O site Terra Magazine está se firmando como um dos bons locais para se informar com profundidade sobre os rumos da economia nacional e mundial nesses tempos de crise. Vale a pena espiar o que sai por lá, como a entrevista abaixo, com o professor Luiz Gonzaga Belluzzo. Este blog não concorda com tudo que diz o economista, mas ressalta que é uma leitura instigante e uma opinião de peso, a ser levada em consideração.
Belluzzo: Economia nacional sofrerá desaceleração
Daniel Milazzo
Dado divulgado esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que o PIB (produto interno bruto) nacional no segundo semestre de 2008 cresceu 1,6% em relação aos primeiros três meses do ano. Em relação ao primeiro semestre de 2007, o PIB brasileiro aumentou em 6% de janeiro a junho deste ano.
Segundo dados do IBGE, este aumento do PIB - que alcançou R$ 716,9 bilhões - foi impulsionado principalmente pelo aquecimento da atividade agropecuária, que cresceu 3,8% no segundo semestre deste ano se comparado aos três meses anteriores.
O anúncio veio em meio a uma crise financeira internacional que influencia também o mercado brasileiro. Após seguidas quedas acentuadas, a Bovespa acumula perdas de quase 13% apenas em setembro, e de 24,2% no ano.
O economista e professor titular aposentado da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, explica este aparente descolamento do desempenho da economia nacional em relação à crise que afeta mercados do mundo inteiro:
- Os links financeiros da economia brasileira são mais tênues com a economia internacional. O Brasil não sofreu esse impacto. Nenhum banco, nenhuma instituição financeira brasileira entrou neste jogo da aquisição desses papéis de baixa qualidade.
Sem acreditar na escalada de uma crise aqui no Brasil, Belluzzo expõe alguns reflexos do contexto na economia nacional.
- O que temos aqui é um ciclo de crédito clássico com o aumento da intermediação financeira. Os mercados de capitais já sofreram um pouco, mas os bancos cumpriram o papel de prosseguir no ciclo de crédito. No entanto, como este ciclo já estar um pouco prolongado, há um aperto de liquidez dos bancos, que estão tendo que se financiar a taxas um pouco mais elevadas. Mas nada que vá provocar uma crise como a que vemos no mercado internacional. Teremos provavelmente uma desaceleração - explica.
Ainda nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define a taxa básica de juros anuais ¿ taxa Selic, hoje fixada em 13%. A expectativa do mercado é que novamente a Selic seja elevada, política posta em prática pelo BC a fim de conter a inflação; o teto da meta inflacionária para 2008 é de 6,5%.
- A decisão do Banco Central de aumentar a taxa de juros não está produzindo efeitos agora, mas vai produzir lá na frente. Por outro lado, os IPO (empresas que passam a negociar ações próprias na bolsa de valores) e a colocação de papéis diretamente no mercado diminuíram bastante, a tomada de recursos fora pelo risco cambial começou a diminuir, de modo que a economia vai sofrer certamente os efeitos desses problemas e do aperto monetário. Ela vai desacelerar.
Contudo, Belluzzo afirma que apesar da crise internacional, o Brasil "ainda tem um comportamento muito favorável do investimento". Segundo o IBGE, a taxa de investimentos no país atingiu 18,7% do PIB, o melhor resultado para o segundo trimestre desde 2000.
Belluzzo: Economia nacional sofrerá desaceleração
Daniel Milazzo
Dado divulgado esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que o PIB (produto interno bruto) nacional no segundo semestre de 2008 cresceu 1,6% em relação aos primeiros três meses do ano. Em relação ao primeiro semestre de 2007, o PIB brasileiro aumentou em 6% de janeiro a junho deste ano.
Segundo dados do IBGE, este aumento do PIB - que alcançou R$ 716,9 bilhões - foi impulsionado principalmente pelo aquecimento da atividade agropecuária, que cresceu 3,8% no segundo semestre deste ano se comparado aos três meses anteriores.
O anúncio veio em meio a uma crise financeira internacional que influencia também o mercado brasileiro. Após seguidas quedas acentuadas, a Bovespa acumula perdas de quase 13% apenas em setembro, e de 24,2% no ano.
O economista e professor titular aposentado da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, explica este aparente descolamento do desempenho da economia nacional em relação à crise que afeta mercados do mundo inteiro:
- Os links financeiros da economia brasileira são mais tênues com a economia internacional. O Brasil não sofreu esse impacto. Nenhum banco, nenhuma instituição financeira brasileira entrou neste jogo da aquisição desses papéis de baixa qualidade.
Sem acreditar na escalada de uma crise aqui no Brasil, Belluzzo expõe alguns reflexos do contexto na economia nacional.
- O que temos aqui é um ciclo de crédito clássico com o aumento da intermediação financeira. Os mercados de capitais já sofreram um pouco, mas os bancos cumpriram o papel de prosseguir no ciclo de crédito. No entanto, como este ciclo já estar um pouco prolongado, há um aperto de liquidez dos bancos, que estão tendo que se financiar a taxas um pouco mais elevadas. Mas nada que vá provocar uma crise como a que vemos no mercado internacional. Teremos provavelmente uma desaceleração - explica.
Ainda nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define a taxa básica de juros anuais ¿ taxa Selic, hoje fixada em 13%. A expectativa do mercado é que novamente a Selic seja elevada, política posta em prática pelo BC a fim de conter a inflação; o teto da meta inflacionária para 2008 é de 6,5%.
- A decisão do Banco Central de aumentar a taxa de juros não está produzindo efeitos agora, mas vai produzir lá na frente. Por outro lado, os IPO (empresas que passam a negociar ações próprias na bolsa de valores) e a colocação de papéis diretamente no mercado diminuíram bastante, a tomada de recursos fora pelo risco cambial começou a diminuir, de modo que a economia vai sofrer certamente os efeitos desses problemas e do aperto monetário. Ela vai desacelerar.
Contudo, Belluzzo afirma que apesar da crise internacional, o Brasil "ainda tem um comportamento muito favorável do investimento". Segundo o IBGE, a taxa de investimentos no país atingiu 18,7% do PIB, o melhor resultado para o segundo trimestre desde 2000.
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