Um leitor deste blog fez um comentário muito interessante na nota postada aqui sobre as confusões da oposição. Diz ele que o governador José Serra é um político hábil. O argumento é bom e a discussão, válida. O autor destas Entrelinhas reconhece algumas qualidades em Serra - salvo exceções como a de Geraldo Alckmin, ninguém chega ao governo de São Paulo por acaso. Obstinação e capacidade gerencial são algumas das qualidades do governador de São Paulo, na humilde opinião deste blogueiro. Habilidade política, porém, não é, definitivamente, o forte de José Serra. Os exemplos apresentados pelo leitor são fortuitos e constituem justamente a exceção, e não a regra, no caso de Serra. Quem cobriu a campanha de 2002 pôde perceber, bem de perto, o quão inábil politicamente Serra foi (e é). Tudo ali foi um desastre, da postura do então candidato em negar ser a continuidade da gestão Fernando Henrique ao estilo "trator" na montagem da aliança. Tudo deu errado em 2002 e a culpa deve ser atribuída ao candidato, que inclusive nem era o melhor nome do PSDB para enfrentar Lula naquele momento. Depois, em 2006, Serra mostrou de que não pode mesmo ser considerado um político hábil: que outro homem público tomaria uma bola entre as pernas de ninguém mais, ninguém menos do que Geraldo Alckmin? A aliança com Quércia foi uma boa jogada em 2008? Certamente, ajudou a eleger Gilberto Kassab, mas em uma eleição nacional Quércia talvez traga mais prejuízo do que benefício a ele, Serra. A ver, mas de qualquer maneira, o blog discorda da avaliação de que Serra é um "gênio da raça". É só um político menor, à antiga, hoje vivendo de seu recall para garantir a vaga de candidato à presidência do Brasil em 2010. Ah, e um político "que se acha", como diria a filha do blogueiro.
No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...
Capacidade gerencial??????????
ResponderExcluirOnde????????
Olha, sem querer ser muito chato, mas isso parece uma daquelas coisas que a gente finge que concorda pra não perder a amizade.
Ou então, é uma daquelas "verdades" que as pessoas tomam como absolutas sem ter nenhuma prova.
Porque sinceramente... São Paulo é o inferno e José Serra é o síndico!!!
Luiz Antonio,
ResponderExcluirAcho até que você está sendo generoso quando menciona essa "capacidade gerencial" do Serra. Isso faz parte de uma falsa mitologia, criada pela mídia paulista, para projetar os tucanos como uma categoria superior de gerentes. Na minha opinião, a imagem de Serra é a resultado de um pacto editorial para reinstalar um tucano na presidência e recuperar a política do "estado mínimo" e terceirização da economia em favor de empresários amigos. "O melhor ministro da saúde que o Brasil já teve"? Piada. Ministra boa foi a Dilma, que desarmou a bomba-relógio do apagão, herança maldita do governo tucano, do qual Serra foi o ministro do Planejamento. Você, Luiz Eduardo, que releva a "capacidade gerencial" do Serra, poderia nos fazer uma avaliação de sua gestão no Ministério do Planejamento? E na Prefeitura de SP? E no governo de SP?
Como leitor assíduo dessas entrelinhas, "exijo" que o autor escreva duas longas análises (olha o feriadão aí...) tanto sobre a entrevista de Sérgio Guerra hoje na Folha quanto o artigo de FHC no Estadão, também hoje. Uma observação: gosto muito das manifestações do ex-presidente, tomara que continuem. Faz lembrar o Garotinho de 2006, em que todo mundo queria vê-lo enterrado, mas ele, sem noção ou propositadamente, fornece apoio e afunda o candidato que escolhe.
ResponderExcluirSobre o artigo do FHC. Saiu no O Globo também. Só que acompanhado por uma ilustração de extremo mau gosto.
ResponderExcluirUm símbolo de STOP, onde o "O" é substituído por uma mão sem o dedo mindinho. Preconceituoso, pois remete que o pedido que o governo Lula pare a uma comparação com o símbolo da campanha de FHC em 94 ou 98, que era uma mão "completa" espalmada. O Globo está dizendo que o governo FHC "completo" era melhor que o governo Lula "defeituoso"?
Abraços, Luiz.
Dê uma olhadinha no Blog do Juca Kifouri e veja como procede o "herdeiro da fina flor da política nacional". Com certeza, o ex-presidente Tancredo Neves deve estar a se revirar no túmulo de tanto desgosto. O rapazinho que não cresceu (com quase 50 anos) agora bate na namorada em público. Um playboy que não merece ser nada, absolutamente nada, a não ser playboy. Falo do sr. Aécio Neves, viu!
ResponderExcluirO front paulista
ResponderExcluir(publicado na revista Caros Amigos, em setembro de 2009)
Houve uma fase do governo Lula em que a imprensa dedicou especial atenção às supostas pretensões hegemônicas do presidente. A polêmica, depois monopolizada pelo fantasma do terceiro mandato, escondia um temor inconfesso: alijada do poder federal, a oposição entraria em processo de decadência irrecuperável caso perdesse também seus predomínios regionais. Muito esforço midiático e financeiro foi mobilizado para impedir essa catástrofe em 2006, e logo será retomado.
São Paulo é o núcleo irradiador da resistência oposicionista. As gestões de José Serra e Gilberto Kassab destacam-se das heterogeneidades estaduais pela coerência de suas alianças e pela importância estratégica das imensas estruturas que administram. Elas abrigam fundadores e ideólogos do PSDB, membros dos escalões superiores dos governos FHC, próceres do conservadorismo religioso e das maiores fortunas industriais, bancárias e imobiliárias do país.
Sem essa base operacional, PSDB, DEM (PFL), parte do PMDB, PPS e demais agregados perderiam a identidade, a coesão e os alicerces materiais imprescindíveis num projeto de poder em âmbito nacional. O inevitável vácuo de liderança afetaria as representações parlamentares da coligação paulista, dispersando-a em aglomerados coadjuvantes e rivais entre si.
Serra só será candidato a presidente se a sucessão estadual estiver garantida para algum apadrinhado. Uma reeleição quase certa é preferível ao risco de perder em duas frentes; e ele conhece a fragilidade das próprias alternativas no pleito local. Por outro lado, a falta de adversários competitivos em São Paulo proporciona ao governador uma vantagem estratégica importantíssima no embate com Dilma Rousseff.
Eis por que a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes será decisiva para a campanha presidencial de 2010. A opção Ciro Gomes é menos absurda do que parece.