O que vai abaixo é o artigo do autor destas Entrelinhas para o Correio da Cidadania. Em primeira mão para os leitores do blog.
Depois da crise de 2005 e 2006, a política brasileira vem passando por uma fase de relativa calmaria. É verdade que o clima às vezes esquenta por conta de um dossiê aqui, outra denúncia acolá, mas no fundo o cenário da economia em franca expansão acaba trazendo não apenas popularidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como também uma certa interdição do debate de idéias no país.
Os leitores certamente notaram que nos últimos meses os principais líderes da oposição com chance de bater o PT na eleição de 2010 – os governadores Aécio Neves, de Minas Gerais, e José Serra, de São Paulo, ambos tucanos – simplesmente pararam de criticar o governo federal.
Serra não diz absolutamente nada sobre coisa alguma desde que assumiu a prefeitura de São Paulo, pois parece ter gostado do marketing criado para aquela campanha, repetido quando ele concorreu ao governo do estado, que consiste em falar apenas generalidades e dar uma boa lustrada em sua biografia, tentando convencer o eleitorado de que ele é o "mais preparado" para a administração pública brasileira, ao passo que seus adversários todos seriam meros amadores. É possível que Serra tenha sido mais combativo ao questionar a política econômica de Fernando Henrique Cardoso, seu correligionário, do que a de Lula, seu adversário. Mais recentemente, o governador paulista decidiu aceitar convites para aparecer a lado de Lula em eventos dos mais variados, como inagurações de obras do PAC ou lançamento da Política Industrial.
De Aécio, então nem é preciso falar: age praticamente como um parceiro de Lula, patrocinando uma candidatura em Belo Horizonte na qual o PSB é cabeça de chapa e o PT fica com a vice, excluindo seu próprio partido, o PSDB, que participaria da aliança com a esperança de, uma vez eleita a chapa, participar do governo municipal em algumas secretarias. Mais ainda: quem é o candidato de Aécio ao governo de Minas em 2010? É o petista Fernando Pimentel, atual prefeito de BH, que em contrapartida poderia apoiar Aécio em uma eventual candidatura à presidência da República.
Trocando em miúdos, o maior partido de oposição do país a rigor não faz oposição alguma ao governo, pelo menos não neste momento. No fundo, o coro dos descontentes ficou limitado hoje à extrema esquerda e ao DEM, sobre o qual seria até injusto qualificar como extrema-direita, pois trata-se apenas de um saco de gatos pingados que foram excluídos do banquete fisiológico servido pelo governo federal. Nos dois casos, os descontentes guardam como semelhança a extrema incompetência em se comunicar com a população – basta ver como Agripino Maia e Heloísa Helena se parecem em seus recentes discursos de tom udenista-desastrado.
Governo em ação: agora é Dilma?
Se o presidente Lula tem tido a sorte de contar com o vigoroso crescimento da economia e, ao mesmo tempo, com a absoluta tibieza da oposição, é fato que ele ainda não está com a vida ganha, como se diz no campo da malandragem, porque não tem ainda um "sucessor natural" que pudesse absorver a força da altíssima popularidade do governo e do presidente. Muita gente já tem certeza que o nome é Dilma Rousseff, a ministra da Casa Civil que já começa a ser conhecida como "mãe do PAC". É um pouco cedo, embora o PAC já seja a grande bandeira eleitoral da eleição de 2010. Ademais, como bem lembrou o experiente deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), um nome como o de Dilma, que não foi "curado pelo tempo", é mais suscetível a oscilações, coisa que não acontece com a turma que está nessa estrada há muitos anos, como Serra, Lula e Aécio.
Outro experiente parlamentar que prefere falar em off diz que Lula só não parte para o terceiro mandato porque acha difícil aprovar a mudança constitucional no Senado – "na Câmara passa com mais de 400 votos, no Senado faltam pelo menos dois ou três. Só daria certo se o pedido viesse das ruas", explica. Segundo este mesmo parlamentar, o presidente está agindo com habilidade no trato da oposição, fomentando a disputa entre Serra e Aécio no PSDB, mas sem permitir que qualquer um deles se fortaleça em demasia neste momento, a fim de que a definição da candidatura só ocorra mesmo em 2010, desgastando os dois pré-candidatos internamente. Por outro lado, continua a fonte, Lula não se compromete com nenhum nome da base aliada, embora tenha "carregado" bastante a ministra Dilma nos últimos tempos.
Lula conhece melhor que ninguém o que significa uma eleição presidencial – já disputou 5 delas. Se aparenta não ter uma estratégia definida neste momento, é porque está observando o cenário e tentando ouvir a voz rouca das ruas, como dizia seu antecessor na presidência. A pressão da mídia para que ele esqueça o terceiro mandato é grande, enorme. Resta saber se o presidente aguenta a outra pressão - do PT e da massa para que ele concorra mais uma vez...
Depois da crise de 2005 e 2006, a política brasileira vem passando por uma fase de relativa calmaria. É verdade que o clima às vezes esquenta por conta de um dossiê aqui, outra denúncia acolá, mas no fundo o cenário da economia em franca expansão acaba trazendo não apenas popularidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como também uma certa interdição do debate de idéias no país.
Os leitores certamente notaram que nos últimos meses os principais líderes da oposição com chance de bater o PT na eleição de 2010 – os governadores Aécio Neves, de Minas Gerais, e José Serra, de São Paulo, ambos tucanos – simplesmente pararam de criticar o governo federal.
Serra não diz absolutamente nada sobre coisa alguma desde que assumiu a prefeitura de São Paulo, pois parece ter gostado do marketing criado para aquela campanha, repetido quando ele concorreu ao governo do estado, que consiste em falar apenas generalidades e dar uma boa lustrada em sua biografia, tentando convencer o eleitorado de que ele é o "mais preparado" para a administração pública brasileira, ao passo que seus adversários todos seriam meros amadores. É possível que Serra tenha sido mais combativo ao questionar a política econômica de Fernando Henrique Cardoso, seu correligionário, do que a de Lula, seu adversário. Mais recentemente, o governador paulista decidiu aceitar convites para aparecer a lado de Lula em eventos dos mais variados, como inagurações de obras do PAC ou lançamento da Política Industrial.
De Aécio, então nem é preciso falar: age praticamente como um parceiro de Lula, patrocinando uma candidatura em Belo Horizonte na qual o PSB é cabeça de chapa e o PT fica com a vice, excluindo seu próprio partido, o PSDB, que participaria da aliança com a esperança de, uma vez eleita a chapa, participar do governo municipal em algumas secretarias. Mais ainda: quem é o candidato de Aécio ao governo de Minas em 2010? É o petista Fernando Pimentel, atual prefeito de BH, que em contrapartida poderia apoiar Aécio em uma eventual candidatura à presidência da República.
Trocando em miúdos, o maior partido de oposição do país a rigor não faz oposição alguma ao governo, pelo menos não neste momento. No fundo, o coro dos descontentes ficou limitado hoje à extrema esquerda e ao DEM, sobre o qual seria até injusto qualificar como extrema-direita, pois trata-se apenas de um saco de gatos pingados que foram excluídos do banquete fisiológico servido pelo governo federal. Nos dois casos, os descontentes guardam como semelhança a extrema incompetência em se comunicar com a população – basta ver como Agripino Maia e Heloísa Helena se parecem em seus recentes discursos de tom udenista-desastrado.
Governo em ação: agora é Dilma?
Se o presidente Lula tem tido a sorte de contar com o vigoroso crescimento da economia e, ao mesmo tempo, com a absoluta tibieza da oposição, é fato que ele ainda não está com a vida ganha, como se diz no campo da malandragem, porque não tem ainda um "sucessor natural" que pudesse absorver a força da altíssima popularidade do governo e do presidente. Muita gente já tem certeza que o nome é Dilma Rousseff, a ministra da Casa Civil que já começa a ser conhecida como "mãe do PAC". É um pouco cedo, embora o PAC já seja a grande bandeira eleitoral da eleição de 2010. Ademais, como bem lembrou o experiente deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), um nome como o de Dilma, que não foi "curado pelo tempo", é mais suscetível a oscilações, coisa que não acontece com a turma que está nessa estrada há muitos anos, como Serra, Lula e Aécio.
Outro experiente parlamentar que prefere falar em off diz que Lula só não parte para o terceiro mandato porque acha difícil aprovar a mudança constitucional no Senado – "na Câmara passa com mais de 400 votos, no Senado faltam pelo menos dois ou três. Só daria certo se o pedido viesse das ruas", explica. Segundo este mesmo parlamentar, o presidente está agindo com habilidade no trato da oposição, fomentando a disputa entre Serra e Aécio no PSDB, mas sem permitir que qualquer um deles se fortaleça em demasia neste momento, a fim de que a definição da candidatura só ocorra mesmo em 2010, desgastando os dois pré-candidatos internamente. Por outro lado, continua a fonte, Lula não se compromete com nenhum nome da base aliada, embora tenha "carregado" bastante a ministra Dilma nos últimos tempos.
Lula conhece melhor que ninguém o que significa uma eleição presidencial – já disputou 5 delas. Se aparenta não ter uma estratégia definida neste momento, é porque está observando o cenário e tentando ouvir a voz rouca das ruas, como dizia seu antecessor na presidência. A pressão da mídia para que ele esqueça o terceiro mandato é grande, enorme. Resta saber se o presidente aguenta a outra pressão - do PT e da massa para que ele concorra mais uma vez...
O novo Estado populista adota estratégia de atalhos políticos para alcançar, massivamente, a ordem social voltada ao assistencialismo que interfere diretamente na produção de votos no processo eleitoral.
ResponderExcluirO sistema social articulado com o subsistema de proteção social que incorpora fragmentos dos grupos excluídos da força de trabalho, parte do pressuposto que é mais fácil entrar nessa ambiência sob o manto sagrado do Estado, cuja sustentabilidade torna-se cada vez mais evidente a força motriz da política rumo ao poder continuado. De fato, o Estado, que de então, sempre dominado pelo segmento oligárquico rural, mediante uso do assistencialismo direto ao operário do campo, exauriu-se diante do incontrolável êxodo rural.
O Estado político urbano acolhendo todo esse manancial de novos eleitores expulsos do meio rural e dos lugarejos agrourbanos, que desembarcam nas metrópoles com o fito de melhor qualidade de vida, tornaram-se presas fáceis dos políticos do Estado populista, cuja ética não é medida pelo comportamento humano, mas, sim, pelos resultados obtidos ao alcance do poder.Para tanto, houve necessidade de criação de um novo cenário político com fulcro na demagogia que se tornou fator crítico de sucesso, pressuposto fatal da ordem política de dominação da camada de gente ávida de melhor qualidade de vida.Dessarte, tais problemas políticos, apesar de esforços do segmento desenvolvimentista que atua no longo prazo, o Estado populista aproveitando o vácuo dos resultados, tempestivamente, alcança o desiderato, com atalhos políticos de fácil manejo de curto prazo de chegada e permanência no poder político do país. As oposições políticas partidárias teimam em não compreender o novo processo de conquista do poder que assola o país, quer nos aspectos institucionais, bem como nos quadros políticos. Por detrás do novo cenário o Governo Lula ocupou território político de difícil penetração, porque seus espaços habilitados não são vistos pela oposição que luta pela reconquista do poder, porém, com métodos políticos não condizentes com o Estado populista. Demais essa mudança do eixo nas políticas sociais ocorre, hoje, no Brasil, no composto de um Estado na escuridão e de complexa gestão política institucional. Tendo em vista a moral, a ética e a honestidade possam existir, dessarte, já alcançou de forma avassaladora à sociedade brasileira como um todo no defronto e confronto com essas vicissitudes.