Não é fácil fazer previsão eleitoral, há muito chute nesta área. Surpresas acontecem, o imponderável deve ser sempre levado em consideração. Com esta premissa básica, é possível, no entanto, olhar o cenário e tentar raciocinar com a realidade dos números e da conjuntura política. A eleição deste ano está se configurando, neste momento, como um jogo ainda bem aberto. Sim, José Serra (PSDB) desponta como favorito, seguido por Dilma Rousseff (PT), uma incógnita eleitoral que conta com um padrinho de respeito, o presidente Lula. Ciro Gomes (PSB) e Marina Silva (PV) correm por fora, mas é claro que podem surpreender.
Até aqui, o leitor do blog pode estranhar: qualquer analista político de botequim diria o mesmo. É verdade, mas o conceito do jogo em aberto - e não de favoritismo de Serra ou Dilma ("quando a campanha de fato começar") – é importante e precisa ser ressaltado.
Posto isto, vamos ao que de fato interessa. Pelo andar da carruagem, Minas Gerais será o estado decisivo na eleição de 2010. Não é difícil entender a razão. A probabilidade de Serra vencer até com certa folga em São Paulo é grande. No Norte e Nordeste, o apoio de Lula deve alavancar Dilma. No Rio de Janeiro, a ministra também deve ter boa votação, provavelmente bem superior a de Serra, especialmente se o PT não fizer a bobagem de levar à frente a candidatura de Lindoberg Farias, o muso do impeachment de Collor, rapaz hoje um tanto envelhecido, com grandes ambições e pequena percepção do cenário nacional. Apesar de Yeda Crusius, o Rio Grande do Sul vota sempre dividido, mas é possível que o fardo da campanha ao lado da governadora prejudique Serra.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do país e uma margem grande de votos para o atual governador é um belíssimo capital político para Serra. A diferença de votos em São Paulo precisa ser revertida com uma vantagem muito expressiva em todo o nordeste, norte e sul. A tarefa não é fácil, mas é possível. Desconsiderando Minas Gerais e tendo este cenário em vista, é possível que os dois - Serra e Dilma - cheguem em condições mais ou menos parelhas na reta final da eleição de outubro. Pois então será em Minas que o jogo será jogado. Podem fazer as apostas.
Se Aécio Neves fosse vice de Serra, a tendência seria de apoio expressivo dos mineiros à chapa tucana. Só que Aécio não será vice de Serra, mas candidato ao Senado. É aí que o jogo fica complicado. O PT mineiro está em guerra - há uma ala que defende a candidatura própria, outra que trabalha pelo apoio do partido ao ministro Hélio Costa (PMDB). Caso o PT lance candidatura própria e supondo que Hélio saia candidato de qualquer maneira, a posição de Serra melhora bastante, ainda que o tucano-gelatina indicado por Aécio para a eleição estadual não empolgue. A razão é simples: Serra poderia compor com Hélio ou pelo menos contar com a neutralidade dele em relação à candidatura de Dilma Rousseff no plano nacional. Em um eventual segundo turno mineiro, a única chance de Serra se dar mal seria a de uma improvável disputa entre Hélio e Anastasia, porque se o PT for para segundo turno contra o tucano, o ministro teria sido alijado da disputa justamente pelo PT...
Um outro cenário bem diferente seria o de uma aliança entre PT e PMDB já para o primeiro turno, em torno de Hélio Costa. Neste caso, Serra fica em uma situação delicada em Minas, com um palanque complicado, de um candidato sem expressão, mas apoiado por Aécio, que também não é do tipo de fazer grandes esforços pelo presidenciável de seu próprio partido. É sempre bom lembrar que Geraldo Alckmin teve em 2006 menos votos no segundo turno em Minas do que os obtidos no primeiro escrutínio, algo que aconteceu poucas vezes na história. Em uma situação de equilíbrio entre as candidaturas presidenciais, conforme já apontado acima, pelo diferencial do tucano em São Paulo e da ministra no Norte e Nordeste, Minas Gerais tende a decidir a eleição. É só fazer as contas: quem levar a maioria em Minas tem mais chances de vencer no plano nacional.
Dilma é mineira, radicada no Rio Grande do Sul, é bem verdade, mas a naturalidade mineira pode ser de grande valia na hora da verdade das urnas - qualquer marqueteiro de terceira categoria exploraria este fato. Serra, por outro lado, pode amarrar um apoio mais consistente de Aécio, o que seria também um excelente trampolim no estado. Ou ainda nomear um vice mineiro para compor a chapa - Itamar Franco vem sendo bastante lembrado.
Portanto, Minas Gerais curiosamente poderá voltar a ser central na política brasileira sem ter um candidato do estado à presidência da República. Acompanhar de perto o cenário da eleição estadual mineira desta vez será central para quem quiser entender por onde vai a disputa nacional...
Até aqui, o leitor do blog pode estranhar: qualquer analista político de botequim diria o mesmo. É verdade, mas o conceito do jogo em aberto - e não de favoritismo de Serra ou Dilma ("quando a campanha de fato começar") – é importante e precisa ser ressaltado.
Posto isto, vamos ao que de fato interessa. Pelo andar da carruagem, Minas Gerais será o estado decisivo na eleição de 2010. Não é difícil entender a razão. A probabilidade de Serra vencer até com certa folga em São Paulo é grande. No Norte e Nordeste, o apoio de Lula deve alavancar Dilma. No Rio de Janeiro, a ministra também deve ter boa votação, provavelmente bem superior a de Serra, especialmente se o PT não fizer a bobagem de levar à frente a candidatura de Lindoberg Farias, o muso do impeachment de Collor, rapaz hoje um tanto envelhecido, com grandes ambições e pequena percepção do cenário nacional. Apesar de Yeda Crusius, o Rio Grande do Sul vota sempre dividido, mas é possível que o fardo da campanha ao lado da governadora prejudique Serra.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do país e uma margem grande de votos para o atual governador é um belíssimo capital político para Serra. A diferença de votos em São Paulo precisa ser revertida com uma vantagem muito expressiva em todo o nordeste, norte e sul. A tarefa não é fácil, mas é possível. Desconsiderando Minas Gerais e tendo este cenário em vista, é possível que os dois - Serra e Dilma - cheguem em condições mais ou menos parelhas na reta final da eleição de outubro. Pois então será em Minas que o jogo será jogado. Podem fazer as apostas.
Se Aécio Neves fosse vice de Serra, a tendência seria de apoio expressivo dos mineiros à chapa tucana. Só que Aécio não será vice de Serra, mas candidato ao Senado. É aí que o jogo fica complicado. O PT mineiro está em guerra - há uma ala que defende a candidatura própria, outra que trabalha pelo apoio do partido ao ministro Hélio Costa (PMDB). Caso o PT lance candidatura própria e supondo que Hélio saia candidato de qualquer maneira, a posição de Serra melhora bastante, ainda que o tucano-gelatina indicado por Aécio para a eleição estadual não empolgue. A razão é simples: Serra poderia compor com Hélio ou pelo menos contar com a neutralidade dele em relação à candidatura de Dilma Rousseff no plano nacional. Em um eventual segundo turno mineiro, a única chance de Serra se dar mal seria a de uma improvável disputa entre Hélio e Anastasia, porque se o PT for para segundo turno contra o tucano, o ministro teria sido alijado da disputa justamente pelo PT...
Um outro cenário bem diferente seria o de uma aliança entre PT e PMDB já para o primeiro turno, em torno de Hélio Costa. Neste caso, Serra fica em uma situação delicada em Minas, com um palanque complicado, de um candidato sem expressão, mas apoiado por Aécio, que também não é do tipo de fazer grandes esforços pelo presidenciável de seu próprio partido. É sempre bom lembrar que Geraldo Alckmin teve em 2006 menos votos no segundo turno em Minas do que os obtidos no primeiro escrutínio, algo que aconteceu poucas vezes na história. Em uma situação de equilíbrio entre as candidaturas presidenciais, conforme já apontado acima, pelo diferencial do tucano em São Paulo e da ministra no Norte e Nordeste, Minas Gerais tende a decidir a eleição. É só fazer as contas: quem levar a maioria em Minas tem mais chances de vencer no plano nacional.
Dilma é mineira, radicada no Rio Grande do Sul, é bem verdade, mas a naturalidade mineira pode ser de grande valia na hora da verdade das urnas - qualquer marqueteiro de terceira categoria exploraria este fato. Serra, por outro lado, pode amarrar um apoio mais consistente de Aécio, o que seria também um excelente trampolim no estado. Ou ainda nomear um vice mineiro para compor a chapa - Itamar Franco vem sendo bastante lembrado.
Portanto, Minas Gerais curiosamente poderá voltar a ser central na política brasileira sem ter um candidato do estado à presidência da República. Acompanhar de perto o cenário da eleição estadual mineira desta vez será central para quem quiser entender por onde vai a disputa nacional...
Luiz Antonio, é a primeira vez que vejo seu blog. Então, vamos ao comentário.
ResponderExcluirA situação é a seguinte: as chances de Hélio sair com o apoio de Aécio são praticamente nulas neste momento. Digo isso pois trabalho com jornalismo político aqui em Minas Gerais.
Concordo que as eleições erão decididas aqui. Mas, esteja certo de que Itamar não fará questão de ser vice de Serra, já que a desavença deles permanece até hoje (questão alimentada na era FHC).
Penso que Aécio aguardará o enfraquecimento de Serra para votar para o cenário presidencial, e, caso isso não ocorra, fará como fez com Alckmin: dará "apoio" a Serra, mas sairá nos jornais com Ciro.
Por fim, te convido a conhecer o Ocê no Samba, mídia especializada em que sou repórter, e o Caleidoscópio, blogs que trata diversos assuntos, dentre eles a política. Os links são:
http://www.ocenosamba.com.br
http://caleidoscopiodigital.wordpress.com
Abraços e volto aqui mais vezes.
O front paulista
ResponderExcluir(publicado na revista Caros Amigos, em setembro de 2009)
Houve uma fase do governo Lula em que a imprensa dedicou especial atenção às supostas pretensões hegemônicas do presidente. A polêmica, depois monopolizada pelo fantasma do terceiro mandato, escondia um temor inconfesso: alijada do poder federal, a oposição entraria em processo de decadência irrecuperável caso perdesse também seus predomínios regionais. Muito esforço midiático e financeiro foi mobilizado para impedir essa catástrofe em 2006, e logo será retomado.
São Paulo é o núcleo irradiador da resistência oposicionista. As gestões de José Serra e Gilberto Kassab destacam-se das heterogeneidades estaduais pela coerência de suas alianças e pela importância estratégica das imensas estruturas que administram. Elas abrigam fundadores e ideólogos do PSDB, membros dos escalões superiores dos governos FHC, próceres do conservadorismo religioso e das maiores fortunas industriais, bancárias e imobiliárias do país.
Sem essa base operacional, PSDB, DEM (PFL), parte do PMDB, PPS e demais agregados perderiam a identidade, a coesão e os alicerces materiais imprescindíveis num projeto de poder em âmbito nacional. O inevitável vácuo de liderança afetaria as representações parlamentares da coligação paulista, dispersando-a em aglomerados coadjuvantes e rivais entre si.
Serra só será candidato a presidente se a sucessão estadual estiver garantida para algum apadrinhado. Uma reeleição quase certa é preferível ao risco de perder em duas frentes; e ele conhece a fragilidade das próprias alternativas no pleito local. Por outro lado, a falta de adversários competitivos em São Paulo proporciona ao governador uma vantagem estratégica importantíssima no embate com Dilma Rousseff.
Eis por que a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes será decisiva para a campanha presidencial de 2010. A opção Ciro Gomes é menos absurda do que parece.
A eleição vai ser decidida na campanha. E o discurso da Dilma será fácil e de grande credibilidade: vai continuar como está. Além disso, vai ficar comparando Lula com FHC, o que será covardia. Qual será o discurso de Serra? Vai renegar FHC? Vai mostrar o seu grande governo em SP? Depois de Arruda, o moralismo udenista se esvaziou. Sobrou o quê?
ResponderExcluirMeu palpite: acho que Dilma ganha no primeiro turno. Às apostas!
Vou por partes. No RS, no frigir dos ovos Yeda submergirá e todo o aparato tucano-midiático irá de Fogaça ainda no 1º turno. Serra deve vencer por pequena margem. Em SP todos dão como favas contadas uma lavada de Serra. Deve ganhar mesmo, mas vai ser mais apertado do q outros anos, pois o desastre Kassab mais a região metropolitana vão equilibrar o jogo com o interior majoritariamente anti-PT. Rio ainda tá tudo confuso, tem q se esperar a definição do Gabeira, mas Dilma deve levar com uma razoável vantagem. Minas vai ser crucial, mas não se deve esquecer o Paraná, q tem um eleitorado de porte médio e já deu elásticas derrotas ao PT. Os rumos do PT local (dividido entre o PDT - co-líder nas pesquisas junto com os dois pré-candidatos tucanos - e o apoio ao lanterna PMDB) e o grau de engajamento de Requião vão definir por lá. Voltando a MG, a parte nordestina do estado registra forte apoio a Lula e Dilma deve ter lá mais ou menos os mesmos índices q vai angariar no Norte-Nordeste. Capital e sul de MG vão ser condicionados pela disputa local e o grau de engajamento de Aecio. Chuto q na hora H Helio Costa vira vice de Dilma, Pimentel vai ser o candidato a governador e Patrus a senador. E Ciro governador SP. Chutomêtro dos votos válidos 1º turno:
ResponderExcluirDilma (SP 32; RJ 60; MG 60; RS 44; PR 35; N/NO 63)
Serra (SP 58; RJ 25; MG 35; RS 46; PR 57; N/NO 32)
Marina(SP 10; RJ 15; MG 5; RS 10; PR 8; N/NO 5)