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Jorge Rodini: sozinho, nem Pelé ganhou

O diretor do instituto Engrácia Garcia, Jorge Rodini, comenta hoje um assunto que conhece muito bem, até por já ter trabalhado em campanhas eleitorais no Estado: a política regional do Maranhão. Rodini escreve sobre o desenlace da eleição deste ano, em que Roseana Sarney entrou favorita e saiu derrotada, e comenta as declarações do marqueteiro do candidato vencedor, o pedetista Jackson Lago. A seguir, o texto de Rodini na íntegra:

Quando um marqueteiro dá uma declaração a uma revista de penetração nacional, como a que Antônio Melo deu à Veja vangloriando-se da vitória estupenda de Jackson Lago no Maranhão, precisamos ter muito cuidado para analisá-la.

O quadro pólítico maranhense adquiriu contornos plebiscitários em 2002. Como Ricardo Murad foi usado como "laranja" pelo grupo Sarney e como houve um grande erro estratégico da oposição buscando o apoio do candidato Roberto Rocha, retirando sua candidatura, o cargo foi dado de mão beijada ao candidato, na epoca sarneysista, José Reinaldo Tavares, atual governador.

O início da derrocada do grupo Sarney se deu com o rompimento de Alexandra Tavares, naquele tempo mulher do governador, com a família Sarney. A partir de então, estratégias e estratagemas começaram a ser urdidos por Jackson Lago e por Zé Reinaldo. A descontrução da imagem de Roseana (iniciada timidamente em 2002) e a incorporação de um candidato que pudesse ser beneficiado pelo poder estatal nos municípios (Vidigal) contribuiram para dar sustentação ao projeto vencedor. Depois sim, vieram os marqueteiros que colaboraram para o intento vitorioso. Mas também existiram os marqueteiros locais, detentores da sabedoria maranhense e conhecimento político da realidade do Estado e de campanhas anteriores.

Síntese: Quem trabalha com marketing político sempre tem que pensar em equipe e conjuntura, equipamentos e técnicas, experiências e conhecimento local.Ganhamos todos ou perdemos todos. Ganhar sozinho, nem Pelé ganhou.

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