Um leitor deste blog fez um comentário muito interessante na nota postada aqui sobre as confusões da oposição. Diz ele que o governador José Serra é um político hábil. O argumento é bom e a discussão, válida. O autor destas Entrelinhas reconhece algumas qualidades em Serra - salvo exceções como a de Geraldo Alckmin, ninguém chega ao governo de São Paulo por acaso. Obstinação e capacidade gerencial são algumas das qualidades do governador de São Paulo, na humilde opinião deste blogueiro. Habilidade política, porém, não é, definitivamente, o forte de José Serra. Os exemplos apresentados pelo leitor são fortuitos e constituem justamente a exceção, e não a regra, no caso de Serra. Quem cobriu a campanha de 2002 pôde perceber, bem de perto, o quão inábil politicamente Serra foi (e é). Tudo ali foi um desastre, da postura do então candidato em negar ser a continuidade da gestão Fernando Henrique ao estilo "trator" na montagem da aliança. Tudo deu errado em 2002 e a culpa deve ser atribuída ao candidato, que inclusive nem era o melhor nome do PSDB para enfrentar Lula naquele momento. Depois, em 2006, Serra mostrou de que não pode mesmo ser considerado um político hábil: que outro homem público tomaria uma bola entre as pernas de ninguém mais, ninguém menos do que Geraldo Alckmin? A aliança com Quércia foi uma boa jogada em 2008? Certamente, ajudou a eleger Gilberto Kassab, mas em uma eleição nacional Quércia talvez traga mais prejuízo do que benefício a ele, Serra. A ver, mas de qualquer maneira, o blog discorda da avaliação de que Serra é um "gênio da raça". É só um político menor, à antiga, hoje vivendo de seu recall para garantir a vaga de candidato à presidência do Brasil em 2010. Ah, e um político "que se acha", como diria a filha do blogueiro.
A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue
Capacidade gerencial??????????
ResponderExcluirOnde????????
Olha, sem querer ser muito chato, mas isso parece uma daquelas coisas que a gente finge que concorda pra não perder a amizade.
Ou então, é uma daquelas "verdades" que as pessoas tomam como absolutas sem ter nenhuma prova.
Porque sinceramente... São Paulo é o inferno e José Serra é o síndico!!!
Luiz Antonio,
ResponderExcluirAcho até que você está sendo generoso quando menciona essa "capacidade gerencial" do Serra. Isso faz parte de uma falsa mitologia, criada pela mídia paulista, para projetar os tucanos como uma categoria superior de gerentes. Na minha opinião, a imagem de Serra é a resultado de um pacto editorial para reinstalar um tucano na presidência e recuperar a política do "estado mínimo" e terceirização da economia em favor de empresários amigos. "O melhor ministro da saúde que o Brasil já teve"? Piada. Ministra boa foi a Dilma, que desarmou a bomba-relógio do apagão, herança maldita do governo tucano, do qual Serra foi o ministro do Planejamento. Você, Luiz Eduardo, que releva a "capacidade gerencial" do Serra, poderia nos fazer uma avaliação de sua gestão no Ministério do Planejamento? E na Prefeitura de SP? E no governo de SP?
Como leitor assíduo dessas entrelinhas, "exijo" que o autor escreva duas longas análises (olha o feriadão aí...) tanto sobre a entrevista de Sérgio Guerra hoje na Folha quanto o artigo de FHC no Estadão, também hoje. Uma observação: gosto muito das manifestações do ex-presidente, tomara que continuem. Faz lembrar o Garotinho de 2006, em que todo mundo queria vê-lo enterrado, mas ele, sem noção ou propositadamente, fornece apoio e afunda o candidato que escolhe.
ResponderExcluirSobre o artigo do FHC. Saiu no O Globo também. Só que acompanhado por uma ilustração de extremo mau gosto.
ResponderExcluirUm símbolo de STOP, onde o "O" é substituído por uma mão sem o dedo mindinho. Preconceituoso, pois remete que o pedido que o governo Lula pare a uma comparação com o símbolo da campanha de FHC em 94 ou 98, que era uma mão "completa" espalmada. O Globo está dizendo que o governo FHC "completo" era melhor que o governo Lula "defeituoso"?
Abraços, Luiz.
Dê uma olhadinha no Blog do Juca Kifouri e veja como procede o "herdeiro da fina flor da política nacional". Com certeza, o ex-presidente Tancredo Neves deve estar a se revirar no túmulo de tanto desgosto. O rapazinho que não cresceu (com quase 50 anos) agora bate na namorada em público. Um playboy que não merece ser nada, absolutamente nada, a não ser playboy. Falo do sr. Aécio Neves, viu!
ResponderExcluirO front paulista
ResponderExcluir(publicado na revista Caros Amigos, em setembro de 2009)
Houve uma fase do governo Lula em que a imprensa dedicou especial atenção às supostas pretensões hegemônicas do presidente. A polêmica, depois monopolizada pelo fantasma do terceiro mandato, escondia um temor inconfesso: alijada do poder federal, a oposição entraria em processo de decadência irrecuperável caso perdesse também seus predomínios regionais. Muito esforço midiático e financeiro foi mobilizado para impedir essa catástrofe em 2006, e logo será retomado.
São Paulo é o núcleo irradiador da resistência oposicionista. As gestões de José Serra e Gilberto Kassab destacam-se das heterogeneidades estaduais pela coerência de suas alianças e pela importância estratégica das imensas estruturas que administram. Elas abrigam fundadores e ideólogos do PSDB, membros dos escalões superiores dos governos FHC, próceres do conservadorismo religioso e das maiores fortunas industriais, bancárias e imobiliárias do país.
Sem essa base operacional, PSDB, DEM (PFL), parte do PMDB, PPS e demais agregados perderiam a identidade, a coesão e os alicerces materiais imprescindíveis num projeto de poder em âmbito nacional. O inevitável vácuo de liderança afetaria as representações parlamentares da coligação paulista, dispersando-a em aglomerados coadjuvantes e rivais entre si.
Serra só será candidato a presidente se a sucessão estadual estiver garantida para algum apadrinhado. Uma reeleição quase certa é preferível ao risco de perder em duas frentes; e ele conhece a fragilidade das próprias alternativas no pleito local. Por outro lado, a falta de adversários competitivos em São Paulo proporciona ao governador uma vantagem estratégica importantíssima no embate com Dilma Rousseff.
Eis por que a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes será decisiva para a campanha presidencial de 2010. A opção Ciro Gomes é menos absurda do que parece.