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Uma bomba por semana e a crise permanente

Abertura da Newsletter da LAM Comunicação desta semana. Bom domingo a todos.

Enquanto o Brasil caminha aceleradamente para chegar em primeiro lugar no ranking macabro de mortes por Covid-19, neste sábado o país contabilizou 57 mil mortos, sete a mais do que sete dias atrás, a crise política parece ter se tornado permanente, e nela o presidente Jair Bolsonaro se equilibra, paradoxalmente. Do ponto de vista econômico, o governo colheu uma vitória importante ao aprovar no Congresso, na quarta-feira, o novo marco regulatório do Saneamento, que tramitava há anos no legislativo, fato este ofuscado, na esfera política, pelas sucessivas entrevistas do advogado Frederick Wassef, figura que ganhou espaço no noticiário após a prisão de Fabrício Queiroz, seu hóspede em Atibaia. À revista Veja Wassef declarou ter escondido Queiroz para proteger o presidente Bolsonaro.
Outro gol do governo, a nomeação de Carlos Alberto Decotelli – ex-presidente da FNDE, negro e professor - para o ministério da Educação, foi anulado em seguida: o novo titular não deve durar muito no cargo se não explicar consistentemente a denúncia de que teria cometido plágio em sua dissertação de mestrado no curso de Administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV), que prometeu investigar o caso, e também a maquiagem em seu currículo, já que o reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, afirmou que ele não concluiu o doutorado e que sua tese foi reprovada.
Apesar de tudo isto e da ausência de um ministro na pasta da Saúde em plena pandemia, Bolsonaro mostrou que tem força no Congresso com a aprovação de projeto importante para a área econômica, e, no campo político, a mais recente pesquisa de avaliação de sua gestão mostra que cerca de 30% dos eleitores continuam aprovando o presidente.
O fato é que Bolsonaro passou a surfar na onda da pandemia, confrontando a mídia diariamente, chamando a oposição para a briga, em especial o PT, pregando a reabertura da economia em embate direto com a visão de todos os especialistas, e, no que é muito bom, pregando para convertidos. O presidente do Brasil fala para os seus e não para o restante do eleitorado. Está em campanha ativa enquanto seus possíveis adversários batem cabeça, não apresentam alternativas nem para a crise de Saúde, muito menos para a da economia, deixando o ministro Paulo Guedes confortável e seguro em sua agenda. É bem verdade que tal agenda já mudou muito em relação ao que o Posto Ipiranga planejava para o país, porém ainda assim ele vem conduzido as mudanças liberalizantes e privatizantes sem grandes confrontos.
Aparentemente, a inação dos opositores se deve ao fato de acharem que a melhor estratégia é deixar Bolsonaro “sangrando” até 2022 para apenas lá derrotá-lo. É uma visão míope e tacanha do processo político, uma vez que as chances do presidente se reeleger serão tão maiores quanto mais robusta for a recuperação econômica no ano eleitoral de 2022, e ela virá, até porque a queda será tão grande em 2020/21 que não há como não ocorrer uma melhoria em cima de uma base destroçada do biênio anterior. Quem escapar do coronavírus verá. (por Luiz Antonio Magalhães em 27/6/20)



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