Pular para o conteúdo principal

Notícia que a Folha detesta dar

A reportagem abaixo, da Folha Online, revela que neste mês de novembro o número de famílias com dívidas em SP diminuiu, ao contrário do que seria esperado (e comemorado pelo jornal) em tempos de crise tão bicuda. O mais interessante é que a diminuição da inadimplência se deu em função do aumento da renda dos paulistanos, uma vez que o crédito mais caro e escasso não ajudou tanto. Na soma, é tudo que a Folha não gosta - ver a situação dos brasileiros melhor sob o governo do ex-operário Luiz Inácio. Amanhã, podem ter certeza, os leitores terão dificuldade de achar esta notícia no jornal. Vai ser pequenininho, pequenininho...

Número de famílias com dívidas em SP cai em novembro, diz pesquisa

O número famílias endividadas no município de São Paulo caiu quatro pontos percentuais em novembro, passando de 53% para 49%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). Em relação ao mesmo período de 2007, houve queda de cinco pontos percentuais.

Do total de famílias endividadas, 37% estão com contas em atraso, em alta de dois pontos percentuais em relação ao mês anterior e em queda de um ponto ante o mesmo mês de 2007.

Segundo a entidade, a redução no nível de endividamento neste mês foi possível com o aumento dos rendimentos na região metropolitana de São Paulo e com a expansão da oferta de crédito. Dados do Banco Central divulgados hoje apontam recuperação do crédito bancário no início deste mês. Até o dia 12 desse mês, o estoque de crédito cresceu 2,5%.

"O resultado de novembro encontra-se num patamar favorável. A expectativa é de que o nível de endividamento dos consumidores paulistanos continue igual em virtude do aumento da massa de rendimentos, expansão do crédito e pagamento da 1ª parcela do 13º salário", informou a Fecomercio.

De acordo com a pesquisa, entre os consumidores com rendimento de até três salários mínimos, 54% têm algum tipo de dívida e 45% tem contas em atraso. Na faixa de renda de quatro e dez salários, 54% estão endividados (dos quais 36% com contas em atraso), enquanto entre que ganham mais de dez salários mínimos o percentual alcança 33% (dos quais 19% têm contas atrasadas).

Quando indagados sobre as despesas que mais afetaram as dívidas atuais, 32% dos consumidores apontaram os gastos com alimentação, enquanto para 23% estão os gastos com eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

O cartão de crédito continua sendo o vilão para 47% dos consumidores. Com relação ao prazo médio de comprometimento da renda dos consumidores com dívidas, a maior incidência é verificada no período de mais de um ano (36%).

Entre os inadimplentes, 32% acreditam não ter condições de pagar total ou parcialmente as suas dívidas. Em novembro, 43% dos entrevistados tentaram renegociar suas dívidas com os credores contra 36% em outubro. Entre as dificuldades encontradas estão: taxa de juro elevada (52%), falta de recursos financeiros (22%), prazo de pagamentos curtos (13%) e credor não admite renegociação (6%).

A análise segmentada por sexo e idade mostra que as mulheres estão mais endividadas que os homens: 50% e 47% respectivamente. Por outro lado, na divisão por faixa etária, observa-se que os consumidores com idade entre 18 e 34 anos, 51% estão endividados enquanto os acima de 35 anos correspondem a 46%.

Comentários

  1. Desde que a crise financeira ou econômica iniciou-se nos EUA e “vaca foi pro brejo”, a imprensa brasileira vem alardeando, sistematicamente, de maneira delirante, que a crise chegará ao Brasil e nos arrasará. Que o governo federal é irresponsável ao não crer no poder avassalador da crise e não se preparar para ela (leia nesse caso, cortar gastos, parar o PAC e todos os demais investimentos sociais, tidos como consumidores desnecessários de recursos públicos).
    Ontem, os fatos deram um tombo nas análises: o crédito no Brasil continua crescendo. O mercado brasileiro continua aquecido para o consumidor e para as empresas. Porém, este mesmo crédito está mais caro. Acredito que isto se deva a dois fatos:
    Primeiro, a absoluta e irresponsável ganância dos banqueiros. Do mesmo tipo de ganância que levou o sistema financeiro dos EUA e da UE ao derretimento. Pois se nada se alterou em relação ao crédito não há também necessidade de alterar o preço do crédito. Somente o lucro acima de qualquer coisa explica esse aumento. Coisa própria de banqueiro.
    Segundo, e colaborando para justificar a primeira está a irresponsabilidade da imprensa em fazer da crise algo maior que a realidade. Parece que a imprensa brasileira adotou a máxima “se os fatos desmentem as notícias, pior para os fatos”. Já passou da hora da imprensa ser mais responsável e digna e deixar de fazer oposição ao presidente Lula a qualquer custo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe