Alguns colunistas conservadores, como Reinaldo Azevedo, da revista Veja, estão argumentando que a eleição de Barack Obama nos Estados Unidos nada tem a ver com a questão racial. O fato de Obama ser negro seria um mero detalhe, questão menor, desimportante. Bem, contra fatos não há argumentos. Nesta quinta-feira, a Folha de S. Paulo apresenta um dado muito interessante da eleição americana. No voto popular, Obama obteve espantosos 95% de preferência entre os eleitores negros contra apenas 4% de McCain - o restante votou em algum dos candidatos independentes. Sim, é verdade que tradicionalmente os negros votam com os democratas, mas, convenhamos, 95% é muita coisa. Ademais, o comparecimento do eleitorado negro foi muito maior do que em qualquer outra eleição da história, portanto é razoável supor que os votos dos afro-americanos, para usar a expressão politicamente correta, que representam 13% do total do eleitorado norte-americano, foram, sim, decisivos na eleição. Isto para não falar dos hispânicos e latinos - 66% desses eleitores optaram por Obama. Já entre os brancos, o candidato negro perdeu - 43% contra 55% de McCain. Resta óbvio que a cor de Obama teve importância real na eleição. Só não vê quem não quer.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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