Realmente, não dá para contestar: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um homem de muita sorte. Um dia depois da agência canadense de risco ter elevado o Brasil ao grau de investimento, em meio às más notícias na área econômica, em especial os indícios de retorno da inflação, eis que vem a agência Fitch, uma das três que de fato importam (as outras são a Standard & Poor´s e a Moody´s), e anuncia que também vai classificar o Brasil como investment grade. Na prática, a notícia é de fato importante porque muitos fundos de investimento só podiam recomendar a aplicação de recursos no país quando pelo menos duas grandes agências de risco avalizassem o país, o que acaba de acontecer na tarde desta quinta-feira. Tudo somado, a oposição pode dizer muito de Lula, mas jamais poderá acusar o presidente de ser um homem azarado.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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