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Jair Bolsonaro vai conseguir terminar o mandato?

Da abertura da Newsletter da LAM Comunicação, boa leitura a todos e todas, ótima semana!


“A política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou”, dizia o falecido ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto. A frase cabe como uma luva para uma análise mais detida sobre o cenário nacional. O que valia até anteontem hoje não vale mais: na semana que passou cresceu muito a pressão pelo impedimento constitucional do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tanto à esquerda quanto à direita. Quem diria que MBL, VPR e o Partido Novo chamassem manifestação pedindo o afastamento do atual mandatário, que duas semanas atrás parecia firme e forte ante a uma oposição fragilizada e sem rumo?

Pois aconteceu e com isto Bolsonaro perdeu um dos seus pilares de apoio, ao lado dos militares, claro, do empresariado, do Centrão e de seus seguidores de ultradireita radicalizados. Parte da direita já vinha perdendo confiança no presidente e agora lhe faz oposição aberta. Ainda não significa que ele esteja sob risco sério, mas os problemas estão aumentando com o descalabro da gestão da Saúde, em especial na região Norte do país, e da chegada das vacinas no Brasil. 

Alguns fatores são imperativos para o futuro do governo e a eleição na Câmara é o mais importante. Se Baleia Rossi (PMDB) vencer a disputa, a abertura do processo de impeachment é possível, do contrário, será muito difícil ocorrer. No Senado, a disputa está praticamente definida com a eleição de Rodrigo Pacheco (DEM), paradoxalmente apoiado tanto por Bolsonaro como pelo PT. O que isto, afinal, significa? Em primeiro lugar, que o Brasil, definitivamente, não é para amadores. Em segundo lugar, que a disputa principal vai se dar na Câmara, que é a casa que tem o poder de abrir o processo de impedimento. Da mesma maneira, é ali que se definem muitas das principais pautas econômicas do país, como, por exemplo, a retomada de um auxílio emergencial que poderá fazer estrago nas contas públicas e prejudicar os planos do ministro Paulo Guedes, contrário a esta nova ajuda. 

Conta a favor do presidente a impossibilidade, neste momento, de manifestações de massa. Sem o povo nas ruas, tudo fica mais díficil. Carreatas são coisas um pouco ridículas, ninguém nunca viu governo cair com carreatas, seria a primeira vez. No fundo, três fatores vão definir o futuro de Jair Bolsonaro: a evolução da epidemia, agora com vacinação ocorrendo; a situação da economia neste primeiro trimestre do ano (tanto pode levar o empresariado a manter seu apoio, caso haja alguma recuperação, ou elevar a irritação desta classe, caso as “fases vermelhas” perdurem; e, por fim, as eleições pelo comando do Congresso Nacional). O trunfo de Bolsonaro continua sendo o Centrão, que obviamente vai cobrar faturas cada vez mais altas para manter o apoio ao governo.

É sempre bom lembrar que nos dois impedimentos de presidentes que o Brasil viveu, a recessão era brava. Aparentemente, neste ano deveremos ter alguma recuperação na economia, o que pode dar algum fôlego a Bolsonaro. Resta saber se suficiente, porque vidas estão sendo perdidas por incompetência do governo e isto é inédito.  (por Luiz Antonio Magalhães em 24/1/21)



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