pelo menos nos jornais que Cardoso lê, no idioma original, naturalmente, a imagem do presidente Lula está melhor do que poderiam supor os mensalões, mensalinhos e dossiês. Não é pouca coisa, mas que Lula também não se iluda: há quatro (duros) anos pela frente...

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