Pular para o conteúdo principal

Um duelo improvável

O que vai abaixo é o artigo semanal do autor destas Entrelinhas para o Shopping News, encarte do DCI que circula às sextas-feiras. Em primeira mão para os leitores do blog.

O ano de 2007 vai chegando ao final e os políticos brasileiros já estão pensando no que de mais importante acontecerá no país em 2008: as eleições municipais, que mais uma vez servirão de prévia para a disputa que de fato importa, dois anos depois, em 2010, quando o Brasil poderá ter a primeira eleição presidencial sem a presença de Lula desde a redemocratização.

O voto de mais de 100 milhões de eleitores no ano que vem servirá para que a classe política avalie com mais precisão o humor dos brasileiros e comece a se preparar para 2010. É bem verdade que nem sempre o resultado das urnas do pleito municipal se reflete nas eleições gerais seguintes. Em 2004, por exemplo, quando Marta Suplicy (PT) perdeu para José Serra (PSDB) o comando da capital paulista, muita gente dizia que o tucano seria imbatível na corrida presidencial de 2006. Pois não foi que Serra nem conseguiu a legenda e teve que se contentar com a disputa pelo governo paulista?

De toda maneira, mais uma vez a eleição paulistana será determinante para os rumos da sucessão presidencial. Ninguém sabe, oficialmente, quais serão os candidatos e os institutos de pesquisa têm realizado simulações com três cenários. No primeiro, Alckmin é o candidato do PSDB, Marta concorre pelo PT e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disputa a reeleição. Neste caso, as enquetes têm mostrado que Marta tem uma ligeira vantagem sobre Alckmin no 1° turno e que Kassab fica na terceira posição, 10 pontos percentuais abaixo dos líderes, com cerca de 15%. É preciso levar em conta que Kassab vem subindo nas pesquisas e Alckmin, caindo.

Nos dois outros cenários, os pesquisadores retiram ora Alckmin, ora Marta da disputa. Nesses casos, o candidato que permanece fica com uma liderança folgada e Kassab chega a ser ultrapassado por Maluf (PP) e/ou Erundina (PSB). Ainda é cedo para fazer previsões, mas esta coluna não acredita em uma disputa com Alckmin e Marta, pois o risco seria grande demais para dois caciques de seus partidos. Resta saber quem vai piscar primeiro e deixar a disputa.

Comentários

  1. Caro Luiz,até o ano de 2010 os Senadores não vão trabalhar e como concequencia vão paralisar o Senado,querem apostar!Com o corcunda de Notre Dame (garibaldi alves...desculpe as minúsculas...)na Presidência do Senado não sei não...se o povo os sindicatos,os partidos de esquerda,que são da base do govêrno,não irem protestar lá na frente do Senado,este país vai ficar ingovernável!Podem crer!!!Teresinha Carpes

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...