Pular para o conteúdo principal

Povão continua comprando mais

Conforme este blog previa, a versão impressa da Folha de S. Paulo não tem dado o menor destaque aos surpreendentes índices que vem saindo sobre o comportamento da economia brasileira, a maior parte já referentes a outubro, portanto em plena crise. O jornalão que presta serviço à candidatura de José Serra à presidência adotou o lema "o que é bom a gente esconde, o que é ruim (para o governo Lula, é claro), a gente mostra". Este blog aposta que a Folha vai esconder a notícia abaixo ou então dará bem grande, com o título: "Crise leva brasileiros a estocar alimentos"...

Vendas nos supermercados crescem 11,48% em outubro, aponta Abras

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Os supermercados brasileiros registraram, em outubro, aumento de 11,48% nas vendas reais (descontada a inflação), comparado ao mesmo período do ano passado.

Com relação a setembro, houve alta de 6,62%. Já no acumulado de janeiro a outubro, a elevação foi de 9,19%, resultado considerado o melhor entre os acumulados de 10 meses.

Em valores nominais, o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentou crescimento de 18,63% com relação a outubro de 2007 e 7,10% com relação a setembro deste ano. No acumulado do ano, as vendas aumentaram 15,30%.

De acordo com o presidente da Abras, Sussumu Honda, a alta surpreendeu o setor, que esperava detectar efeitos da crise internacional em seus números de outubro. Ele atribuiu esse resultado ao fato de que o crédito não é o principal indutor de vendas para o setor na área de alimentação. “O crescimento da massa salarial, que se situou próximo a 10%, é um dos fatores determinantes desse resultado”,afirmou.

A cesta de 35 produtos analisada pela entidade, o AbrasMercado, teve alta nominal de 2,35% em outubro ante o mês de setembro. Sem contar a inflação, o índice ficou em 1,90%. Na comparação com outubro de 2007, o AbrasMercado teve alta nominal de 17,81%, passando de R$ 218,91 para R$ 257,90. Já nos valores reais, o aumento registrado foi de 10,71%.

A pesquisa realizada pela Abras sobre as vendas de final de ano revelou que 71% dos 500 supermercadistas entrevistados aumentaram os pedidos feitos à indústria, 25% mantiveram as encomendas no mesmo patamar e 4% reduziram suas compras. Em 2007, 65% disseram ter aumentado os pedidos. Entre os produtos que devem sofrer reajustes maiores de preços, estão os produtos importados, entre os quais, os vinhos e destilados, além das castanhas, azeites e bacalhau.

Honda explicou que esse otimismo se deve aos próprios resultados vistos até o mês de outubro, além da entrada do 13o salário no mercado em novembro e dezembro, o que deve impactar no aumento das vendas no período. “Outro fator que acaba beneficiando o setor é a impossibilidade de comprar pelo crediário devido aos juros mais altos”.

Na avaliação de 75% dos entrevistados pela Abras, as expectativas são otimistas para as vendas de final de ano, com faturamento 10% maior do que em 2007. Outros 20% esperam vendas semelhantes ao ano anterior e 5% acreditam que as vendas serão 4% mais baixas.

Com relação à contratação de funcionários temporários, 57% pretendem contratar e 43% não contratarão. Segundo a pesquisa as festas de final de ano devem gerar 11 mil novas vagas nos supermercados brasileiros, com 10% desses efetivados.

Sussumu disse acreditar que as vendas fechem o ano de 2008 com crescimento de 9% a 10%. A preocupação fica por conta dos três primeiros meses do ano de 2009, já que os desdobramentos da crise mundial chegaram apenas no crédito e não ainda no consumo da população. “Nesse período já se tem uma diminuição da criação de emprego, o que impacta certamente na massa salarial”. Mesmo assim Sussumu considera que o setor continuará crescendo no ano que vem, já que o mercado de consumo interno é o que tem dado sustentação a esse crescimento.

Comentários

  1. E não é so isso Luiz. A inflação está em baixa, o desemprego cai e a balança comercial ainda é superavitária. Ou temos um pouco de crise, ou ficaremos abaixo da "marolinha".

    ResponderExcluir
  2. Caro LAM,
    A frase correta é a seguinte, "o que é bom do governo Lula a gente esconde, o que é ruim a gente aumenta e o que é péssimo a gente inventa".
    saudações democráticas
    Américo

    ResponderExcluir
  3. Post primoroso do Miguel do Óleo do Diabo:
    http://oleododiabo.blogspot.com/2008/11/exerccio-para-escrever-como-santayanna.html
    A sua análise, como sempre, muito lúcida e perfeita.

    ResponderExcluir
  4. Luiz,
    Dê uma lida no meu post "Em outubro, o Céu não cai sobre nossas cabeças"

    abs

    ResponderExcluir
  5. Agora já estão dizendo que a crise vai chegar em 2010, como se o que acontecer no mundo até lá não torne imprevisível o futuro.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe