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Fernando Rodrigues: é proibido pensar diferente

Se o artigo de Elio Gaspari é dos bons (ver post abaixo), a Folha desta quarta-feira traz um texto horroroso de Fernando Rodrigues, que raramente escreve tanta bobagem como o fez hoje. Talvez o colunista estivesse indisposto, com problemas intestinais, mas o fato é que o artigo reproduzido abaixo é um verdadeiro festival de grosseria e intolerância que revela a cabeça preconceituosa do jornalista. Primeiro, Rodrigues preferia que não existisse central sindical alguma, quanto mais as seis "siglas" que representam os trabalhadores no Brasil. Em seguida, ele revela ser contra o "repasse do imposto sindical" - resta saber se também é contra o uso de recursos públicos para os sindicatos patronais e entidades do sistema S. Mas o pior nem é o preconceito com os sindicalistas , essa "gentinha" inculta e deselegante, e sim a desqualificação das idéias contidas no documento que será entregue ao presidente Lula. Ora, analisando todos os pontos, não há nada muito diferente do que vem dizendo, por exemplo, o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos economistas que a Folha tem como fonte relevante no debate sobre a crise. Aliás, se a assinatura de Belluzzo estivesse no documento, o tratamento do jornalista seria com certeza muito diferente. No fundo, criar controle sobre o fluxo de capitais externos não é "obra empoeirada de alguém enroscado numa dobra do tempo anterior à queda do Muro de Berlim" e ninguém que assina o documento deseja "enclausurar" o Brasil. Ou Rodrigues acha que é proibido pensar diferente, o que é lamentável para um jornalista de um veículo "plural" como é a Folha, ou estava mesmo apenas em um dia ruim e usou sua pena como laxante. Este blog aposta na segunda alternativa.

As centrais e suas idéias

BRASÍLIA - As centrais sindicais brasileiras enviaram uma carta a Lula. Fazem sugestões para enfrentar a atual crise financeira internacional. O documento é útil por dois motivos. Primeiro, para saber que existem seis centrais sindicais no Brasil. Segundo, por revelar o grau de desconexão da realidade por parte dos sindicalistas.

Para economizar papel e tinta, eis apenas as siglas das centrais sindicais brasileiras: CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT. A sopa de letras se robusteceu depois de Lula aceitar repassar parte do imposto sindical a essas organizações. Com dinheiro estatal, tudo fica mais simples e fácil.

Mas não tão rápido. A crise financeira entrou em sua fase aguda no início de setembro. Foram necessários mais de 60 dias para as seis centrais produzirem o seu "documento unitário", como foi batizado, e enviá-lo a Lula.

O texto parece obra empoeirada de alguém enroscado numa dobra do tempo anterior à queda do Muro de Berlim. Os sindicalistas falam sobre a "imposição dos dogmas do livre mercado" resultando em um "ambiente propício ao ganho fácil e à especulação das megacorporações multinacionais". O diagnóstico saiu na mesma semana em que o Citigroup anunciou o corte de 52 mil empregos neste ano.

Entre as 18 propostas apresentadas pelos sindicalistas, ressurgem as sombrias sugestões de "criar mecanismos de controle de fluxo de capital externo e de controle de câmbio" ou um "programa de substituição de importações para fortalecer o mercado interno".

A Grande Depressão da década de 30 se aprofundou porque os países adotaram políticas contra o comércio internacional. Essa é a receita das centrais: o Brasil deve se enclausurar e resolver as coisas sozinho. No longo prazo, o real seria extinto, estaremos todos comendo rapadura e fazendo escambo.

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