Da Newsletter da LAM Comunicação desta semana, boa leitura!
Criador de La Casa de Papel arrasa ao retratar a vida loka em Ibiza
White Lines, nova série que estreou na Netflix recentemente e chegou ao Brasil em 15 de maio, vale a pena ser assistida. Álex Pina, o criador de La Casa de Papel, traz temáticas bem diferentes desta vez, mas é possível reconhecer o seu estilo particular facilmente, porque White Lines carrega bem no acento espanhol, embora seja uma produção britânico-espanhola. O humor presente em Casa volta nesta série, que se passa na badalada ilha de Ibiza e acompanha a jornada de uma mulher tentando desvendar o assassinato de seu irmão. Zoe Walker (Laura Haddock) é irmã do DJ Axel Collins (Tom Rhys Harries), um jovem que deixou a fria Manchester enquanto ela ainda era adolescente para se tornar uma estrela da música. Pouco tempo depois ele some e, após 20 anos, seu corpo é encontrado no deserto de Almeria, na Espanha, o que ocorre no meio da série e modifica seu ritmo, fazendo o telespectador maratonar.
O nome da série foi mal traduzido para o Brasil, já que na verdade se trata de uma referência óbvia ao consumo de cocaína (carreiras brancas seria mais fiel), droga que movimenta as baladas e a vida loka na ilha de Ibiza. Orgias, swing, traições – a começar pela da protagonista com Boxer (Nuno Lopes, em grande atuação), segurança da família Calafat, cujo patriarca é um milionário sem escrúpulos e que de certa forma controla a vida noturna local, administrando cartéis de drogas e uma família completamente despedaçada.
Os Calafat, por sinal, são um espetáculo à parte, tamanho o grau de perversão de cada personagem: além do pai Andreu (Pedro Casablanc), a mãe, Conchita (Belén López), foi amante do irmão morto de Zoe, que vinha a ser namorado da sua filha Kika (Marta Milans), e dormia com o próprio filho Oriol (Juan Diego Botto) quando adolescente, masturbando-o “para que se tornasse heterossexual”. Kika, por sua vez, larga a família para viver nos Estados Unidos e nunca consegue estabelecer um relacionamento estável, praticando a bissexualidade como válvula de escape para suas frustrações emocionais.
O núcleo central da trama é constituído pelo grupo de amigos de Axel: Marcus (Daniel Mays, outro que arrasa na interpretação), Anna (Angela Griffin), ex-mulher de Marcos, britânica que passa a ganhar a vida promovendo orgias em sua mansão, Davi (Laurence Fox), ex-amante de Axel que depois de curar o vício em heroína vira uma espécie de guru esotérico. Kika, Boxer e Oriol completam o time.
A série traz muitos flashbacks do tempo em que todos eram jovens, há outros atores que interpretam os personagens 20 anos antes do momento em que a trama se passa. O mais interessante é acompanhar a trajetória de Zoe, sua libertação sexual com Boxer, a luta insana para descobrir o assassino de seu irmão, que só é revelado naturalmente no último episódio da temporada, são dez no total. Claro que há reviravoltas sem qualquer verossimilhança, cenas irreais, como a perseguição da polícia ao carro de Boxer dirigido por Zoe, um automóvel antigo que consegue despistar os modernos da polícia espanhola, por exemplo. E há muita, mas muita cena de violência, lutas, tiros e muito sexo semi explícito, o que fez a censura classificar em aconselhável para maiores de 18 anos. Não é uma série para se ver com a família ou crianças na sala.
O que mais interessa em White Lines, no fundo, é a reflexão sobre no que se transformou o modo de vida hippie e libertário dos anos 60 e 70 neste novo século. O que Pina nos traz é desanimador, pessimista, mas no fundo faz todo sentido. Vidas que se perderam lá atrás e hoje, gente que vive de ilusão, em denial, sem qualquer perspectiva de futuro. Curiosamente, ninguém de fato trabalha no núcleo central, salvo Zoe, Boxer e Oriol, são todos sanguessugas das famílias ou de rendas duvidosas, como é o caso de Marcus, o mais sincero (e divertido) dos personagens.
White Lines é um bom programa para quem quer refletir sobre temas profundos, relacionamentos em especial, food for thoughts, como se diz em inglês, uma das duas línguas da série, por sinal, a outra naturalmente é o espanhol. O choque de culturas – britânica e espanhola – também está o tempo todo presente e diverte bastante. Ao terminar de assistir o último episódio, o telespectador certamente irá dormir com algumas pulgas atrás da orelha, especialmente quem tem mais de 40 anos e viveu um pouco as mesmas situações dos personagens da série. “O que é que a vida fez da minha vida?”, canta Marisa Monte em versão brasileira de uma canção italiana. É isto que fica, e vale muito assistir. #ficaadica! (por Luiz Antonio Magalhães, em 20/6/2020)
Criador de La Casa de Papel arrasa ao retratar a vida loka em Ibiza
White Lines, nova série que estreou na Netflix recentemente e chegou ao Brasil em 15 de maio, vale a pena ser assistida. Álex Pina, o criador de La Casa de Papel, traz temáticas bem diferentes desta vez, mas é possível reconhecer o seu estilo particular facilmente, porque White Lines carrega bem no acento espanhol, embora seja uma produção britânico-espanhola. O humor presente em Casa volta nesta série, que se passa na badalada ilha de Ibiza e acompanha a jornada de uma mulher tentando desvendar o assassinato de seu irmão. Zoe Walker (Laura Haddock) é irmã do DJ Axel Collins (Tom Rhys Harries), um jovem que deixou a fria Manchester enquanto ela ainda era adolescente para se tornar uma estrela da música. Pouco tempo depois ele some e, após 20 anos, seu corpo é encontrado no deserto de Almeria, na Espanha, o que ocorre no meio da série e modifica seu ritmo, fazendo o telespectador maratonar.
O nome da série foi mal traduzido para o Brasil, já que na verdade se trata de uma referência óbvia ao consumo de cocaína (carreiras brancas seria mais fiel), droga que movimenta as baladas e a vida loka na ilha de Ibiza. Orgias, swing, traições – a começar pela da protagonista com Boxer (Nuno Lopes, em grande atuação), segurança da família Calafat, cujo patriarca é um milionário sem escrúpulos e que de certa forma controla a vida noturna local, administrando cartéis de drogas e uma família completamente despedaçada.
Os Calafat, por sinal, são um espetáculo à parte, tamanho o grau de perversão de cada personagem: além do pai Andreu (Pedro Casablanc), a mãe, Conchita (Belén López), foi amante do irmão morto de Zoe, que vinha a ser namorado da sua filha Kika (Marta Milans), e dormia com o próprio filho Oriol (Juan Diego Botto) quando adolescente, masturbando-o “para que se tornasse heterossexual”. Kika, por sua vez, larga a família para viver nos Estados Unidos e nunca consegue estabelecer um relacionamento estável, praticando a bissexualidade como válvula de escape para suas frustrações emocionais.
O núcleo central da trama é constituído pelo grupo de amigos de Axel: Marcus (Daniel Mays, outro que arrasa na interpretação), Anna (Angela Griffin), ex-mulher de Marcos, britânica que passa a ganhar a vida promovendo orgias em sua mansão, Davi (Laurence Fox), ex-amante de Axel que depois de curar o vício em heroína vira uma espécie de guru esotérico. Kika, Boxer e Oriol completam o time.
A série traz muitos flashbacks do tempo em que todos eram jovens, há outros atores que interpretam os personagens 20 anos antes do momento em que a trama se passa. O mais interessante é acompanhar a trajetória de Zoe, sua libertação sexual com Boxer, a luta insana para descobrir o assassino de seu irmão, que só é revelado naturalmente no último episódio da temporada, são dez no total. Claro que há reviravoltas sem qualquer verossimilhança, cenas irreais, como a perseguição da polícia ao carro de Boxer dirigido por Zoe, um automóvel antigo que consegue despistar os modernos da polícia espanhola, por exemplo. E há muita, mas muita cena de violência, lutas, tiros e muito sexo semi explícito, o que fez a censura classificar em aconselhável para maiores de 18 anos. Não é uma série para se ver com a família ou crianças na sala.
O que mais interessa em White Lines, no fundo, é a reflexão sobre no que se transformou o modo de vida hippie e libertário dos anos 60 e 70 neste novo século. O que Pina nos traz é desanimador, pessimista, mas no fundo faz todo sentido. Vidas que se perderam lá atrás e hoje, gente que vive de ilusão, em denial, sem qualquer perspectiva de futuro. Curiosamente, ninguém de fato trabalha no núcleo central, salvo Zoe, Boxer e Oriol, são todos sanguessugas das famílias ou de rendas duvidosas, como é o caso de Marcus, o mais sincero (e divertido) dos personagens.
White Lines é um bom programa para quem quer refletir sobre temas profundos, relacionamentos em especial, food for thoughts, como se diz em inglês, uma das duas línguas da série, por sinal, a outra naturalmente é o espanhol. O choque de culturas – britânica e espanhola – também está o tempo todo presente e diverte bastante. Ao terminar de assistir o último episódio, o telespectador certamente irá dormir com algumas pulgas atrás da orelha, especialmente quem tem mais de 40 anos e viveu um pouco as mesmas situações dos personagens da série. “O que é que a vida fez da minha vida?”, canta Marisa Monte em versão brasileira de uma canção italiana. É isto que fica, e vale muito assistir. #ficaadica! (por Luiz Antonio Magalhães, em 20/6/2020)
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