Muito interessante a análise sobre o processo de impeachment em curso nos Estados Unidos publicado hoje no Valor. Abaixo, a íntegra.
De forma inusitada, o presidente Donald Trump vem empregando o impeachment como estratégia central de sua campanha de reeleição
Donald Trump será o primeiro presidente condenado pela Câmara dos Deputados dos EUA a buscar a reeleição em mais de 150 anos e, de forma inusitada, vem usando o impeachment como estratégia central de sua campanha. Nos chamados Estados-pêndulo (que hora votam democratas, hora nos republicanos), Trump aposta que os eleitores rejeitarão o processo aberto pelos democratas.
A estratégia de Trump tem sido atacar o impeachment e aqueles que conduzem o processo, em vez de praticamente ignorar a ação da Câmara, como fez Bill Clinton em 1998, diz Jason Miller, assessor de comunicações da campanha de Trump em 2016. O presidente vem tendo um notável sucesso em pressionar e persuadir os republicanos do Congresso a apoiá-lo. Nenhum republicano votou a favor do impeachment na Câmara.
Apesar de sua baixa popularidade e da gravidade das acusações do caso Ucrânia, Trump praticamente anulou o principal desafio a sua reeleição. Isso “nos diz o quanto [o Partido Republicano] se tornou o partido do presidente Trump”, disse Jeffrey Engel, diretor do Centro de História Presidencial da Southern Methodist University, em Dallas. “Um presidente que é tão impopular nacionalmente deveria estar vulnerável a ser desafiado.”
Na noite de quarta-feira, enquanto a Câmara votava o impeachment, Trump estava num comício em Michigan, um Estado decisivo nas eleições presidenciais. Ele passou mais de duas horas exaltando as realizações de seu governo e disse que os democratas têm mostrado “profundo ódio e desdém pelo eleitor americano” e que eles pagariam por isso na eleição.
“Esse impeachment partidário e ilegal é uma marcha política de suicídio para o Partido Democrata”, afirmou Trump.
Desde 1º de outubro, dias após a abertura do inquérito de impeachment de Trump na Câmara, mais de 99% dos anúncios de TV da campanha do presidente têm como ponto central o impeachment. É o que revela levantamento do Wesleyan Media Project, grupo não partidário que analisa publicidade política, divulgado ontem.
De outubro a 14 de dezembro, o esforço anti-impeachment tinha custado à campanha de Trump mais de US$ 4,4 milhões, em mais de 4.500 anúncios de TV, segundo o Wesleyan Media Project. Antes, o presidente havia colocado no ar apenas 36 anúncios na TV em 2019, sendo que nenhum deles mencionava o impeachment.
Além dos anúncios da campanha de Trump, grupos republicanos também estão financiamento propaganda que ataca os deputados democratas que apoiaram o afastamento do presidente. O conservador American Action Network, por exemplo, gastou mais de US$ 2,3 milhões neste ano em anúncios de TV que citavam o impeachment.
“Os republicanos foram para a ofensiva na questão do impeachment”, disse Travis Ridout, codirector do Wesleyan Media Project.
De forma inusitada, o presidente Donald Trump vem empregando o impeachment como estratégia central de sua campanha de reeleição
Donald Trump será o primeiro presidente condenado pela Câmara dos Deputados dos EUA a buscar a reeleição em mais de 150 anos e, de forma inusitada, vem usando o impeachment como estratégia central de sua campanha. Nos chamados Estados-pêndulo (que hora votam democratas, hora nos republicanos), Trump aposta que os eleitores rejeitarão o processo aberto pelos democratas.
A estratégia de Trump tem sido atacar o impeachment e aqueles que conduzem o processo, em vez de praticamente ignorar a ação da Câmara, como fez Bill Clinton em 1998, diz Jason Miller, assessor de comunicações da campanha de Trump em 2016. O presidente vem tendo um notável sucesso em pressionar e persuadir os republicanos do Congresso a apoiá-lo. Nenhum republicano votou a favor do impeachment na Câmara.
Apesar de sua baixa popularidade e da gravidade das acusações do caso Ucrânia, Trump praticamente anulou o principal desafio a sua reeleição. Isso “nos diz o quanto [o Partido Republicano] se tornou o partido do presidente Trump”, disse Jeffrey Engel, diretor do Centro de História Presidencial da Southern Methodist University, em Dallas. “Um presidente que é tão impopular nacionalmente deveria estar vulnerável a ser desafiado.”
Na noite de quarta-feira, enquanto a Câmara votava o impeachment, Trump estava num comício em Michigan, um Estado decisivo nas eleições presidenciais. Ele passou mais de duas horas exaltando as realizações de seu governo e disse que os democratas têm mostrado “profundo ódio e desdém pelo eleitor americano” e que eles pagariam por isso na eleição.
“Esse impeachment partidário e ilegal é uma marcha política de suicídio para o Partido Democrata”, afirmou Trump.
Desde 1º de outubro, dias após a abertura do inquérito de impeachment de Trump na Câmara, mais de 99% dos anúncios de TV da campanha do presidente têm como ponto central o impeachment. É o que revela levantamento do Wesleyan Media Project, grupo não partidário que analisa publicidade política, divulgado ontem.
De outubro a 14 de dezembro, o esforço anti-impeachment tinha custado à campanha de Trump mais de US$ 4,4 milhões, em mais de 4.500 anúncios de TV, segundo o Wesleyan Media Project. Antes, o presidente havia colocado no ar apenas 36 anúncios na TV em 2019, sendo que nenhum deles mencionava o impeachment.
Além dos anúncios da campanha de Trump, grupos republicanos também estão financiamento propaganda que ataca os deputados democratas que apoiaram o afastamento do presidente. O conservador American Action Network, por exemplo, gastou mais de US$ 2,3 milhões neste ano em anúncios de TV que citavam o impeachment.
“Os republicanos foram para a ofensiva na questão do impeachment”, disse Travis Ridout, codirector do Wesleyan Media Project.
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