A história contada por Rodrigo Janot, ex-Procurador-Geral da República, ontem (26/9) sobre sua suposta vontade de assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes (e depois cometer suicídio) é de fato estarrecedora: Janot confessa ter ido armado ao STF e que a tragédia só não aconteceu por intervenção divina.
Deixando Deus de lado, Mendes tem razão de afirmar que se a história é verdadeira, caberia tratamento psiquiátrico para o antigo PGR. Mesmo que seja apenas uma forma de promover o livro que vai lançar, o fato é que a narrativa de Janot parte do princípio que tal comportamento mereceria compaixão da população, o que obviamente não vai acontecer, dada a repercussão e as implicações legais de tal confissão.
No que diz respeito às consequências práticas da fala de Rodrigo Janot, é de se esperar que todos os envolvidos nos acordos por ele fechados à frente da PGR venham agora questionar a sanidade mental do então titular de um dos postos-chave da vida democrática brasileira. E não será apenas a sanidade a ser questionada, mas também o teor de suas decisões, dos acordos firmados pela sua caneta.
Entre os casos mais midiáticos está o dos irmãos Batista, que gravaram inclusive o então presidente Michel Temer, entre outros políticos poderosos, detentores ou não de cargos públicos. A esta altura do campeonato, a quem interessa melar os acordos ou revogar as decisões tomadas pelo PGR? No caso JBS, em particular, seria confusão e balbúrdia, um retorno à estaca zero.
Para o Brasil, como bem lembrou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o episódio é um vexame que contribui para afastar investidores. Afinal, quem em sã consciência coloca dinheiro em um país em que o PGR era um potencial assassino e suicida arrependido? Tempos estranhos, esse que vivemos.
By LAM, 27/09/2019
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