Pular para o conteúdo principal

Ninguém mais leva grande imprensa a sério

Duas novas pesquisas revelam que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva superou 80%, batendo mais uma vez recordes históricos. Como a Folha Online deu a notícia? Assim: "Brasileiros estão mais preocupados com inflação e desemprego, revela pesquisa". E o Globo Online, agiu de que maneira? Desta: "Brasileiro espera piora na inflação, no emprego e na renda no próximo ano". E a manchete do Estadão.com.br sobre as pesquisas? Está na mão: "Cresce preocupação com desemprego e inflação".

Sim, Lula bateu mais um recorde, os anteriores já eram seus nos levantamentos dos institutos Sensus e Datafolha. No Ibope, que tem a série histórica mais antiga, José Sarney era até ontem o presidente mais popular desde a redemocratização – no auge do Cruzado, seu governo tinha 72% de aprovação. Pois o governo Lula destronou o de Sarney ao chegar a 73% de avaliação positiva. O Ibope não pesquisava, naquela época, a aprovação pessoal do presidente, então não há como comparar os 84% obtidos por Lula com os 72% do governo Sarney, mas é bastante provável que a avaliação do atual presidente seja melhor do que a de José Sarney em 19887. Governo contra governo, o placar é favorável a Lula, que tem muito mais carisma do que o hoje senador peemedebista.

Tudo isto posto, a verdade é que os resultados mostram a falência completa da mídia impressa brasileira, toda ela francamente oposicionista ao governo do PT, na cotidiana tentativa de sabotar o trabalho do presidente. No futuro, historiadores vão se divertir lendo os jornalões e comparando as versões do papel com a realidade dos fatos.

Não, o que sai nos jornais não são os fatos, mas uma ardilosa versão, sempre com objetivo, muitas vezes explícito, de detonar o presidente Lula. Ninguém aqui está dizendo que os jornais mentem, mas sim que procuram na realidade o que de pior houver contra o governo federal. Além das ridículas manchetes acima, "comemoradas" pela grande imprensa como "tábua de salvação" diante dos espetaculares números obtidos pelo presidente (no Nordeste a taxa de aprovação a Lula supera 90%, de acordo com o Ibope), muitas outras "jogadinhas" foram tentadas, todas sem sucesso.

Por exemplo, a tal "crise aérea", que simplesmente não existiu, o "perigo de um novo apagão" (não, Lula não é FHC nem Dilma tem cara de Pedro Parente), a "fraqueza financeira" da Petrobrás e tantas outras manipulações têm sido tentadas, todas sem sucesso. A rigor, a cada duas ou três semanas a grande imprensa joga uma casca de banana. Mas Lula jamais escorrega e cai, para desespero dos jovens prepostos dos donos dos jornalões, encarregados de bolar as "jogadinhas" contra o presidente.

Aos olhos do povão, este é um bom governo e Lula, um ótimo presidente. Se ele pudesse ser candidato de novo, seria reeleito mais uma vez e com grande facilidade. A imprensa nacional deveria se preocupar não com a performance de Lula nas pesquisas, mas com a sua própria performance. A julgar pela diferença entre a avaliação popular e a da imprensa sobre o governo, a população simplesmente não dá mais bola para o que sai nas manchetes. Está se formando e informando de outra maneira e faz uma leitura crítica do que lê, ouve e assiste. É o Diogo Mainardi ou Reinaldo Azevedo criticando Lula? Então nem precisa ir até o fim da leitura... Míriam Leitão, Sardemberg, Dora Kramer? Esquece, é a turma do "lado de lá". No fundo, o povão já aprendeu a fazer a pergunta mais básica de todas: a quem essa gente representa? Qual a motivação desse pessoal para escrever ou falar no rádio e na televisão? Não é muito difícil responder...

No fundo, a grande imprensa precisa mesmo torcer, e muito, para a oposição levar em 2010, porque mais 8 anos tentando vender manipulação barata nas bancas é uma terefa inglória. O restinho de credibilidade pode acabar se esvaindo pelo ralo...

Comentários

  1. Luiz Antonio, também andei lavrando umas maldigitadas sobre o assunto. Se seus leitores quiserem conferir: http://sidnei-quasetudo.blogspot.com/2008/12/pai-dos-ricos.html e também http://sidnei-quasetudo.blogspot.com/2008/12/impopularidade-dos-jornais.html
    Mais uma vez, peço desculpas por usar o espaço para fazer autopropaganda, mas é porque realmente achei que pode ser uma forma de humildemente contribuir para o debate. Um grande abraço a todos.

    ResponderExcluir
  2. Mas no final, eu acredito que a própria chamada grande imprensa ainda acredita nela mesma. Senão parariam de dar murro em ponta de faca.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe