A se confirmar a idéia do presidente Lula de armar seu ministério apenas após as eleições para as presidências da Câmara e Senado, o Brasil vai viver um longo período de calmaria política neste verão. Dezembro está chegando e ainda deve reservar alguma atividade no Congresso, mas os deputados já fizeram a lição de casa, desobstruindo a pauta e votando os projetos mais importantes. Na semana que vem, o Senado Federal deve trabalhar um pouco também, só para variar, e com isto a atual legislatura se encerra gloriosamente, com a pauta limpa e os projetos de interesse do governo aprovados. Claro, ninguém é de ferro e vai sobrar aquele trabalhinho sujo de julgar as dezenas de deputados sanguessugas, mas isto pode esperar um pouco, já que após a posse muitos deles já nem serão deputados... Do ponto de vista do Executivo, há uma ou outra medida para "destravar" o Brasil a ser tomada ainda neste ano, bem como teremos na próxima semana a última reunião do Copom, que deve baixar um pouco mais a taxa de juros. As principais decisões, porém, devem ficar para 2007, com o novo ministério. Ou seja, devem ficar para março, após o Carnaval, quando finalmente começará de verdade o segundo mandato do presidente Lula. Até lá, teremos discursos "como nunca antes neste país", choramingo da oposição e muita disputa interna, no PT e nos partidos aliados, para decidir os nomes do novo governo.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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