Pular para o conteúdo principal

Alckmin é Aécio desde criancinha

As orelhas do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), devem ter ardido quando ele leu – e certamente leu, embora provavelmente venha a negar – a revista Época desta semana. Trata-se de uma edição especial, dedicada aos 100 brasileiros que "mais fazem acontecer", com pequenos perfis sobre cada um deles, sempre escritos por outra personalidade de relevo. Não, Serra não ficou de fora – seu perfil foi escrito pelo fiel Gilberto Kassab (DEM), que foi eleito vice-prefeito na chapa do atual governador paulista e ganhou, de mão beijada, três anos de mandato à frente da prefeitura de São Paulo. Kassab faz o que dele se espera e praticamente lança a candidatura de Serra à presidência da República, mostrando que os dois estão jogando bem juntos.

O que fez arder as orelhas do governador, porém, foi o perfil do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, escrito pelo ex-governador Geraldo Alckmin. Se para bom entendedor, meia palavra basta, o texto de Alckmin é praticamente a formalização de uma aliança com o governador mineiro com vistas às mesmas eleições presidenciais de 2010. Só que a vaga para concorrer à sucessão de Lula em 2010 é uma só...

Neste momento, é bom que se diga, ninguém no ninho tucano vai revelar ao distinto público a quantas anda a guerra interna no partido, mas a cada dia fica mais claro que as pretensões imperialistas de José Serra poderão, sim, esbarrar em nomes como os de Alckmin, Aécio e Tasso Jereissati, para falar apenas em tucanos de bico longo. Afinal, a disputa está só começando e o primeiro capítulo será jogado no ano que vem, nas eleições municipais Brasil afora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...