Abertura da Newsletter da LAM, boa leitura e ótimo domingo a todos.
Para espanto de todo cidadão que acredita na ciência e na medicina, o governo federal tentou impedir, de forma atabalhoada, o início do programa de vacinação com a CoronaVac, apelido da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, no Estado de São Paulo. No início da semana, o governador João Doria anunciou o cronograma do programa, que terá início em 25 de janeiro do ano que vem com idosos e profissionais de saúde. O ministro da Saúde convocou coletiva para dizer que isto não seria possível, porque a Anvisa levaria dois meses, no mínimo, para aprovar a vacina. Ao longo da semana, felizmente, Eduardo Pazuello, titular da pasta em questão, recuou e tentou recuperar o terrendo, anunciando que também o governo federal iniciaria um programa em janeiro ou até mesmo antes, em dezembro.
A condução da crise desencadeada pela pandemia no Brasil vem sendo desastrosa, seja no campo da Saúde, seja na Economia. Nem o presidente Jair Bolsonaro tem um plano em mente, nem o ministro Paulo Guedes parece ter compreendido o alcance do que estamos vivendo. Até aqui, só assistimos a improvisos e medidas tomadas no calor dos acontecimentos. O auxílio emergencial, por exemplo, foi introduzido por pressão da oposição e se tornou realidade por intermédio do Congresso Nacional, e não pelo governo federal.
A medida rendeu popularidade a Bolsonaro, que passou a defender a prorrogação da vigência do auxílio, contra a vontade e crenças de Guedes. De improviso em improviso, vamos seguindo rumo aos 200 mil mortos pelo novo coronavírus, agora na segunda onda, claramente.
João Doria não nasceu ontem e percebeu que poderia se cacifar politicamente com a vacina. Desde março, a postura do governador é muito mais razoável do que a do presidente e de muitos de seus colegas. A equipe que o assessora na Saúde é muito qualificada e pelo menos em São Paulo as medidas tomadas têm sido acertadas, poucos foram os erros de condução da crise. Nesta semana mesmo Doria anunciou mais um recuo ao restringir o funcionamento de bares e casas noturnas, demonstrando bom senso ante o aumento de internações e mortes por Covid-19 em todo o país.
Agora é esperar que outros governadores e o próprio presidente tenham um mínimo de lucidez e acordem para o problema. Vacina para todos, e já, ou estamos lascados. (por Luiz Antonio Magalhães em 12/12/20)
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